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A trágica morte do jogador que criou um elo eterno entre Corinthians e América-MG

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William Morais disputou a Copa São Paulo em 2010 e se integrou ao elenco no segundo semestre

William Morais disputou a Copa São Paulo em 2010 e se integrou ao elenco no segundo semestre

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O meia William Morais é um elo trágico entre Corinthians e América-MG, dois times que se enfrentam na noite desta quarta-feira, pela ida das oitavas de final da Copa do Brasil. Promissor cria das categorias de base do Timão, ele acabou assassinado quando estava emprestado ao time mineiro, quase uma década atrás.

Em 6 de fevereiro de 2011, já na madrugada de um domingo em Belo Horizonte, o promissor armador emprestado para ganhar experiência na equipe mineira deixava uma casa noturna na região da Pampulha. O time folgava na rodada do final de semana e ele aproveitara a folga para conhecer uma "balada" famosa naquela que seria sua cidade pelo ano.

William foi abordado por três assaltantes que queriam seu cordão de ouro, teria corrido e foi alvejado com um tiro no peito, morrendo na hora. A notícia não demorou a correr, ainda que sem a rapidez das redes sociais de hoje em dia, e logo chegou ao elenco corinthiano, concentrado para um Dérbi da primeira fase do Paulista.

William Morais, segundo da direita à esquerda na barreira, conviveu com estrelas como Ronaldo e Roberto Carlos no Corinthians de 2010

William Morais, segundo da direita à esquerda na barreira, conviveu com estrelas como Ronaldo e Roberto Carlos no Corinthians de 2010

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

O jogo é até hoje famoso por ter sido vencido com gol do lateral-direito Alessandro, grande atuação de Júlio César no gol e fundamental para a permanência do técnico Tite na permanência do cargo. A equipe, que dias antes havia sido eliminada da Pré-Libertadores pelo Tolima, entrou em campo de luto e também jogou pelo então jovem de 19 anos.

"É uma tristeza muito grande, era um grande amigo", disse Júlio ao final do clássico. William estava no que poderia se chamar de um estágio final antes de se firmar no profissional do Corinthians, já que havia ido bem na Copinha, começado bem no time de cima e precisava só de mais experiência. Quem diz isso é Tite, técnico do clube na época.

"Ele tinha sido emprestado para ganhar mais experiência, mas era um atleta de muito talento e tínhamos planos para o retorno dele. Só tenho a desejar muita paz neste momento para a família", falou o técnico ao chegar no velório do atleta, realizado no dia seguinte, em Osasco, na Grande São Paulo.

William Morais, à direita, sem camisa, em roda que tinha Fábio Carille, à esquerda, e Tite

William Morais, à direita, sem camisa, em roda que tinha Fábio Carille, à esq, Tite, ao centro, e o então vice-presidente de futebol, Mário Gobbi

Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Alto e dono de boa técnica, William era visto com biotipo para atuar rapidamente no futebol europeu. A ideia de tê-lo em um clube que disputaria a Série A foi executada com diversos jovens da história corinthiana, de Casagrande a Guilherme Arana. A tragédia, no entanto, impediu essa continuidade.

Ele tinha contrato até junho de 2013 com o Timão, que arcou com os compromissos até o encerramento do vínculo. Depois, em 2017, ainda ficou decidido na Justiça que o América-MG devia pagar R$ 500 mil para o clube do Parque São Jorge por causa da inexistência de um seguro de vida para o atleta no momento da sua morte.

Em tempo: Darisson Carlos Ferraz da Silva, Hebert Lopes dos Santos e Daivisson Carlos Basílio Moreira, os três envolvidos na morte do atleta, foram condenados cada um a cerca de 20 anos de prisão, em sentença confirmada em 2012.

O Meu Timão colheu depoimentos de pessoas que conviveram com William Morais nos tempos de Corinthians. Veja abaixo:

Fábio Carille, auxiliar da equipe e interino em 2010

"William Morais trabalhou no ano de 2010 no profissional do Corinthians, inclusive um dos jogos que eu dirigi, contra o Guarani, em Campinas, eu coloco ele em campo. Tinha muito potencial e, em 2011, resolvemos emprestá-lo porque tinha muitos jogadores da posição. Danilo, depois chegou Alex", relembrou o hoje treinador do Al Ittihad, da Arábia Saudita.

"Quando recebemos a notícia, o Corinthians logo nos informou. Claro que foi muita tristeza, por ser um jovem, por ter convivido conosco, fiz questão de ir com o Tite no velório lá em Osasco. Agora é só lamentar a perda desse menino que poderia ter um futuro muito interessante dentro do futebol", concluiu Carille.

Júlio César, goleiro do Corinthians em 2010

"Era um cara quieto, trabalhador, ficava na dele. Era muito novo, mas era muito promissor", recordou o jogador, antes de contar como foi o momento em que, concentrado para encarar o Palmeiras, o grupo recebeu a notícia.

"Eu estava na concentração, ia ter uma luta do Vitor Belfort com o Anderson Silva, quando o Dentinho comentou que estava rolando esse boato. A gente ficou tentando não acreditar, mas aí acabou se confirmando. Foi um baque, difícil de dormir a noite, era um cara que estava próximo da gente. Momento triste, menino promissor que infelizmente acabou perdendo a vida. Fui no velório para tentar confortar os pais, a família, infelizmente uma tragédia dessa tirou o futuro de um grande jogador", relembrou o arqueiro.

William "Capita", zagueiro do Corinthians em 2010

"Falar do William Morais é um assunto que sempre me causa tristeza por causa da tragédia que se abateu sobre toda a família. Mas vou me ater sobre as coisas boas", começou o ex-zagueiro, que é o motivo de o meia, conhecido como William na base do Timão, ter adicionado o Morais ao nome quando subiu ao profissional.

"Até pelo mesmo nome e certa semelhança física, acabamos tendo uma amizade muito boa. Busquei passar meus conhecimentos para os mais jovens e, no caso dele, acabamos convivendo muito porque, assim como eu, ele também tinha dificuldade com a perna esquerda. Então ficávamos treinando essa perna não dominante."

William já havia se aposentado quando a tragédia aconteceu, mas retornou ao Corinthians pouco depois do ocorrido para ser dirigente. Por isso, conviveu com os familiares na tentativa de amenizar a dor pela perda do atleta.

"Ele sempre foi muito solícito e determinado a evoluir. Me encontrei com a mãe dele, que foi conversar conosco no CT, Corinthians deu total suporte. A família não podia arcar com muitas coisas, fizemos de tudo que era possível e permitido dentro do estatuto para ampará-los dentro daquele momento de dificuldade. Foi essa a minha relação, uma perda muito precoce, perdemos uma pessoa boa, jovem atleta. Mas que eu tenho certeza que está bem onde quer que esteja, não desejava mal a ninguém. Torço para que a família esteja bem", concluiu.

Veja mais em: Base do Corinthians.

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