Venha fazer parte da KTO
x
Fórum do Corinthians

Técnico do Warriors ignora vitória do time para falar de politica

Tópico Épico Entenda as regras
Foto do perfil de felibr

Ranking: 1.434º

Felibr 2.224 posts

Publicado no Fórum do Meu Timão em 26/05/2022 às 03:41
Por felibr adone (@felibr.adone)

O Dallas ganhou do Golden State e isso não tem importância. O fato mais relevante que ocorreu ontem foi o desabafo do Steve Kerr no pré-jogo. “Quando faremos alguma coisa? ”, foi a pergunta do técnico. Ele questionava os repórteres a sua volta, e também os milhões de espectadores que assistiriam àquela entrevista. Vinte e uma pessoas foram assassinadas numa escola do Texas ontem. Dezenove das vítimas tinham entre 7 e 10 anos.

&Ldquo;Nossa, eu pensei que a página falasse sobre basquete…” - e fala! Feito por humanos, o basquete não pode se abster da sua própria essência. O que afeta a humanidade, afeta o basquete. O esporte e o entretenimento deveriam ser reflexo de uma sociedade desenvolvida o suficiente a ponto de poder se dedicar a essas questões supérfluas. O que vemos, ao contrário, é o esporte e o entretenimento usados para nos distrair dos problemas sociais.

Não podemos achar normal o esporte ser importante enquanto a própria humanidade não é valorizada. Sim, a página fala sobre basquete, mas não compactua com a estratégia de esquecer de todo o resto, como se o basquete pudesse existir em meio à barbárie.

&Ldquo;Quando faremos alguma coisa? ” A fala emocionada do Steve Kerr não surge apenas pelo incidente de ontem. O pai dele era reitor de uma universidade em Beirute, no Líbano. Ele foi assassinado com dois tiros na cabeça na entrada do seu escritório. Kerr tinha 19 anos. Hoje, Steve tem 56. 37 anos se passaram entre os dois incidentes. E o desespero de Kerr surge muito por conta disso: 37 anos se passaram e a história segue se repetindo. É difícil realizar que a violência se perpetua com o mesmo vigor hoje e antes. Nada indica que estejamos perto de quebrar esse ciclo. Kerr nasceu num mundo violento e vai morrer num mundo violento: como não se desesperar?

Aqui mesmo, no Brasil, também tivemos uma tragédia ontem. Vinte e cinco pessoas assassinadas em mais uma ação policial no Rio de Janeiro. Boa parte de nós tenta se consolar pensando que “provavelmente eram bandidos”, como se isso justificasse alguma coisa. Existem pessoas que certamente comemoraram as mortes, sem perceber que perdiam uma parte da sua própria humanidade no processo. Envoltos num ambiente de violência extrema, nos tornamos nós mesmos violentos, sedentos por vingança contra um inimigo desumanizado, enquanto vamos nós também nos desumanizando.

Não é coincidência que essa violência extrema da polícia só se faça presente em regiões pobres. Nenhuma ação policial truculenta foi realizada na casa do senhor Fabio Schvartsman, por exemplo, presidente da Vale na época da tragédia de Brumadinho. 270 pessoas morreram como resultado do rompimento da barragem, fora o desastre ambiental. Imagine a polícia já chegando dando tiro na cabeça do senhor Fabio e ainda assassinando mais uns dois ou três ali em volta que nem sequer estavam envolvidos no desastre, mas deram azar de estarem no local errado e na hora errada.

Nenhuma das 25 pessoas mortas na chacina da Vila Cruzeiro já assassinaram 270 pessoas. Levaram tiro não porque são bandidos, mas porque se enquadram dentro de um recorte social e racial que nós brasileiros aceitamos que seja passível de assassinato. Nós enquanto sociedade aceitamos que tem gente que pode ser assassinada e tem gente que não. Nós aceitamos que a polícia mate gente pobre, preta, indígena.

É claro, não quero dizer que a solução seria matar também os brancos ricos, como se, dessa forma, tivéssemos pelo menos um tratamento igual para todos. Claro que não. A solução é não matar ninguém. Não é possível quebrar um ciclo de violência fazendo uso de mais violência. É preciso entender se o que a gente quer é continuar o ciclo de violência ou se a gente quer quebrar esse ciclo. É preciso entender se, quando formos todos idosos, estaremos confortáveis em ver os mesmos problemas acontecendo.

Não é possível pensar que o bandido surge de uma sociedade saudável. Como se o bandido fosse uma pessoa que sempre teve família estruturada, comida na mesa, boa educação e de repente resolveu largar tudo para ser mau por diversão. O ciclo da violência não acaba com o assassinato do bandido porque não é o bandido que faz surgir a violência, o próprio bandido já é reflexo dela. Isso é evidente. Em países desenvolvidos, onde as pessoas têm acesso a suas necessidades, a violência é muito menor.

Um bebê que nasce na Noruega e um bebê que nasce no Brasil têm iguais possibilidades de se desenvolverem em seres humanos pacíficos ou violentos. Não faz sentido dizer que o norueguês é NATURALMENTE melhor que o brasileiro. Então, porque será que o brasileiro tem mais chances de ser violento quando adulto?

É preciso que a morte violenta nos entristeça, seja ela a morte de crianças na escola ou a morte de adultos na favela, porque a morte violenta é a evidência de que a lógica do passado segue firme e forte no presente, enquanto se insinua para o futuro. Vivemos, hoje, a certeza da perpetuação da violência por ainda muitos anos. Raivosos, cheios de certezas nos nossos sensos de justiça, contribuímos com ela.

