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A primeira grande invasão da Fiel
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Celso Dario Unzelte, jornalista e pesquisador, é comentarista das televisões por assinatura ESPN/ESPN Brasil, do programa Cartão Verde (TV Cultura) e professor de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero

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A primeira grande invasão da Fiel

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A primeira grande invasão da Fiel

4 de janeiro de 1931: milhares de corinthianos invadem a Vila Belmiro para ver o Timão ser tricampeão paulista

Foto: Reprodução / Arquivo Celso Unzelte

Antes que essa coluna entre em férias, o Clóvis de Almeida Matos, de Colíder (MT), pergunta sobre aquela que é considerada a primeira grande invasão da Fiel, no jogo que decidiu o Campeonato Paulista de 1930, na Vila Belmiro, em Santos.

Desejamos a todos um feliz Natal e ótimo ano novo. A partir de fevereiro, nós vamos continuar esclarecendo as dúvidas dos internautas do site Meu Timão sobre história, estatísticas ou qualquer outro tipo de curiosidade ligada ao Corinthians, como essa. A base para as respostas será sempre o Almanaque do Timão, trabalho que desenvolvo há mais de 20 anos sobre todos os jogos, jogadores e técnicos do nosso time desde 1910. Ele virou livro em 2000, foi reeditado em 2005 e agora existe na forma do APLICATIVO ALMANAQUE DO TIMÃO, para smartphones e tablets, que pode ser baixado (de graça!!!) via Apple Store ou Google Play. Nos dias (e noites) de jogos, esse aplicativo oficial do Corinthians continua sendo atualizado online.

O APLICATIVO ALMANAQUE DO TIMÃO também traz o GAME DO TIMÃO, uma plataforma de questões de múltipla escolha em que acertos e velocidade de resposta somarão pontos para um ranking geral de usuários cadastrados. Os mais bem ranqueados receberão prêmios periódicos (semanais, mensais, semestrais e anual), como réplicas de camisas antigas, camisas oficiais, camisetas, relógios, bijuterias, bonés e livros, além de visitas acompanhadas ao Memorial do Clube, no Parque São Jorge, e até ingressos de cortesia para jogos na Arena Corinthians.

CELSO UNZELTE

Ô, Celso, você pode falar sobre a invasão corinthiana na Vila Belmiro, em 1930? Eu li alguma coisa dizendo que muitos corinthianos morreram contaminados por algum tipo de vírus e que teriam sidos contaminados nos vagões dos trens utilizados no deslocamento.

Clóvis de Almeida Matos
Colíder, MT
@clovis.matos

Aquela é considerada a primeira das muitas invasões promovidas pela torcida do Corinthians, como a do Maracanã em 1976 e a do Japão em 2012.

Era a última rodada do Campeonato Paulista de 1930, disputada já no dia 4 de janeiro do ano seguinte, 1931. Para garantir o tricampeonato, o Timão, bi em 1928/29, tinha que vencer o Santos na Vila Belmiro. O adversário precisava ganhar para provocar um jogo extra contra o próprio Corinthians.

Em 1979, o hoje falecido Francisco Picciochi, mais conhecido como “Tan-Tan”, ex-atleta do clube e um dos líderes da então Torcida Uniformizada do Corinthians, deu o seguinte depoimento sobre aquela invasão, publicado em um especial da revista Placar, da Editora Abril, sobre a história do Corinthians:

“Guardadas as proporções, essa euforia de hoje é até brincadeira perto do que fizemos naquele domingo. Não existiam estradas boas, carro não era coisa para qualquer um, o dinheiro andava curto e ninguém fazia campanhas por rádio. Era tudo no peito e na raça, e lotamos oito composições do trem que saía da Estação da Luz e do Brás. Cada uma das composições levava dez vagões e não tinha espaço para mais ninguém. O preço da passagem era três mil-réis, ida e volta, e fazia um calor dos diabos. Coisa de 40 graus. As arquibancadas eram de madeira e estalavam como gravetos no fogo. Os bombeiros precisavam jogar muita água na torcida e na madeira, para que muita gente não morresse de insolação ou queimada em um grande incêndio. O Santos marcou primeiro [Feitiço, logo aos dois minutos], a torcida começou a gritar e o primeiro tempo terminou 2 a 1 [Gambinha, aos 20, e Filó, aos 27, para o Corinthians]. No segundo fizemos mais três [De Maria aos 14, Gambinha aos 16 e Napoli aos 27] e eles um [Victor aos 35]. Com 5 a 2, invadimos o campo e a festa começou lá mesmo, terminando em São Paulo, já no dia seguinte. Pegamos o trem de volta e muitos torcedores vieram em cima dos vagões, sem camisa e cantando. A Estação da Luz estava abarrotada de gente com rojões e bandeirolas. Acho que tinha mais gente do que tinha no aeroporto de Congonhas depois daquela decisão contra o Fluminense, no Rio de Janeiro, em 1976. A festa durou muitas horas e eu sei que muitos daqueles torcedores que voltaram em cima do trem morreram de pneumonia e de tuberculose, vítimas do vento e do calor das máquinas”.

Naquele domingo, 4 de janeiro de 1931, o Corinthians foi tricampeão paulista pela segunda das três vezes em sua história jogando com Tuffy, Grané e Del Debbio; Leone, Guimarães e Munhoz; Filó, Napoli, Gambinha, Rato e De Maria. O técnico era Virgílio Montarini. O Santos jogou com Athiê (futuro presidente santista durante quase toda a Era Pelé), Aristides e Meira; Osvaldo, Hugo e Alfredo; Omar, Camarão, Feitiço, Victor e Evangelista. O técnico era Ramón Platero. O árbitro foi Victorino Silvestre.

Veja mais em: Torcida do Corinthians e História do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Celso Dario Unzelte

Por Celso Dario Unzelte

Celso Dario Unzelte, jornalista e pesquisador, é comentarista das televisões por assinatura ESPN/ESPN Brasil, do programa Cartão Verde (TV Cultura) e professor de Jornalismo na Faculdade Cásper Líbero

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