Venha fazer parte da KTO
x
Fórum do Corinthians

Técnico do Warriors ignora vitória do time para falar de politica

Tópico Épico Entenda as regras
Foto do perfil de felibr

Ranking: 1.437º

Felibr 2.219 posts

Publicado no Fórum do Meu Timão em 26/05/2022 às 03:41
Por felibr adone (@felibr.adone)

O Dallas ganhou do Golden State e isso não tem importância. O fato mais relevante que ocorreu ontem foi o desabafo do Steve Kerr no pré-jogo. “Quando faremos alguma coisa? ”, foi a pergunta do técnico. Ele questionava os repórteres a sua volta, e também os milhões de espectadores que assistiriam àquela entrevista. Vinte e uma pessoas foram assassinadas numa escola do Texas ontem. Dezenove das vítimas tinham entre 7 e 10 anos.

&Ldquo;Nossa, eu pensei que a página falasse sobre basquete…” - e fala! Feito por humanos, o basquete não pode se abster da sua própria essência. O que afeta a humanidade, afeta o basquete. O esporte e o entretenimento deveriam ser reflexo de uma sociedade desenvolvida o suficiente a ponto de poder se dedicar a essas questões supérfluas. O que vemos, ao contrário, é o esporte e o entretenimento usados para nos distrair dos problemas sociais.

Não podemos achar normal o esporte ser importante enquanto a própria humanidade não é valorizada. Sim, a página fala sobre basquete, mas não compactua com a estratégia de esquecer de todo o resto, como se o basquete pudesse existir em meio à barbárie.

&Ldquo;Quando faremos alguma coisa? ” A fala emocionada do Steve Kerr não surge apenas pelo incidente de ontem. O pai dele era reitor de uma universidade em Beirute, no Líbano. Ele foi assassinado com dois tiros na cabeça na entrada do seu escritório. Kerr tinha 19 anos. Hoje, Steve tem 56. 37 anos se passaram entre os dois incidentes. E o desespero de Kerr surge muito por conta disso: 37 anos se passaram e a história segue se repetindo. É difícil realizar que a violência se perpetua com o mesmo vigor hoje e antes. Nada indica que estejamos perto de quebrar esse ciclo. Kerr nasceu num mundo violento e vai morrer num mundo violento: como não se desesperar?

Aqui mesmo, no Brasil, também tivemos uma tragédia ontem. Vinte e cinco pessoas assassinadas em mais uma ação policial no Rio de Janeiro. Boa parte de nós tenta se consolar pensando que “provavelmente eram bandidos”, como se isso justificasse alguma coisa. Existem pessoas que certamente comemoraram as mortes, sem perceber que perdiam uma parte da sua própria humanidade no processo. Envoltos num ambiente de violência extrema, nos tornamos nós mesmos violentos, sedentos por vingança contra um inimigo desumanizado, enquanto vamos nós também nos desumanizando.

Não é coincidência que essa violência extrema da polícia só se faça presente em regiões pobres. Nenhuma ação policial truculenta foi realizada na casa do senhor Fabio Schvartsman, por exemplo, presidente da Vale na época da tragédia de Brumadinho. 270 pessoas morreram como resultado do rompimento da barragem, fora o desastre ambiental. Imagine a polícia já chegando dando tiro na cabeça do senhor Fabio e ainda assassinando mais uns dois ou três ali em volta que nem sequer estavam envolvidos no desastre, mas deram azar de estarem no local errado e na hora errada.

Nenhuma das 25 pessoas mortas na chacina da Vila Cruzeiro já assassinaram 270 pessoas. Levaram tiro não porque são bandidos, mas porque se enquadram dentro de um recorte social e racial que nós brasileiros aceitamos que seja passível de assassinato. Nós enquanto sociedade aceitamos que tem gente que pode ser assassinada e tem gente que não. Nós aceitamos que a polícia mate gente pobre, preta, indígena.

É claro, não quero dizer que a solução seria matar também os brancos ricos, como se, dessa forma, tivéssemos pelo menos um tratamento igual para todos. Claro que não. A solução é não matar ninguém. Não é possível quebrar um ciclo de violência fazendo uso de mais violência. É preciso entender se o que a gente quer é continuar o ciclo de violência ou se a gente quer quebrar esse ciclo. É preciso entender se, quando formos todos idosos, estaremos confortáveis em ver os mesmos problemas acontecendo.

