Cauê e Mantuan sofrem de males opostos
Opinião de Luis Fabiani
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A base do Corinthians é boa, o que não necessariamente significa que forma craque atrás de craque. É importante sempre ressaltar que ela, majoritariamente, serve para formar coadjuvantes ao elenco profissional. Nem um gênio, como Neymar, quando subiu em 2009, conseguiu o rótulo de protagonista tão cedo, já que viria a estourar de fato um ano depois, em 2010. Dentro do papel de suprir algumas lacunas do elenco, seja com titulares ou reservas, e se bem utilizado, vejo que o Terrão seguirá sendo útil ao Corinthians por bastante tempo.
E essa perspectiva que citei acima influi bastante na avaliação dos jogadores que sobem da base. Desde o início da trajetória profissional, cobra-se que desequilibrem partidas, como os mesmos faziam nas categorias inferiores, o que raramente irá acontecer. E a frustração ao ver a oscilação técnica dos jovens se transforma em uma cobrança descabida por atuações espetaculares.
No Corinthians, especificamente, vejo dois jogadores sendo mal avaliados pela torcida nas redes sociais. Cauê, pelas atuações espetaculares na base, subiu ao time de cima com a obrigação de se tornar absoluto em uma posição carente do maior clube do Brasil. E como já era esperado, oscilou tecnicamente e teve alguns maus momentos em campo. Bastaram três jogos como titular para que alguns tirassem todas as conclusões possíveis sobre o potencial do garoto. E isso que estamos falando de, talvez, o melhor atacante de times sub-20 do Brasil em 2020.
Por outro lado, um caso oposto, também de avaliação precoce, é o de Mantuan. Esse sim, que surpreendentemente, subiu para o time profissional e "vestiu a camisa" logo de cara. As boas atuações que teve, sobretudo contra Vasco e Flamengo, foram suficientes para que até hoje, no sétimo mês afastado do atacante, alguns torcedores cravem sua titularidade imediata no retorno. Despreza-se a possibilidade de uma oscilação, que com certeza virá a acontecer, já que o Mantuan ainda vive um período de adaptação ao futebol profissional. E uma sequência natural de dois ou três jogos ruins podem servir como munição para um novo julgamento precoce de alguns, que o colocariam como mau jogador.
E por mais que pareça clichê, principalmente para quem lê outros textos meus (desculpa, rs), o sucesso da base requer paciência e margem para errar. Nem tão ao céu como Mantuan, nem tão ao inferno como Cauê
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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