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O que o Corinthians perde com a Copa América no Brasil
Jorge Freitas

Colunista esportivo do portal 'No Ângulo', este internacionalista é mais um louco do bando e busca analisar o Timão com comprometimento com a realidade e as necessidades do maior clube do planeta.

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O que o Corinthians perde com a Copa América no Brasil

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O que o Corinthians perde com a Copa América no Brasil

Corinthians estará disputando o Brasileirão enquanto Copa América acontece no Brasil

Foto: Rodrigo Coca/Agência Corinthians

Não teve jeito. A Copa América mais criticada de todos os tempos começa hoje com Brasil e Venezuela, às 18h, em Brasília, e se estenderá até o dia 10 de julho, quando se realizará a final no estádio do Maracanã, no Rio de Janeiro.

Mas o que o Corinthians tem a ver com isso se sequer tem jogadores convocados nem cederá seu estádio para jogos da competição?

Cercada de muito interesse político e financeiro, a competição escancara o abismo em que os clubes se meteram e se sujeitam diariamente em prol de uma seleção que há muito tempo deixou de ser do povo para se tornar patrimônio de um grupo particular, com interesses bastante contestáveis, cujo objetivo é, exclusivamente, poder político e econômico.

A começar pelo absurdo de se ter uma competição de seleções simultaneamente ao principal campeonato de clubes do país. É inegável o quanto visibilidade é fundamental para atrair patrocinadores e, por pelo menos 30 dias, as atrações estarão divididas entre um torneio de seleção e um de clubes no mesmo país (sem falar da Eurocopa, este sim o torneio que vale a pena assistir).

Sabemos que nosso Brasileirão está longe do primor técnico e que os jogos estão cada vez mais sonolentos e chatos de acompanhar. Tê-lo ao mesmo tempo com competições europeias já é um desastre, afinal, é notável a diferença de quando assistimos a um jogo da Champions League para um jogo do nosso time. Provavelmente, só mesmo a paixão nos mantém firmes por aqui.

No entanto, dividir uma competição no mesmo país, com a própria seleção, que retira jogadores de seus times é a maior prova de que, no Brasil, a CBF manda e os clubes obedecem, de uma maneira absurdamente submissa.

Embora pareça que o Corinthians não terá prejuízos, já que não cederá jogadores à competição, na prática as coisas funcionam de uma maneira bem diferente, pois com a Copa América, a tendência é, por exemplo, que o time tenha menos tempo de TV e de espaço nas mídias sociais gerais.

O pior de tudo isso é ver a conivência da cartolagem, que não ousa desafiar a CBF em busca de uma valorização do futebol de clubes no país. Defende-se primeiro as federações dos estados com o falso álibi de proteção aos clubes pequenos, sendo que a realidade é a manutenção de privilégios não somente dos que comandam as federações estaduais, mas também dos que chefiam a CBF, já que aqueles possuem poder decisório importante na eleição do presidente da confederação.

O único clube a tentar a paralisação da competição nacional é o Flamengo, muito por uma questão egoísta de perda de jogadores do que insubordinação à Confederação Brasileira de Futebol.

Aliás, mesmo que fosse realizada na Colômbia e na Argentina, todo prejuízo existiria de maneira muito parecida, com a diferença de que uma competição em território nacional sempre chama, naturalmente, mais atenção (vide Copa 2014).

Enquanto a CBF e federações estaduais nadam de braçada financeiramente, os clubes sofrem cada dia mais para pagar suas contas. Não há projeção internacional, já que o calendário não permite excursões na Europa, por exemplo. No entanto, a Seleção pode, tranquilamente, retirar jogadores de seus times para enfrentar um adversário da Ásia ou da África na Inglaterra.

É um absurdo ver como os clubes se calam e aceitam esse tipo de comportamento. Nem mesmo no mais recente escândalo da entidade, envolvendo seu (ex-) presidente afastado, falou-se de uma mobilização para, enfim, se fortalecerem e assumirem o controle do futebol brasileiro.

Prepare-se para ver menos sobre seu time no próximo mês. Aliás, se pouco se fala do futebol brasileiro na Europa, muito menos se terá para falar a partir de agora. Ou você acha que por lá eles conseguem imaginar que enquanto há uma competição de seleção, também há clubes jogando futebol pelo país?

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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