Economista expõe razões para dívidas de curto prazo serem maior preocupação do Corinthians
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Por Marcelo Contreras e Rodrigo Vessoni
O último balanço financeiro divulgado pelo Corinthians revelou que a dívida total do clube alcançou os R$ 956,9 milhões ao final de 2020, e que o ano terminou com um déficit de R$ 123,3 milhões. Esse valor quase bilionário, porém, pode ser fracionado em diferentes dívidas, de longo e curto prazo.
Em live na última sexta-feira no canal do YouTube do Meu Timão, o economista Cesar Grafietti, especialista em Banking e Gestão & Finanças do Esporte, explicou os motivos pelos quais o montante devido pelo Timão a curto prazo é o mais preocupante - confira o papo da íntegra clicando aqui.
"A gente tem que sempre lembrar que o número da dívida tem que ser comparado à alguma coisa. É melhor dever um milhão ganhando R$ 10 milhões do que dever mil ganhando dois mil. O Corinthians deve pouco mais de duas vezes a sua receita. Isso é muito. O que mais incomoda é a dívida de curto prazo. As de longo prazo, em geral, são parceladas, de 10 até 15 anos. O problema do clube está em valores de salários, que acabam sempre sendo pagos em 60 a 90 dias, com atraso. Também, as dívidas com fornecedores e outros clubes e agentes, fruto de contratações", afirmou Cesar.
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De 2017 a 2020, há um aumento de mais que o dobro dos valores das dívidas corinthianas. Por outro lado, as receitas do clube não vem seguindo o mesmo ritmo. Em 2017, por exemplo, o clube teve uma receita de R$ 366 milhões, enquanto em 2020 o total foi de R$ 389 milhões. Mesmo assim, no ano passado, o Corinthians investiu R$ 82 milhões de reais em contratações de atletas.
"Quando o clube não paga salário, ele consegue pagar direitos de imagem e empurrar com a barriga. Mas quando não se paga outros clubes, principalmente do exterior, ele pode ser acionado pela FIFA. Já vimos isso com o Vasco, Cruzeiro, Santos. E esses pagamentos fazem com que o clube não possa contratar. É difícil de tratar. O Corinthians tem mais de R$ 300 milhões só com agentes, fornecedores e outros clubes. Isso é difícil de negociar. Seria o primeiro trabalho de reconstrução que precisam fazer", completou o economista.
Os processos trabalhistas não são novidade para o clube do Parque São Jorge. Só nessa semana, quatro diferentes cobranças foram noticiadas pelo Meu Timão: o clube é cobrado em situações envolvendo o meia Guilherme, o volante Jucilei e os atacantes Romero e Jonathas - essa última, inclusive, gerou bloqueios judiciais às contas corinthianas. Apesar da situação delicada, Cesar Grafietti projetou um cenário mais otimista.
"Com o que o Corinthians já tem hoje, e com alguma organização, em um período de três a quatro anos é razoável que comece a se pensar em voltar a operar de maneira mais estruturada", avaliou.
"Não tem milagre, se não se organizar, vai arrastar por muito mais tempo. Mas o engajamento do torcedor, volta do público aos estádios, acho que será importante. A comunicação entre clube e torcedores ajuda. Transparência, mostrar resultados, balanços. Isso é fundamental nesse momento de passagem", concluiu Cesar.