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A triste história dos estrangeiros no Corinthians
Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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A triste história dos estrangeiros no Corinthians

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A triste história dos estrangeiros no Corinthians

Balbuena e Romero deixaram o Corinthians com problemas com a torcida

Foto: Daniel Augusto Jr./Ag. Corinthians

Nenhum jogador estrangeiro saiu bem do Corinthians. Esta frase provavelmente vai incomodar muitos que tentarão lembrar de nomes como Freddy Rincón, Carlos Gamarra e até Carlitos Tévez, mas não se trata de opinião e sim de fatos, que inclui também esses casos e outros que porventura tentem se apresentar como contestação.

Pra começar a argumentação, vale repetir a frase: nenhum jogador estrangeiro saiu bem do Corinthians. Não estou dizendo que não houve jogadores estrangeiros que se deram bem e que inclusive viraram ídolos. O que eu afirmo é que inclusive aqueles que deram certo tiveram que enfrentar problemas durante ou no final de suas passagens pelo clube.

Eu percebi essa situação quando estava assistindo a um jogo do West Ham pela Premier League, e estava em campo o zagueiro paraguaio Fabián Balbuena, que agora parece querer voltar ao Timão, mas cuja saída foi meio forçada pela atitude do empresário quando surgiu a primeira chance de ele ir pra Europa. Claro, quando eu digo que nem todos saíram bem não significa que a culpa é sempre do clube, embora seja em grande parte, talvez na maioria das vezes.

Mas o que me chamou a atenção pro problema naquele jogo não foi a presença do Balbuena. Eu estava vendo o jogo pela ESPN Sur, e o comentarista era o nosso ex-zagueiro Sebá Domínguez – que, aliás, é um excelente comentarista. O narrador inclusive brincou com ele dizendo “é zagueiro e jogou pelo ‘Timáum’, como você”, ao que Sebá respondeu de forma meio lacônica, um simples “pois é”, seguido de um silêncio revelador. O narrador não deixou por menos: “ao parecer, não ficaram muitas boas lembranças da sua passagem pelo Corinthians”, ao que ele respondeu “é… teve problemas, mas teve coisas boas também, como na maioria dos clubes”.

Todo mundo sabe quais são os problemas que o trio argentino de 2005 teve em sua passagem pelo Corinthians, mas aquele diálogo deixou claro, pra mim, que aquele episódio ainda estava vivo na memória do cara. Provavelmente também deixou marcas em Javier Mascherano e Carlitos Tévez, apesar de o segundo querer um jogo despedida com a camiseta do Corinthians – e, se tivesse que apostar, diria que não vai ter.

Cada um pode ter a opinião que quiser de cada episódio, mas a minha pessoal é que houve uma certa xenofobia forçada pra expulsar o trio argentino do Corinthians, comandada por um dos maiores canalhas que passaram pelo Parque São Jorge – que sabotou aquele time, quando era técnico, e sabotou o time da Democracia Corinthiana, quando era jogador.

Mas não foram os únicos estrangeiros que tiveram problemas. Se começamos pelos casos mais recentes, lembraremos do peruano Paolo Guerrero e o paraguaio Ángel Romero, ambos chegaram a ser ídolos e foram os primeiros artilheiros da Arena Corinthians, mas acabaram saindo pela porta dos fundos e sendo chamados de mercenários.

Se voltamos mais no passado, temos exemplos como o do colombiano Freddy Rincón, capitão do nosso primeiro Mundial de Clubes, que colecionou brigas com Marcelinho e Ricardinho, e saiu do clube se dizendo menosprezado. Já o xerifão Carlos Gamarra, teve saída não muito diferente da de Balbuena, com parte da torcida achando que ele era mercenário – quando ele saiu, acho que essa parte era pequena, mas quando ele voltou ao Brasil jogando pelo Palmeiras, ficou bastante grande.

Até mesmo o atacante argentino Germán Herrera – querido por muitos devido ao seu exemplo de raça dentro de campo durante um dos períodos mais tristes da história do clube – chegou a ser uma unanimidade e saiu meio que sem pena nem glória, sendo esquecido por muitos torcedores hoje em dia. E nem vou falar dos outros muitos casos de jogadores que não fizeram muitos méritos, ou dos que foram completos desastres, como o goleiro chileno Johnny Herrera e o meia Matías Defederico, que chegou ao Timão com cartaz de “novo Messi” e saiu como símbolo do que é um negócio mal feito.

Mas o fato é que todos esses casos, independente de quem estava certo ou errado em cada um deles, ficaram marcados na história do clube e são conhecidos também pelas pessoas que vivem o mundo do futebol. Na atualidade, quando os clubes brasileiros se abrem cada vez mais a jogadores e treinadores estrangeiros, o Corinthians também deve se aproveitar dessas possibilidades, mas tem uma barreira importante na hora de contratar jogadores de peso que conhecem casos de grandes atletas que passaram por aqui no passado.

Ou vocês acham que quando um Cavani ou um Suárez recebem uma proposta do Corinthians não tem um assessor que lembra que foi o clube por onde passaram Tévez, Mascherano, Sebá, Guerrero e outros, e que todos eles saíram do clube com problemas?

Sim, eles sabem disso, e talvez a melhor coisa no caso de o Corinthians conseguir contratar um cara desses é a possibilidade de mudar essa imagem. Claro que é uma faca de dois gumes, já que também existe a chance de piorar essa situação, se o cara não dar certo e a relação terminar da mesma forma ruim como as dos casos já mencionados.

Nesse sentido, o comando do português Vítor Pereira também é uma nova oportunidade, já que é uma nova experiência com um treinador estrangeiro depois do fracasso de Daniel Passarella. E o axioma aqui é o mesmo que com os jogadores: se ele for bem, isso servirá para abrir muitas portas, mas se for mal, fortalecerá a imagem de um clube hostil para não brasileiros.

Veja mais em: Vítor Pereira e História do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Victor Farinelli

Victor Farinelli é um jornalista brasileiro e corinthiano residente no Chile, colabora como correspondente de meios brasileiros como Opera Mundi, Carta Capital, Revista Fórum e Carta Maior.

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