Análise financeira: clube social continua travando reconstrução financeira do Corinthians
Análise de Jorge Freitas
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O Corinthians divulgou balancete nesta semana com superávit acima dos R$ 30 milhões no futebol em 2021, mas o que chama atenção são os rombos causados pelo clube social e esportes amadores.
Em 2020, essa ala do clube gerou um deficit acima da casa dos R$ 61 milhões durante os doze meses do exercício fiscal. Já em 2021, nos quatro primeiros meses do ano, a balança já pende para o lado deficitário com um valor acima dos R$ 28 milhões. As despesas operacionais, por sua vez, em 2020 ficaram na casa dos R$ 45 milhões e em 2021 já estão acima dos R$ 17 milhões.
Ou seja, enquanto em 2020, a parte social do Corinthians tinha, em média, despesas mensais que giravam em torno de R$ 3,75 milhões, em 2021 essa média equivale a R$ 4,25 milhões, um acréscimo de 13% se comparado ao período anterior.
Para piorar, a receita do clube social, ao contrário das despesas, caiu. Em 2020, o clube registrou mais de R$ 28 milhões de receita operacional líquida, uma média de pouco mais de R$ 2,35 milhões por mês. Já em 2021, com R$ 6,9 milhões arrecadados, essa média mensal gira em torno de R$ 1,7 milhão, numa queda mais de 27%.
Ou seja, enquanto o time profissional tem gastos reduzidos com a indicação de uma política de austeridade, o clube social segue aumentando seus gastos e atrapalhando cada vez mais a vida financeira do clube.
Para ilustrar muito bem a situação, o balancete até abril registra um superávit de mais de R$ 32 milhões no futebol e um déficit de mais de R$ 28 milhões no social. Ou seja, embora se registre uma melhora na balança financeira do clube na parte do futebol, a realidade é que o saldo gira em torno de míseros R$ 4 milhões, pois o clube social "engole" quase todo o saldo positivo que sobra do futebol.
A seguir assim, o Corinthians precisaria de dez anos para cobrir apenas o prejuízo que alcançou somente no ano passado, no valor de mais de R$ 123 milhões.
Em resumo, a impressão que dá é que estão matando o futebol do Corinthians para manter alguns privilégios de quem usufrui da parte social do clube e querem nos enganar com a conversa de que a redução da folha salarial é o principal caminho para colocar as finanças novamente nos trilhos.
Mas como um presidente pode ter coragem de mexer na estrutura que o elegeu, mesmo depois de uma péssima gestão de seu antecessor?
PS.: Falta transparência no Clube. Não há detalhamento de gastos no balancete do Corinthians, o que impede uma demonstração de dados mais específica nessa coluna.
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