Menos corneta, mais Elivélton
Opinião de Memória Fiel
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No próximo dia 6, a conquista do Campeonato Paulista de 1995 completa 25 anos. É curioso comparar aqueles tempos com os dias atuais. Obviamente muita coisa mudou, mas também impressiona ver como tantas outras são iguais.
Na final do Campeonato Paulista de 2020 o Corinthians vai enfrentar o mesmo rival de 1995. O time verde, tanto naquela ocasião quanto agora, contava com um estranho doping financeiro (Parmalat x Crefisa), um técnico consagrado no passado que buscava relevância no presente (Carlos Alberto Silva x Luxemburgo), e tinha jogadores titulares com passagens pelo Corinthians. Em 95, Nilson e Rivaldo. Em 2020, Willian Bigode e Bruno Henrique.
A caminhada do Corinthians em 2020 foi parecida com a campanha que terminou com a taça há um quarto de século. Em 1995, o Timão se classificou em sexto lugar na primeira fase, atrás de todos os rivais da capital, e também de Santos e Guarani. O desempenho fraco era justificado pela reformulação no elenco --e pela troca de treinador.
Entre o final de 1994 e o início da temporada seguinte, o Corinthians se livrou de pelos menos 10 jogadores que entravam em campo com certa frequência, como Casagrande, Wilson Mano, Elias, Paulo Roberto, Branco, Luisinho, Adil, Gralak, Leandro Silva e Boiadeiro.
Entre o final de 2019 e a decisão de 2020, também aconteceram pelo menos 10 baixas no elenco, com as saídas de Vagner Love, Gustavo, Ralf, Jadson, Junior Urso, Renê Júnior, Manoel, Sornoza, Richard, Pedro Henrique, e Clayson.
Tanto no passado quanto no presente, a aposta na base trouxe uma grata surpresa na lateral esquerda. Em 95, Sylvinho. Agora, Carlos Augusto. No banco, a troca do defensivista Mário Sérgio por Eduardo Amorim, que soltava o time pero no mucho, pode ser comparada com a mudança de Carille para Tiago Nunes, pelo menos na motivação por um jogo mais ofensivo.
Existem mais algumas dezenas de coincidências e milhares de diferenças entre as duas finais, mas, no fim das contas, a maior mudança para este Dérbi decisivo de 2020 está no comportamento da torcida corinthiana. Em 1995, sem a incessante busca por atenção em redes sociais, o torcedor não era tão corneteiro quanto hoje. O corinthiano não fazia parte de campanhas para desmoralizar jogadores do próprio time. Essa lição precisa ser passada aos mais novos.
Apesar de o Corinthians contar com ídolos como Marcelinho, Tupãzinho e Viola em campo, o gol decisivo de 95 foi marcado pelo limitado Elivélton. O camisa 17 havia marcado apenas 1 gol nos 26 jogos em que atuou naquela campanha. Sem ser talentoso como Marcelinho, rápido como Marques, raçudo como Tupãzinho, ou matador como Viola, Elivélton acertou um chute perfeito aos 13 minutos do segunto tempo da prorrogação e colocou o Corinthians de volta ao topo após 6 anos sem títulos estaduais. Quem viveu a época sabe que a sensação depois daquele gol foi como encher os pulmões de ar puro depois de viver dois anos trancado numa mina de carvão.
Em 2020, o artilheiro inesperado pode ser Janderson, Araos, Davó, Sidcley, Léo Natel, qualquer um com a camisa branca e preta. Improvável? Sim. Impossível? Nunca. Vamos cornetar menos, torcer mais, e acreditar no que sempre acreditamos, no Sport Clube Corinthians Paulista.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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