Análise tática Fortaleza x Corinthians – Nó tático do Vojvoda em cima do Sylvinho
Publicado no Fórum do Meu Timão em 12/07/2021 às 01:23
Por Félix Rodrigues de Lima
(@felix.rodrigues.de.l)
Seria um exagero esse título? Bem, chama a atenção que Vojvoda arma o time com três zagueiros...e mostra um planejamento estratégico e tático muito bem feito, estando pouco mais de dois meses no clube, fazendo frente a Atlético-MG, Internacional – de goleada – Fluminense e agora o Corinthians. Justo um esquema que Sylvinho desprestigiou em prol de conveniências próprias – e ouso dizer que da diretoria também. Em 13 jogos, Sylvinho ganhou três, empatou seis e perdeu quatro, com 38% de aproveitamento, oito gols marcados e dez tomados.
O Corinthians é tão previsível que é possível depreender menos esforço para marcar e mais para concentrar passes nos buracos que o time proporciona ao adversário, como foi ontem. Querem uma prova disso? Pois será dada: a escalação e abordagem dos jogadores no jogo de ontem– tirando alguns, naturalmente – em essência, foi a mesma que jogou no primeiro jogo contra o Peñarol, escalação essa que foi desprestigiada futuramente em jogos contra Santos e São Paulo, com outros jogadores e outro esquema. E a maioria dos torcedores se lembra de como foi o jogo....
Com olhos analíticos, vamos ver os detalhes do jogo contra o Fortaleza.
O JOGO
No artigo da semana passada do jogo contra a Chapecoense (link acima), eu disse que o poder do Fortaleza é atacar pelo meio. A frase exata foi: “Imagino que se eles fizerem um gol, será aproveitando alguma brecha pelo meio em velocidade, uma vez que eles atacam pelo meio e possuem passes precisos, principalmente as bolas longas.” Pois não foi exatamente assim que saiu o gol deles? Olhem só o mapa de calor. O Corinthians foi engolido numérica e posicionalmente – quem olhou o jogo percebeu que o foco deles era marcação e ataque pelo meio, porém sem deixar de atacar pelos lados, principalmente o esquerdo de Fábio Santos, nossa maior vulnerabilidade.
E Sylvinho, pegar como parâmetro o jogo contra a Chapecoense para defender a sua estratégia e amenizar a derrota contra o Fortaleza, sabendo da vulnerabilidade da Chapecoense, é no mínimo cinismo – e não tenho medo de falar que isso escancarou as suas falhas como estrategista. Contra a Chapecoense, não houve nenhuma evolução tática. O torcedor, como diria Tite, não é alienado e sabe mensurar o que estava dando certo e o que não estava.
Notem só os buracos enormes que o Corinthians deixou pelo meio, provando o que foi dito antes. Agora olhem só os buracos defensivos que o Fortaleza deixou pelos lados e pelo meio... E aí o torcedor pergunta: “por que o Corinthians não conseguiu atacar pelos lados?”. A resposta é simples: porque a marcação alta e a superioridade numérica em ataque do Fortaleza impedia o Corinthians de criar jogadas num 2-4-4, e quando o Corinthians tinha a posse de bola, uma marcação posicional média era feita para não dar outra opção a não ser atacar pelos lados, facilitando as roubadas de bola pelo fato de limitar espaços. Esse jogo foi o maior exemplo do que chamei várias vezes de “marcação por indução” – coisa que Vojvoda fez muito no tempo do Talleres.
O poder de finalização do Fortaleza chamou muito a atenção. O fato de termos permitido muitas finalizações de fora da área mostra o quanto deixamos espaços pelo fato de marcarmos em linha, deixando muitos espaços centralizados por conta disso – o gol deles prova isso.
E esse mapa de passes prova tudo o que eu disse antes. Notem a quantidade de pontos laranjas do meio pra frente. E notem que nós, do meio pra frente, atacamos só pelos lados.
