Francisco Damasceno
História de pioneirismo é sempre emocionante.
em Bate-Papo da Torcida > O primeiro corinthiano da família
Em resposta ao tópico:
Eu sou o mais novo entre 7 irmãos, maioria palmeirense. Meu tio quem me levou num estádio pela primeira vez: palmeirense. Até minha mãe que sempre afirmou não torcer para ninguém, tinha predileção pela cor verde. Pra variar um pouco, tinham uns primos meus que torciam para o São Paulo. Não havia corinthiano na família.
Eu, garoto, descobrindo o futebol, ainda não torcia pra nenhum time. Claro, meu tio palmeirense e meus irmãos queriam me influenciar. Para eles, o Palmeiras era o mocinho; o Corinthians, o vilão. Viviam falando mal do Timão e enaltecendo o time verde. Mas, eu ainda não estava plenamente convencido.
Aos doze anos acompanhei a primeira Copa do Mundo de maneira consciente: Espanha 1982. Foi a primeira seleção brasileira de que me lembro. Um time que encantava os olhos de quem aprecia o que se chamava na época o que se chamava de futebol-arte. Eder, Falcão, Toninho Cerezo, Serginho, Junior, Zico e um tal de... Doutor Sócrates Brasileiro, apelido Magrão.
Sócrates era genial. Futebol requintado, tocava na bola com elegância. O toque de calcanhar era uma característica tão sua que parecia ser o inventor da jogada.
Barba comprida, fala articulada, comemoração de punho cerrado suspenso no ar. Fiquei fã. Era um dos meus heróis. Um garoto de doze anos precisa de heróis. Resolvi acompanhar sua carreira e começando por ele conheci alguns outros que também se tornariam meus heróis, mais precisamente 11, dos quais me lembro como: Solito, Alfinete, Mauro, Daniel Gonzales e Wladimir, Paulinho, Sócrates (claro!) e Zenon; Ataliba, Casagrande e Biro-Biro. Estava decidido. Tornei-me corinthiano. O primeiro da família para decepção dos meus irmãos, primos, meu querido tio e até da minha mãe.
Sócrates me influenciou, admito. Lembro-me bem de uma música que ele cantava ao lado de Toquinho, mestre da MPB, eterno parceiro de Vinícius e grande corinthiano, como não? ! A música dizia que ser corinthiano é ir além de ser ou não ser o primeiro e que ser corinthiano é ser também um pouco mais brasileiro.
Como primeiro corinthiano eu é que passei a influenciar. Minha irmã - que até então era neutra - tornou-se uma corinthiana apaixonada. Depois vieram meus sobrinhos - filhos dos meus irmãos palmeirenses. Fazer o quê? Paixão nem sempre se herda, mas sempre se escolhe. E a minha paixão no futebol, eu escolhi: Corinthians! Porque ser corinthiano é ir além...