Meu Timão

O jogo foi impressionante em vários aspectos. A entrada de Natel favoreceu demais o ataque, junto com Cazares e Otero. Ramiro foi excelente, Gabriel jogou o jogo da vida e Cássio calou a minha boca nesse jogo, embora ele ainda tenha muito a provar. Massacramos, mas eles também criaram perigos. O comportamento tático do Corinthians surpreendeu em muitos aspectos. Vamos ver com detalhes o segredo por trás do jogo - e ainda tem um detalhe interessantíssimo no final do artigo, evidenciando uma coisa que há tempos venho criticando no time.

PRIMEIRO TEMPO

Em ataque, o Corinthians jogava num 4-4-2 ou 3-4-3 em alguns casos (um risco que eu não correria), e defensivamente, o Corinthians se posicionava numa linha de 5 com Gabriel ou Cantillo de líbero dependendo do lado em que o São Paulo estivesse atacando. Ramiro ia ora pela direita, ora pelo meio, e por vezes até de líbero ou defensor do Fágner; Cazares, que jogou como meia-atacante, era um volante mas também virava um segundo-atacante; Otero trocava constantemente de posição com Natel para chegar junto com Cazares ou Ramiro.

Nos primeiros 10 minutos foram de pressão dos dois lados. Aos 5 minutos com Natel chutando numa arrancada após passe primoroso de Ramiro, e depois num contra-ataque poderoso pela esquerda com jogada criada pelo Ramiro e Fagner, passando para o Cazares que dá uma assistência perigosa para o chute de Natel.

Depois o São Paulo pressionava, ora pela direita, ora pela esquerda devido a descida dos laterais. Mancini reclamou algumas vezes quando hania uma quebra de linha, o que nos criou algum perigo pela esquerda. Mas aos 20 minutos, Ramiro auxilia novamente Natel pelo lado direito, fazendo o lateral cair de buzanfa no chão e cruzando rasteiro para que quase Otero fizesse o gol.

E então Otero fez o gol num contra-ataque: Gabriel, apertado por 4, tocou atrás pra Cantillo, que aproveitou a desorganização desse aperto pra fazer um lançamento primoroso para o Otero, que anda conseguiu chutar a gol, o que me irritou pelo fato de Cazares estar livre e correr o risco de errar...mas pelo menos a bola entrou! Kkkkk!

Até aos 32 do primeiro tempo, observem que o ataque do São Paulo se concentrou mais pela esquerda devido as falhas de Cantillo e Fábio Santos, gerando as quebras de linha.
Aos 38, o Corinthians criaria um perigo criado pelo Natel num lance quase igual ao do primeiro gol, e Natel só não passou para o Ramiro livre porque ele sofreu dificuldade pra passar diante de dois são paulinos que o marcavam; e aos 45 Fagner consegue criar toda uma jogada para chutar, mas chuta fraco.
Ao Cantillo sair, lesionado, para a entrada de Camacho, o time passou a evitar um pouco as quebras de linha.

Observem que, apesar da pressão do São Paulo, o Corinthians também finalizou bastante. Dos 7 chutes do Corinthians, 4 foram a gol. Quanto ao São Paulo, dos 7 chutes, 2 foram a gol e 3 foram bloqueados! E a maioria dos passes da defesa do Corinthians foram direcionadas ao meio-campo e ataque, mostrando oportunismo quando devia.

Ramiro pra mim, apesar de alguns erros, foi a principal mola de criação do time. Errou muito pouco e foi preciso ao cobrir Fagner. E como o mapa mostra, ele foi mais um líbero quando Cantillo falhava pela direita.

SEGUNDO TEMPO

Rapaaaaaz...parece que no segundo tempo a lobriga que o Timão tinha na segunda etapa passou tudo para o São Paulo! (kkkkk!) Realmente, no segundo tento o Corinthians é que passou a atacar e o Tricolor a contra-atacar. Atacando pelos dois lados do campo - coisa que há tempos venho cobrando faz tempo ao observar o Corinthians só atacando por um do -, o Timão era bem mais incisivo do que o São Paulo no jogo todo.