CONCLUSÃO
Por que perdemos para o Fortaleza? Primeiro, porque o Corinthians não é um time coletivo, é um time individualista, e isso é péssimo. Segundo, porque somos previsíveis e simplórios. Terceiro, porque o adversário foi mais agressivo e criativo, enquanto o Sylvinho negligencia esses dois fatores para agregar ao seu time.
O Corinthians só melhorou no segundo tempo porque Araos e Luan entraram no jogo e tiveram a iniciativa de jogar os poucos lances pelo meio, dando os poucos perigos que criamos – e ainda assim foi sofrido por causa da marcação por indução. Dos 23 passes que o Luan deu, nove foram para frente e 12 foram para trás (dois curtos e dez longos, tudo do lado esquerdo, por causa da marcação por indução). Faltaram quatro passes para que Luan igualasse aos do Mateus Vital nos 73 minutos que este jogou, provando que houve desonestidade coletiva de Vital e supervalorização coletiva do Gustavo Silva.
O próximo jogo será contra o forte Atlético-MG. Provavelmente não virão com força máxima por conta da Libertadores, porém não deixa de ser um time perigoso. É um time que faz marcação média e o ponto forte deles é o contra-ataque veloz pelos lados. Provavelmente explorarão Fábio Santos nesse sentido. Eles também chutam bem de fora da área. No próximo artigo eu farei uma análise do Brasileirão, mostrando algumas características bem interessantes.
VAI, CORINTHIANS!
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Melhores respostas
@lucas.oliveira.lope1 em 12/07/2021 às 01:55
Cara, mais uma vez sem palavras. Parabéns pela ótima análise (como sempre) e obrigado pelas informações!
O little Sylvio bem que podia ler seus textos, ia ensinar muito pra ele...
@flavia.sccp em 12/07/2021 às 01:59
Que trabalhão de novo!
Foi difícil e triste de ver esse jogo hoje...
Últimas respostas
@rodrigo.goncalves.ba em 14/07/2021 às 21:09
Torcer para a CBF mandar o Tite embora e aí fazemos o mesmo com o sylvinho e fazemos o Tite.
Bom filho a casa torna rs
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@max.wallem1 em 14/07/2021 às 01:10
E o gênio do Sylvinho não percebeu o gramado ruim e que seu adversário estava arriscando fortemente de fora, exatamente por esse detalhe, mas enfim ele é do contra, não gosta de vencer jogos
@mm.martins em 13/07/2021 às 12:02
Perfeita análise, concordo 100%.
@luiz.fernando.balest em 12/07/2021 às 18:56
O Timão não jogou foi nada!
@evan.salvatore em 12/07/2021 às 18:41
O próprio Mancini já mostrou pra todo mundo que esse elenco não joga com linhas de 4, ninguém aproxima por característica de jogador, o esquema com 3 zagueiros deu mais dinamica por conta de liberdade dada aos laterais porque esse meio campo não é criativo sem aproximação, e o que me dá mais raiva é que, quando joga o Jô (que precisa de um meio campista que saiba dar passes em profundidade) não joga o Luan (nosso melhor meio campista em passes em profundidade) o esquema do little Silvio é cruzar bola na área ou rezar para o mosquito sofrer um pênalti. NÃO TEMOS UM TREINADOR COM AS COMPETÊNCIAS NECESSÁRIAS PARA NOSSO MOMENTO, mais uma vez a camaradagem falou mais alto e quem sofre?
@kaiserman em 12/07/2021 às 17:23
Boa Félix! Também acho que estamos presos a um esquema tático que não nos favorece em nada. Um técnico inteligente aproveita o que têm de melhor nos seus jogadores para então armar um esquema tático e não o contrário. Enquanto isso vamos descendo a ladeira!
@aldrei.silva Apoiador em 12/07/2021 às 16:29
Sim...time previsivele lento...estamos ferrados...Vital morto...Jô Morto, LUAN MORTO... E cheio de moleques...
@cristiano.ronaldo4 em 12/07/2021 às 15:28
De lascar
@juliane.bauer1 em 12/07/2021 às 14:58
Bem compricado
@rodrigo.rd em 12/07/2021 às 13:49
Prevejo 3 derrotas e um empate nós próximos jogos podem printar