Carlos Brazil mostra força e figurões deixam a base do Corinthians; veja os bastidores
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Por Rodrigo Vessoni e Luis Speyer Fabiani
Desde o começo do ano, uma enorme reformulação está em curso na base do Corinthians. A reportagem do Meu Timão separou os detalhes e explica abaixo, passo a passo, com os devidos personagens, tudo que ocorreu nos últimos dias no departamento de formação do clube do Parque São Jorge.
O caso envolve a tradicional influência política do clube, discussões ríspidas entre os envolvidos, reuniões e jogo de cintura do presidente Duilio Monteiro Alves para tentar apaziguar o ambiente.
Até agora três grandes figurões deixaram o departamento e outros poderão tomar o mesmo caminho numa dança das cadeiras inédita na história recente do clube. Dois dos três que saíram, inclusive, tiveram de ser realocados no CT da equipe principal em meio a essa tentativa de pacificação do presidente.
Confira o passo a passo da reformulação abaixo
Tudo começou com a chegada de Carlos Brazil para assumir como gerente geral. O profissional, considerado um dos mais importantes da base no país, foi trazido do Vasco com a promessa de carta branca para reorganizar o departamento, que tem Oswaldo Neto como diretor.
Diante desse cenário, apoiado politicamente por Neto, o gerente decidiu trazer diversos profissionais de sua confiança. Como noticiado pelo Meu Timão, quase dez profissionais foram buscados no Vasco, seu antigo clube.
Para chegar alguém é preciso abrir espaço. E isso foi feito. A reformulação começou com profissionais antigos do clube, que foram afastados do CT (alguns sendo colocados de férias). Outros encontram novos destinos e também foram embora.
O primeiro grande impacto na base é a saída de Alex Meschini, que deixou o cargo de coordenador do departamento e foi realocado para função de auxiliar técnico de Sylvinho, no CT do profissional. Eduardo Húngaro, ex-Vasco, assumiu a função do ex-meia.
Assim como as outras saídas, a de Alex não se deu de forma pacífica. O Meu Timão apurou que houve conflito entre o ex-meia e o conselheiro Jacinto Antônio Ribeiro, o Jaça, que exerce grande influência na base do Corinthians. O motivo teria sido o vazamento de um áudio, no qual Alex condenava algumas medidas do conselheiro.
Enquanto outros profissionais eram anunciados, como Próspero Paoli (coordenador metodológico), aconteceu a primeira grande confusão. O motivo foi o cargo de treinador do Sub-20 após a goleada para o Atlético-MG, por 4 a 0, em casa.
Carlos Brazil fez o convite a Diogo Siston que, por sua vez, pediu demissão no Vasco. A decisão desagradou Jaça, responsável pela indicação de Tarcisio Pugliese, então treinador da equipe sub-20.
Antigo diretor e conselheiro influente na base do clube, Jaça fez a intervenção e conseguiu segurar Pugliese no cargo. Há relatos nos bastidores de discussões ríspidas até a decisão final. Siston, que já tinha pedido para sair do clube carioca, ficou desempregado.
Em meio à confusão nos bastidores, a equipe enfrentou justamente o Vasco na Fazendinha. O duelo foi recheado de expectativa, já que os dois clubes viviam um clima nada amistoso após a busca de tantos profissionais vascaínos. E o Timão levou uma goleada histórica, por 6 a 0.
No dia seguinte, a reportagem do Meu Timão revelou o atraso de salário de jogadores da base que têm contrato de formação, incluindo alguns do Sub-20. A notícia se espalhou, a torcida fez forte cobrança nas redes sociais e causou enorme transtorno aos responsáveis pela base.
Horas depois, como lanterna do Brasileiro Sub-20, o Corinthians conseguiu segurar o empate com o São Paulo, em Cotia. Mesmo com o resultado considerado satisfatório, a segunda grande mudança foi anunciada.
O Corinthians confirmou a saída de Tarcísio Pugliese, indicado por Jaça. A decisão foi tomada por Carlos Brazil, gerente, em conjunto com Oswaldo Neto, diretor. A expectativa é de Siston, que não voltou ao Vasco, enfim seja anunciado após o cargo ficar vago.
No dia seguinte, a terceira grande mudança na base. O ex-volante Márcio Bittencourt foi realocado para o elenco profissional num setor que nem existia no clube. De acordo com o GloboEsporte.com, o Corinthians criou um departamento de monitoramento dos jogadores emprestados, com Márcio na função de observador.
O ex-volante, alias, também havia sido pivô de outro conflito no começo do ano. Após a saída de Dyego Coelho, Bittencourt foi realocado para o cargo de treinador interino da categoria Sub-20.
A tendência era de que Carlos Leiria, então comandante da categoria Sub-15, e dono de grande trabalho como interino do Sub-20 no ano passado, assumisse o cargo. O motivo da escolha pelo substituto de Coelho também se sustentou em relacionamentos internos no clube. Leiria é desafeto de Jaça e de Márcio, e deixou o clube cinco meses após a troca no comando técnico.
A expectativa é de que Alex, Pugliese e Márcio não sejam os únicos figurões a deixarem a base. As mudanças no departamento deverão continuar nos próximos dias.
Em tempo: vale lembrar que, antes dessa sequência de saídas, um outro figurão da base corinthiana já tinha perdido seu cargo. Fernando Yamada, que exercia a função de gerente, foi retirado do departamento. O ex-goleiro, porém, não foi demitido pelo clube.