Há um grande problema por trás da ausência de Xavier nos relacionados contra o Peñarol
Opinião de Ana Paula Araújo
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O ponto-chave para ausência de Xavier dentre os relacionados para o duelo contra o Peñarol, não é saber somente sobre o agora, é entender o porquê dois dos mais recentes treinadores do Corinthians já preteriram o garoto de seus planos.
Para quem não se lembra, o volante também desapareceu quando Dyego Coelho ainda comandava o Timão.
Na temporada passada, Xavier fez sua estreia quando o Corinthians ainda era comandado pelo interino. Foi na vitória por 3 a 2 sobre o Bahia. Na ocasião, o garoto foi elogiado tanto pela torcida, quanto pela mídia especializada.
Grato pela oportunidade, Xavier pediu a palavra no vestiário e fez um discurso emocionado.
"Rapazeada, quero agradecer. É um sonho enorme isso que aconteceu aqui hoje. Vim de uma cidade pequena e poucos sabem, mas eu sempre fui corinthiano. Sempre tive a vontade de estar aqui. Olhava vocês na televisão e imaginava que eu ia conseguir realizar esse sonho. Graças a Deus, vocês, Coelho e diretoria, eu consegui", concluiu.
O menino agradou tanto que foi o terceiro melhor jogador da partida, segundo os leitores do Meu Timão, ficando atrás apenas de Otero e Roni, autores de dois, dos três gols corinthianos.
Depois desse jogo, o garoto foi titular em mais um embate e, em seguida, amargou quatro partidas no banco. Só foi entrar novamente dentro das quatro linhas com a chegada de Vagner Mancini.
Com Coelho, Xavier afirmou desconhecer o motivo que o fez ser preterido.
"Ali não foi explicado porque o jogador tem que entender a opção do treinador sempre. Não foi explicado quando me colocou e não explicou quando me tirou. Opção dele", afirmou.
Inclusive, o próprio Coelho foi questionado sobre o motivo do sumiço de Xavier, mas se recusou a responder.
Agora, eis que Vagner Macini sequer relaciona o garoto.
Pegando esse gancho do novo sumiço de Xavier, vou mostrar que não é só com a base que isso acontece no Corinthians. Onde está Ángelo Araos?
Um dos grandes investimentos do Corinthians, o chileno, Ángelo Araos, também é outro que "virou pó". Não foi relacionado para enfrentar o Peñarol e não entra em campo realmente há algum tempo.
Pelo Campeonato Paulista, Araos "jogou" apenas em três, dos últimos dez jogos.
Corinthians x Bragantino | No banco |
Corinthians x Palmeiras | No banco |
Corinthians x Ponte Preta | Entrou 2 minutos |
Corinthians x São Caetano | No banco |
Corinthians x Mirassol | Seleção |
Corinthians x Guarani | Não relacionado |
Corinthians x Ferroviária | Entrou 5 minutos |
Corinthians x São Bento | No banco |
Corinthians x Ituano | Entrou 1 minuto |
Corinthians x Santos | No banco |
São 900 minutos no total e o chileno atuou apenas oito. Nem 1% do tempo disputado.
Se pegarmos agora o Ramiro, vemos que ele tem muito mais oportunidades. São seis jogos atuando nos últimos dez, pelo Paulistão.
Corinthians x Bragantino | Titular os 90 minutos |
Corinthians x Palmeiras | Não foi relacionado |
Corinthians x Ponte Preta | Não foi relacionado |
Corinthians x São Caetano | Não foi relacionado |
Corinthians x Mirassol | Titular 77 minutos |
Corinthians x Guarani | Titular 45 minutos |
Corinthians x Ferroviária | Titular 12 minutos |
Corinthians x São Bento | No banco |
Corinthians x Ituano | Titular 1 minuto |
Corinthians x Santos | Titular 90 minutos |
Dos 900 minutos, Ramiro esteve em campo em 315. Isso corresponde a 35% do tempo jogado.
Mas a questão aqui não é jogador A x jogador B ou quem tem realmente qualidade. É algo muito maior que apenas uma mera e saudável disputa por posição. O que acontece é que há muito mais tolerância para alguns atletas do que para outros e isso acaba queimando jogadores.
Araos e Xavier não estão prontos, na minha opinião, mas se deixarem de ter chances, nunca estarão ou nunca serão vendidos por valores minimamente decentes e que possam repor, pelo menos em parte, o que o Corinthians investiu.
O Corinthians compra jogadores onerosos — como foi com o chileno — e aposta na base — exemplo de Xavier — mas é péssimo em trabalhar as situações e recuperar ativos.
Ángelo Araos é escancaradamente o maior exemplo atual de desperdício de dinheiro e sequer há a esperança de que gere algum retorno. Até hoje não mostrou a que veio, é bem verdade, mas em uma equipe em construção que, claramente, não vai contratar para a temporada, não faz sentido não utilizar jogadores com potencial.
Araos é jogador da seleção chilena. Por lá, é, no mínimo, tido como talentoso. No Corinthians, é subutilizado.
E, antes que alguém questione, eu não estou defendo o atleta. Acho que ele não valeu o investimento, mas o Ramiro também não.
Lembrando que, os jogadores aqui expostos são só exemplos de situações corriqueiras no Corinthians. O Timão não faz o mínimo esforço para recuperar seus jogadores, mesmo que só para vender melhor no futuro.
Pato, Luan, Araos e talentos da nossa base vendidos a preço de banana são verdadeiros manuais de desperdício de dinheiro.
Respondendo a questão sobre o motivo por trás do sumiço de jovens jogadores do elenco corinthiano, eu digo que esse não é um defeito só do Mancini ou do Coelho. É algo crônico. Está enraizado no clube.
O que acontece com Xavier, que some sem uma explicação, e Araos, que entra um minuto e fica várias partidas fora, é rotina.
O Corinthians precisa, urgentemente, utilizar melhor o plantel que tem disponível e parar de queimar atletas, sejam eles da base ou vindos de outros clubes.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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