Nesse sentido, vale escutar o podcast “Crime e Castigo”, da Rádio Novelo, que discute sobre o que a sociedade espera da justiça e do sistema prisional: se é vingança, ou reparação. O podcast também se aprofunda sobre o conceito de justiça restaurativa, que é muito interessante. Dentro de um contexto de violência extrema, a tentativa do podcast é de tentar trazer um pouco de humanidade de volta para a discussão, ao invés de nos incentivar a abrir mão dela em definitivo.

Agarrados a esse fiapo de humanidade que nos resta, esperançosos de que um dia romperemos com esse ciclo de violência e morreremos, idosos, num mundo diferente do qual nós nascemos, é que devemos nos perguntar: “Quando faremos alguma coisa? ”

Do site https://www.facebook.com/HBNSB/ HBNSB - Home HBNSB - Home HBNSB. 73,844 likes · 2,082 talking about this. O HBNSB presta uma homenagem a este clássico esquecido do cinema e comenta o basquete daqui e dali. facebook.com facebook.com

Dedicado a aqueles que acham que o esporte é apenas um monte de gente correndo atrás de uma bola.

Avalie este tópico do Fórum do Meu Timão

Responder tópico

Foto do perfil de Cirio Castre

Ranking: 12º

Cirio 39.348 posts

@tibas em 26/05/2022 às 10:45

Em dois meses esquecem. Em dois anos acontece de novo.

E em 10 anos a humanidade continuará sendo um experimento de uma raça em constante evolução.

Foto do perfil de Felipe De Moraes

Ranking: 95º

Felipe 14.882 posts

@felipemoraes em 26/05/2022 às 10:12

Liberar o porte para a população, é isso ai.

Também, uma transferência de responsabilidade, é lavar as mãos para os crimes que acontecem no país.

Tem POLICIAL, treinado, que é abordado por bandido e morre.

Os 'Steven Seagals' de rede social acham que vão ter tempo de sacar uma arma numa abordagem de um bandido que sempre vai estar um passo a frente da vítima.

O que vai acontecer é o bandido dar um tiro na nuca da vítima, levar seus pertences e fornecer mais armas para o crime.

Foto do perfil de Eduardo Ishibachi

Ranking: 2.108º

Eduardo 1.538 posts

@eduardo.ishibachi1 em 26/05/2022 às 09:56

Vítimas da sociedade que andam de fuzil.. Ponto 50.. Foguetes granadas.. Se fossem honestos não morriam.. Iam ser mortos por bandidos.. Você trabalha pra um vagabundo te levar roubar seu salário no final do mês... Pare de votar em lixos.. E ladrões.. Tiricas, frotas, renans, azizs, barbalhos, dórias, lulas, alkmins da vida..

Foto do perfil de Cleber Santos

Ranking: 2.719º

Cleber 1.164 posts

@cleber99 em 26/05/2022 às 09:48

Esses ataques, mortes e tragédias não foram as primeiras e nem serão as últimas. Não é de hoje que esse mundo está totalmente perdido.

Salve se quem puder pois certas coisas e certos interesses nunca irão mudar...

Publicidade

Foto do perfil de Bruno Lang

Ranking: 865º

Bruno 3.523 posts

@bruno.lang em 26/05/2022 às 09:42

'Aqui mesmo, no Brasil, também tivemos uma tragédia ontem. Vinte e cinco pessoas assassinadas em mais uma ação policial no Rio de Janeiro. Boa parte de nós tenta se consolar pensando que? Provavelmente eram bandidos?, como se isso justificasse alguma coisa.'

Até que o seu texto começou bem elaborado e com frases bonitas. Mas parei de ler ali em cima. Você começou falando de pessoas INOCENTES que foram mortas, e logo após cita que Policiais assassinaram 25 pessoas. São casos totalmente distintos. Esses mortos no Rio de Janeiro já cometeram diversos crimes e assassinatos contra pessoas INOCENTES, e é uma pena que não foram mais, a limpeza poderia ter sido bem maior.

Foto do perfil de Lucas Arruda

Ranking: 2.999º

Lucas 1.034 posts

@lucas.arruda2 em 26/05/2022 às 09:39

Brilhante tópico, super importante o assunto.

Esporte não deve ser apenas parte do 'pão e circo'

Foto do perfil de Fidel Castro

Ranking: 63º

Fidel 1.020 posts

@fidelito.lindo em 26/05/2022 às 09:37

Ontem a PRF assassinou um doente mental bem aos moldes de Hitler.

https://www.metropoles.com/brasil/video-homem-morre-sufocado-em-camara-de-gas-dentro-de-carro-da-prf Vídeo: homem morre sufocado em 'câmara de gás' dentro de carro da PRF Vídeo: homem morre sufocado em 'câmara de gás' dentro de carro da PRF Genivaldo de Jesus Santos tinha 38 anos e foi vítima de abordagem truculenta por parte de policiais rodoviários federais em Sergipe metropoles.com

E a mídia divulga o assassinato como? Como se fosse um simples acidente. Absurdo. Pior que esse tipo de verme é o tipo de herói de muitos, inclusive por aqui.

Foto do perfil de Gabriel Ribeiro De Carvalho

Ranking: 864º

Gabriel 3.526 posts

@gabriel.ribeiro.de.c Apoiador em 26/05/2022 às 09:32

Obrigado pelo tópico. Que possa levar um pouco de conhecimento para mais pessoas, nesse ambiente propício à desalienação, quando muitas vezes temos que ler 'aqui não é para falar de política', como se nas nossas vidas tudo não girasse em torno de política, inclusive o futebol.

Eu já ouvi todos episódios do podcast indicado, muito bom por sinal, bem leve mas com conteúdo.