Depressão e nova profissão: campeão brasileiro pelo Corinthians em 2015 relembra punição por doping
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Por Meu Timão
Lincom foi contratado durante o Campeonato Brasileiro de 2015 pelo Corinthians
Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians
Quatro anos. Este foi o período, de 2018 a 2022, que mudou a vida de Lincom, ex-atacante e campeão brasileiro pelo Corinthians. Com a virada na vida após a punição por doping, o jogador abriu o jogo sobre traumas, desejos e sonhos que permearam sua trajetória profissional.
Hoje proprietário de uma papelaria e comentarista em um rádio de Birigui, cidade do interior de São Paulo, Lincom, que completou 40 anos no último sábado, foi do céu ao inferno enquanto atleta profissional. Cria do Sertãozinho, o atacante fez história no Bragantino, se tornando o maior artilheiro do clube no século XXI. O desempenho chamou a atenção do Timão, que o contratou em meados de 2015, eternizando o momento na vida de Lincom.
"O Corinthians meio que tinha uma parceria com o Bragantino. Em 2015, eu estava bem no Bragantino de novo, estava concentrado para jogar contra o Bahia, e me perguntaram se eu topava ir para o Corinthians. Eu disse 'você tá louco? Precisa perguntar?' No domingo, eu estava me apresentando de manhã", disse em entrevista ao canal Cartoloucos.
Ele ficou por um curto período, mas fez parte de um momento histórico. Ao atuar em apenas três jogos do Brasileirão de 2015, sendo um deles o icônico 6 a 1 sobre o São Paulo, Lincom fez parte do hexacampeonato nacional do Timão. O ex-atacante retornou ao Bragantino logo na sequência e relembrou do convívio com o técnico Tite.
"Muda a vida. As coisas vão ficando mais fáceis, mas você tem que tomar cuidado. No meu caso, você perde isso, e a cabeça depois? Você se acostuma com aquela situação. Você tem que ter cabeça forte para se readaptar. É o que estou tentando até hoje, com tantas coisas que eu perdi, tem que se readaptar, é o que estou fazendo", disse.
"O Tite sempre tratou todo mundo muito bem. Poucas vezes eu falei com ele no particular, quatro, cinco vezes. Uma das vezes ele falou que teria mais oportunidades em 2016, mas acabei não ficando", completou.
O ponto de virada
A saída, porém, não foi a grande decepção de Lincom na carreira. Em 2018, à época no Santo André, ele foi flagrado no exame antidoping por uso de testosterona, conforme relatado pelo próprio jogador. Até hoje, Lincom sente o tamanho da punição, a qual julgou pesada e que o levou à depressão e problemas com sono e bebida.
"O psicológico ainda não aceita muita coisa. Tem que beber para tentar esquecer, dormir. Perdi muita grana, precisei vender carro, situação de sair do futebol. Você não está preparado, não teve planejamento de encerrar a carreira. Isso me deixou com uma depressão do caralho. Não dormia. Depois que entrei na rádio, trabalhar com futebol, começou a melhorar, mas até hoje, não estou normal", comentou.
Entre abril de 2018 e janeiro de 2022, ele precisou se reinventar após se afastar dos gramados. Com as novas funções e sem apoio de clubes, entidades e sindicato, segundo o jogador, foi preciso reencontrar um novo caminho para sobreviver sem marcar gols.
"Gastei o pouco que tinha das economias. Eu perdi R$ 350 mil, isso em pouco tempo, dois meses do doping. Você tem que ser forte, eu nem imaginava que eu era tão forte assim. Eu me excluí muito, de convites. Nem gosto de tocar muito nesse assunto, é um trauma que eu carrego do futebol", complementou.
A sua história no futebol, porém, será mantida. Para ele, o momento mais marcante e especial na carreira é a vivência no Corinthians. Apesar da tentativa em voltar anos depois, era uma situação muito mais delicada. Por isso, ficaram as memórias eternizadas com o manto alvinegro.
"O Corinthians, aquele título (de 2015). O 6 a 1 contra o São Paulo, aquele momento ali. Eu lembro que arrepiava, todos os dias, aquela torcida fazia a gente arrepiar. Eu sinto orgulho de ter participado, joguei pouco, queria ter jogado mais, mas quem chega aí? Nesse jogo, joguei 25 minutos, é o jogo que todo mundo fala para mim", finalizou Lincom.
