Méndez é emprestado com números semelhantes aos de uruguaio folclórico do Corinthians dos anos 70
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Por Tomás Rosolino
Dia 5 de março de 2019. Bruno Méndez enfim era apresentado no Corinthians e dava início ao rito tradicional de reforços no clube, fazendo uma breve aparição no campo para imagens ao lado de diretores e indo até a sala de entrevistas do CT Joaquim Grava para uma coletiva. Foi nesse dia que a história dele, ao menos para alguns presentes, começou a se cruzar com a de outro uruguaio alvinegro.
"Qual foi o último uruguaio do Corinthians?", questionou um jornalista na caminhada amena, recebendo como resposta "Lodeiro", meio-campista que pouco jogou em 2014. Pouco atrás vinha Jorge Kalil, então diretor-adjunto de futebol, que ouviu o papo e brincou. "Ufa, pensei que vocês iam falar do Taborda".
A referência do dirigente, de família corinthiana, era a Martín Taborda, meio-campista que chegou com pompa ao clube ainda jovem, aos 22 anos, por um fabuloso preço de 4 milhões de cruzeiros antigos, uma fortuna à época de 1978. O tom na voz de Kalil dá indício do quão decepcionante foi a passagem do compatriota de Méndez, mas, curiosamente, ambos estão em estágio parecido no Corinthians.
Mesmo com o alto investimento - foram 3,5 milhões de dólares para a aquisição dos seus direitos, dois anos atrás - Méndez nunca conseguiu se firmar de vez no clube. Ainda que a ausência de público tenha impedido que a torcida fosse termômetro, como ocorreu com Taborda, ele vai para o Internacional com números incrivelmente semelhantes.
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Ambos fizeram os mesmos 44 jogos e, enquanto Taborda fez dois gols, Méndez fez um. Os dois também demonstraram dificuldade de adaptação na posição em que foram contratados, sendo usados mais como polivalentes peças do que como titulares estabelecidos. Bruno foi lateral-direito e esquerdo, enquanto Taborda chegou a atuar na quarta zaga.
Em um dos raros momentos de felicidade no Corinthians, Taborda marcou, aos 46 minutos do segundo tempo, o gol da vitória por 2 a 1 sobre o São Bento, na reabertura do estádio do Pacaembu. No jogo, Sócrates perdeu um pênalti e a torcida abriu, como virara tradição, uma faixa pedindo "Anistia ampla geral e irrestrita" em meio à Ditadura Militar.
O jogo com contornos épicos fez a Folha (veja acima) cravar que Taborda era o novo herói corinthiano. A lua-de-mel, no entanto, durou pouquíssimo tempo e o meio-campista deixou o clube em uma troca com a Portuguesa envolvendo Daniel González, outro uruguaio, esse bastante relevante no bicampeonato paulista de 1982 e 1983.
Vale lembrar que, conforme apurado pelo Meu Timão, a diretoria do Internacional ofereceu Nonato ao Corinthians. A troca não foi aceita pelo Corinthians. Seria mais uma pequena semelhança entre os dois compatriotas, curiosamente ligados desde a apresentação.