A Justiça do Trabalho condenou o Corinthians, em primeira instância, a indenizar o atacante Luidy que, entre janeiro de 2017 e dezembro de 2020, ficou sob contrato com o clube - ação foi ajuizada em fevereiro. O jogador nunca entrou em campo durante os quatro anos de vínculo.

O portal Meu Timão teve acesso ao processo ajuizado pelo advogado de Luidy, que cobra salários pendentes, não pagamento de férias, Fundo de Garantia do Tempo de Serviço (FGTS) não depositado pelo clube, verbas rescisórias, multas, juros e correções monetárias, além de honorários advocatícios. Os advogados deram à causa um valor inicial de R$ 724.051,65.

Na sentença, em primeira instância, a juíza Lucy Guidolin Brisolla, da 23ª Vara do Trabalho de São Paulo, fixou a condenação do Corinthians em R$ 700 mil. Cabe recurso. A magistrada discriminou os valores a serem pagos pelo clube da seguinte maneira:

• Segunda parcela do 13º salário de 2019, no valor de R$30.000,00;
• Diferenças de salários, relativas aos meses de março (R$ 24.965,07), maio (R$ 17.500,00), junho (R$ 17.500,00) e julho (R$ 17.500,00), todos do ano de 2020;
• Os valores descontados do salário de dezembro de 2019, no importe total de R$ 59.945,07;
• Verbas rescisórias: saldo salarial de dezembro de 2020, 13º salário de 2020 e do terço constitucional das férias de 2020;
• Multa de 50% sobre o valor das verbas rescisórias;
• Multa correspondente a um salário do reclamante;
• Indenização equivalente aos depósitos fundiários faltantes;
• Juros moratórios, correção monetária, descontos fiscais e previdenciários, nos termos da fundamentação;
• Custas pelo reclamado, no importe de R$14.000,00, calculadas sobre o valor da condenação;
• O reclamado deve arcar com os honorários do(a) advogado(a) do reclamante.

A juíza Lucy Guidolin Brisolla diz ainda que "os respectivos valores (não definidos acima) deverão ser apurados em liquidação de sentença por cálculos, observados os limites da fundamentação, parte integrante deste dispositivo". O valor fixado é de R$ 700 mil.

Em quatro anos, nenhum jogo e um gasto milionário

Luidy ficou sob contrato por quatro anos e nunca vestiu a camisa do Corinthians. O clube, porém, gastou dinheiro tanto para trazê-lo quanto para mantê-lo vinculado, como manda a lei.

Em relação aos salários, a petição inicial do advogado de Luidy à Justiça confirma que o atacante ganhou R$ 40 mil mensais na primeira temporada (2017), acrescido em R$ 10 mil a cada ano subsequente (2018, 2019 e 2020). Após quatro anos, o valor total por esse contrato de 52 meses - incluindo os 13º salários - foi de R$ 2,8 milhões.

Chama atenção que o salário do jogador era dividido entre remuneração mensal (85%) e publicidade/material esportivo (15%). Todos os pedidos do advogado descritos acima, porém, estão baseados na totalidade da remuneração (100%).

Daniel Augusto Jr. / Agência Corinthians

Além dos salários, o Corinthians gastou dinheiro com direitos econômicos. Na época, o CRB anunciou que o Corinthians pagou R$ 1,2 milhão por 70% - diretoria alvinegra alegou um terço desse valor. A contratação foi feita em dezembro de 2016, com aval de Eduardo Ferreira (então diretor de futebol) e Roberto de Andrade (então presidente).

O vínculo de Luidy com o Corinthians terminou no último dia 31 de dezembro de 2020 sem que tivesse entrado em campo com a camisa do clube (veja a sequência de empréstimos abaixo). O atacante, que está com 25 anos, atua agora pela equipe do Confiança, de Alagoas.

Relembre a saga de Luidy após treinar alguns dias no CT do Corinthians e começar a ser emprestado

• Abril de 2017: o jogador é emprestado ao Figueirense até o fim da temporada;
• Início de 2018: empréstimo para o Ceará. No mesmo ano, um novo repasse, agora para o São Bento-SP;
• 2019: Luidy iniciou e terminou a temporada emprestado para o mesmo clube, no caso, o Londrina;
• 2020: atacante fez o caminho inverso. Ainda vinculado ao Corinthians, Luidy foi emprestado ao CRB, onde atuou na Série B do Brasileiro;
• 2021: sem vínculo mais com o Corinthians, acionou à Justiça nos primeiros meses do ano.

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