Se perguntarem para mim: 'Márcio, você está preocupado pelo aspecto financeiro do clube? ', minha resposta será que sim. Não pelo tamanho da instituição, mas por não confiar na competência e honestidade do grupo que toma conta do Corinthians há anos. Vejam que Andrés foi absolvido ontem no Comitê de Ética do clube, em meio a empolgação com uma contratação. Isso não é coisa de alguém bem intencionado.

Posto isso, a chegada do Giuliano, a iminente vinda do Renato Augusto e mais uma grande contratação preocupa no aspecto financeiro, mas é um movimento necessário para o Corinthians. E incomoda a imprensa falar tanta besteira e desinformação sobre o tema.

Um ponto primordial é a comparação com o Flamengo do Bandeira. Quando o ex-presidente do clube carioca assumiu em 2013, há uma diferença fundamental daquela época para agora: se o Corinthians cair, as receitas de TV caem bruscamente junto. Vejam o caso do Cruzeiro, Vasco e Botafogo. Eles estão com dificuldades na série B justamente por isso.

Vamos pegar como exemplo o Cruzeiro. Eles despencaram os valores da cota de TV de R$ 102,5 milhões para R$ 40 milhões. Ok, pay-per-view não entrou na conta, por causa do fim do campeonato que foi já neste ano, motivado pela pandemia. Mas vocês acham que sobe consideravelmente este valor? Óbvio que não.

Não acho que o elenco atual do Corinthians seja pra cair, mas não podemos negar que há um risco. E se isso acontecer, praticamente acaba com qualquer chance de recuperação financeira do clube nesta década.

Houve críticas também pela questão do estádio, do que o Corinthians está renegociando. Até teve citação de dinheiro público. Ok, isso é um fato quando se dá benefícios fiscais. Só que Inter e Athlético também estão renegociando os valores de pagamento dos seus estádios. Aos corintianos de RS e PR que lerem este post, vocês viram notícias massivas em suas regiões sobre o tema? Difícil, bem difícil. E as condições de financiamento são basicamente as mesmas, do programa da Copa do Governo Federal à época.

Ainda no tema hipocrisia, poucos citam que o Palmeiras é bancado por uma empresa com vários problemas na Justiça, acusada de juros abusivos. Poucos citam que o Atlético MG é bancado por um mecenas, que também tem suas suspeitas e empresta dinheiro ao clube, que já tem dívida maior que a nossa. Também não vi uma pessoa falando que era absurdo o Inter procurar o Giuliano, sendo que eles estão com a maior dívida de sua história. E por fim, poucos citam que o Flamengo tem patrocínio de estatal (Banco de Brasília). Aliás, não é novidade. Entre os anos 80,90 e começo de 2000, foi patrocinado pela Petrobrás. O Corinthians já foi bancado pela Caixa, mas junto com outros vários clubes, inclusive os próprios cariocas. Não foi isolado como com os rubro-negros.

As contratações de melhor nível no Corinthians podem criar novas receitas: mais dinheiro do torcedor na volta ao estádio ou com Fiel Torcedor; potencializar e melhorar jogadores da base que vão estar em um time melhor, o que contribui para vendas no futuro; crescer os valores de premiação por melhores colocações em campeonatos. Talvez aqui more meu maior receio, que é confiar que a Diretoria possa surfar bem essa onda.

Este post não é de um empolgado, porque tenho várias ressalvas a este grupo político. Aliás, a todos atualmente no clube. Mas vejo um caminho minimamente racional neste movimento e, para piorar, também vejo que há uma desinformação e hipocrisia de boa parte da imprensa, não tenha dúvidas.