Danilo já viveu dias de Luan e foi xingado de comédia
Opinião de Memória Fiel
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Em 2010, após perder o técnico Mano Menezes para a Seleção Brasileira, o Corinthians, até então líder e sensação do Campeonato Brasileiro enfrentou uma crise brava. O novo técnico, Adilson Batista, não aguentou a pressão depois de uma sequência de seis jogos sem vitórias e acabou demitido. Perder para o Atlético-GO no Pacaembu foi um vexame inesquecível.
Poucos lembram, porém, de um protesto no centro de treinamento do Corinthians alguns dias depois. Um grupo com cerca de 70 torcedores cobriu a entrada do CT com faixas e, além da diretoria então formada por Gobbi e Sanchez, o principal alvo do protesto foram quatro jogadores: Souza, Moacir, Alessandro e Danilo.
Sim, antes de ser tricampeão do Paulista, tricampeão do Brasileiro e conquistar a Libertadores, o Mundial e a Recopa invicto, Danilo foi chamado de merda, covarde, inútil, sem brio, incapacitado, arrogante, energúmeno, comédia...
Em 2010, seu primeiro ano com a camisa do Corinthians, Danilo disputava vaga com Tcheco, também contratado naquele ano para ocupar uma posição semelhante, e jamais havia conseguido ter sequência como titular ou sequer jogar na mesma posição por alguns jogos.
O meia já campeão da Libertadores e do Mundo, era chamado de “preguiçoso”, “lento” e “sem vontade.” Coincidentemente os mesmos defeitos vistos em Tcheco, em Bruno César, em Douglas, e em praticamente todos os outros meias que o Corinthians teve em 110 anos de história. (Isso para não citar a música “Nelsinho! Tira o Gordinho!” criada especialmente para o craque Neto nos anos 90, em uma fase que de craque ele tinha muito pouco).
As faixas de protesto e as ofensas de 2010 podem ter servido de motivação para Danilo? Sim.
Podem ter o ajudado a entender o tamanho da responsabilidade de jogar no Corinthians? Sim.
Mas certamente o que fez Danilo achar seu espaço no Corinthians foi uma combinação de elementos como tempo de adaptação no time novo, tempo para se adequar ao departamento de preparação física, tempo para encontrar um lugar em sistema de jogo, oportunidade de jogar com atacantes com qualidade técnica e mobilidade, oportunidade de jogar com volantes dinâmicos e com bom passe… enfim, a lista é longa, mas o resumo e que um time organizado fez Danilo magicamente ter vontade e correr mais.
Dez anos depois, a torcida estende faixas para ofender Luan, mais um “preguiçoso”, “lento” e “sem vontade.” Pode ser que Luan não seja o novo Danilo, mas vale a pena lembrar daquele protesto e comparar o Danilo de 2010 ao Danilo de 2012.
O que “consertou” Danilo foi simplesmente ter “mais vontade” ou foi participar de um projeto que deu tempo e condições de trabalho para um grupo de jogadores e comissão técnica de qualidade? De volta a 2020, o que vai fazer Luan estourar no Corinthians? Apenas correr e ter vontade?
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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