Não é possível pensar que o bandido surge de uma sociedade saudável. Como se o bandido fosse uma pessoa que sempre teve família estruturada, comida na mesa, boa educação e de repente resolveu largar tudo para ser mau por diversão. O ciclo da violência não acaba com o assassinato do bandido porque não é o bandido que faz surgir a violência, o próprio bandido já é reflexo dela. Isso é evidente. Em países desenvolvidos, onde as pessoas têm acesso a suas necessidades, a violência é muito menor.

Um bebê que nasce na Noruega e um bebê que nasce no Brasil têm iguais possibilidades de se desenvolverem em seres humanos pacíficos ou violentos. Não faz sentido dizer que o norueguês é NATURALMENTE melhor que o brasileiro. Então, porque será que o brasileiro tem mais chances de ser violento quando adulto?

É preciso que a morte violenta nos entristeça, seja ela a morte de crianças na escola ou a morte de adultos na favela, porque a morte violenta é a evidência de que a lógica do passado segue firme e forte no presente, enquanto se insinua para o futuro. Vivemos, hoje, a certeza da perpetuação da violência por ainda muitos anos. Raivosos, cheios de certezas nos nossos sensos de justiça, contribuímos com ela.

Nesse sentido, vale escutar o podcast “Crime e Castigo”, da Rádio Novelo, que discute sobre o que a sociedade espera da justiça e do sistema prisional: se é vingança, ou reparação. O podcast também se aprofunda sobre o conceito de justiça restaurativa, que é muito interessante. Dentro de um contexto de violência extrema, a tentativa do podcast é de tentar trazer um pouco de humanidade de volta para a discussão, ao invés de nos incentivar a abrir mão dela em definitivo.

Agarrados a esse fiapo de humanidade que nos resta, esperançosos de que um dia romperemos com esse ciclo de violência e morreremos, idosos, num mundo diferente do qual nós nascemos, é que devemos nos perguntar: “Quando faremos alguma coisa? ”

Do site https://www.facebook.com/HBNSB/ HBNSB - Home HBNSB - Home HBNSB. 73,844 likes · 2,082 talking about this. O HBNSB presta uma homenagem a este clássico esquecido do cinema e comenta o basquete daqui e dali. facebook.com facebook.com

Dedicado a aqueles que acham que o esporte é apenas um monte de gente correndo atrás de uma bola.

Avalie este tópico do Fórum do Meu Timão

Responder tópico

Foto do perfil de Gustavo Costadelli

Ranking: 380º

Gustavo 6.446 posts

@guga77 em 26/05/2022 às 06:42

Pessoas que se dizem cristãs e comemorando morte de outras pessoas.

Mesmo que existissem bandidos entre os mortos, não existe nada de cristão em comemorar morte de quem quer que seja.

E nesse caso, está cada vez mais claro que muitos inocentes que estavam por perto, também tiveram suas vidas ceifadas de maneira brutal.

Enfim, lamentável tudo isso.

Foto do perfil de Eder Silva

Ranking: 167º

Eder 10.674 posts

@ederson1981 Apoiador em 26/05/2022 às 06:32

Você tenta simplificar a natureza do ser humano que é muito mais complexa do que achar que somente que porque uma pessoa nasce em uma família estruturada, ela vá se tornar um adulto pacífico... O ser humano tem problemas graves e não lógicas e é extremamente influenciado por emoções, sentimentos de vingança, entorpecentes, etc.

Se fosse tão fácil resolver o problema, já teriam resolvido.

O que você acha que deve ser feito pra combater a violência em um morro do Rio de Janeiro por exemplo?

Foto do perfil de Wiliam Silva

Ranking: 378º

Wiliam 6.457 posts

@wiliamsilva em 26/05/2022 às 06:31

Aqui no Brasil, a direita chucra ia dizer que ele estava querendo lacrar

Foto do perfil de Erik Silva

Ranking: 3.617º

Erik 820 posts

@erik.silva14 em 26/05/2022 às 04:24

Textão desse para defender bandido

Foto do perfil de Tatiane Prado

Ranking: 9º

Tatiane 10.043 posts

@tatiane.prado1 em 26/05/2022 às 04:24

Ou seja até esportes, lazer e entretenimento...precisa de ponderações e mensagens sobre a sociedade seus rumos e discussões sobre o momento na sociedade.

Aliás tem um papel fundamental, de ser mais ideológico porque lida com fãs de pessoas que podem dar bons exemplos de comportamento e se mostrar bons cidadãos acima de tudo.

Num momento que a futilidade nunca esteve tão em evidência, e os extremismos políticos!