Sabe o que eu sempre amei no futebol? A imprevisibilidade que cerca o seu mundo. Nem sempre o melhor time em campo é o vencedor. Nem sempre quem marca o gol do título é o artilheiro do time. Nem sempre o campeão é o favorito. É fato que algumas coisas são óbvias nesse esporte, mas acho que o grande charme dele é a sua loucura.

Um exemplo é o gol de Matheus Davó na vitória contra o líder Internacional no último sábado. Quando a escalação do Corinthians foi divulgada com o jovem, a torcida praticamente surtou. Ninguém entendeu nada. E parecia loucura apostar que seria justamente ele o autor do gol da vitória alvinegra - aliás, vitória essa que também podemos colocar na conta do imprevisível, já que o Internacional era dado como o favorito.

Outro fato que, ao meu ver, demonstra a falta de sentido que o futebol tem às vezes é o desempenho de determinados jogadores. Alguns nomes são odiados por torcedores, declarados ruins de bola e vão para outros clubes e se destacam. Até para quem é especialista em analisar futebol fica difícil às vezes.

E três nomes do atual elenco do Corinthians demonstram essa falta de sentido: Fábio Santos, Cazares e Otero. Os três jogadores estavam no Atlético-MG, um dos times do bloco dos "grandes" no Brasil, e foram preteridos por Jorge Sampaoli em 2020.

Verdade seja dita sobre a dupla estrangeira. Eles estrelaram diversas confusões extracampo, principalmente Cazares, que complicaram a vida deles no time mineiro. Mas, ainda assim, não faziam parte dos planos do argentino para a temporada atual. Fábio Santos ainda atuou em alguns jogos, mas viu Guilherme Arana assumir a titularidade e se tornar peça fundamental.

Os três foram de descartados para fundamentais no Corinthians. Um time também do bloco do grandes, que fique claro. Porque seria fácil sair "chutado" de um time grande e ser destaque em um de menor expressão. Esse não é o caso.

Rómulo Otero chegou primeiro e já atuou em 11 partidas, sendo responsável por um gol e uma assistência decisiva para Danilo Avelar, contra o Goiás. Cazares chegou depois. Como não vinha nem treinando com o grupo lá no Atlético-MG, a forma física prejudicou sua sequência. Mesmo assim, são nove jogos e duas assistências - inclusive, a do gol do Davó citado ali em cima.

O último a chegar foi Fábio Santos. São apenas dois jogos, eu sei. Mas já é o suficiente para o experiente jogador ser elogiado pela sua postura defensiva. Sidcley, que era uma das opções, já foi até dispensado pelo clube e treina separado. A identificação com o Corinthians por tudo que já conquistou ajuda, mas sua liderança no vestiário e dentro de campo também fazem a diferença.

Três nomes que não agradavam em um time e que passaram a agradar (bastante) em outro. Aqueles mistérios que fazem do futebol um esporte maluco e prazeroso demais. Aquelas loucuras que fazem com que a gente nunca possa cravar 100% que jogador x ou y não sabe jogar bola.

Alguns jogadores podem estar no time errado, sob o comando do técnico errado ou atuando em uma função errada. Outros podem não encontrar a motivação certa. Outros podem só não viver um bom momento.

O fato é que o futebol é imprevisível e, de vez em quando, rolam umas boas surpresas como a do trio citado acima.

Que bom que, dessa vez, quem se deu bem foi o Corinthians!

Veja mais em: Fábio Santos, Cazares e Otero.

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