Os dois times criaram perigo no início de jogo, mas o Corinthians criava um contra-ataque perigosíssiomo, não gosse Daniel Alves ter puxado a camisa do jogador corintiano, tomando assim o cartão amarelo. Em outro lance de criação, Fagner passa pra Ramiro, que de letra passa perigosamente para Cazares, que não acreditou no lance e desperdiçou um ataque excelente. Fagner e Gil faziam excelente cobertura. E aos 13 minutos, após saída errada do São Paulo, Cazares passa pra Ramiro que quase encobre o goleiro.

E então Leo Natel, machucado, saiu pra entrada de Gustavo Silva. Gistavo jogou bem quando foi exigido, e participou bastante dos perigos pela esquerda com Otero, tentando puxar contra-ataques e sofrendo faltas. E numa bobeada bizonha de Volpi, Ramiro toma a bola e passa pra Camacho, que perde um gol feito por ter pensado demais - quem nunca? Realmente, nem culpo ele pelo gol perdido.

E então veio uma alteração tripla: Luan entrou para sair Cazares, Lucas Piton veio no lugar de Otero Mateus Vital jogou no lugar de Ramiro. Dessa forma Luan veio de falso 9, Vital jogou de meia-atacante e Piton foi pra esquerda e alternando com Luan, fazendo com que Gustavo Silva passasse pra direita, às vezes invertendo para a esquerda. Luan entrou muito bem no jogo, criou bons perigos com o apoio de Piton e Fábio Santos.

Por mais que o São Paulo tentasse, a defesa era bem postada com os zagueiros. Camacho jogou por 2 quando Gabriel perdeu a perna. Gustavo Silva, ainda que tenha participado pouquíssimo (tocou na bola apenas 5 vezes), mostrou serviço: no finalzinho, Gustavo Silva trabalhou com Fáner e passou para Luan, que tentou o ângulo. E ele ainda chutaria num erro de saída do Tricolor, mas Victor Bueno barrou a bola.

Notem que no segundo tempo o Corinthians jogou muito no lado esquerdo, e São Paulo sempre tentou aproveitar a descida do Fábio Santos devido ao Gabriel Sara. A falha do São Paulo foi em não ter adiantado Daniel Alves para que Sara tivesse uma participação mais enfática. Se ele fizesse isso, Luciano e depois Pablo teriam criado bem mais perigos do que criaram - prova disso é que a maioria dos chutes do São Paulo foram fora da área.

Olhem só esses números do segundo tempo:

- 96 passes do Corinthians foram direcionadas entre o meio-campo e 73 no ataque. Apenas 17 passes foram na defesa.

- Os dois times chutaram 6 vezes a gol, mas fora do gol o Timão chutou 4 e o Tricolor chutou 7. Os maiores chutadores do Corinthians foram Léo Natel e OTero com 3; Gustavo Silva e Luan 2 vezes.

CONCLUSÃO

Otero, Ramiro e Cazares, nessa ordem, foram os melhores do jogo hoje. Foram os que criaram mais perigos para o time, intercalando bastante entre a defesa e o ataque: os três defendiam e os três atacavam. Aliás, cobrava muito Otero por ser falho defensivamente, mas nesse jogo ele deu a alma nesse sentido. Além deles, Gabriel foi um primor defensivamente como há muito tempo não vinha sendo.

Mas, proporcionalmente, Gustavo Silva foi melhor que os demais porque foi o que mais criou e o que menos falhou, como mostram os números. Foi muito útil na defesa cobrindo Fagner e foi mais um líbero. Nos três duelos no chão, ele ganhou os 3, dos 5 passes que ele deu, ele acertou os 5. E ainda viria a sofrer uma falta. Detalhe: ele ficou 27 minutos em campo e o coletivo nem prestou atenção nele durante 27 minutos (o tipo de situação que reclamo o tempo inteiro), mas proporcionalmente ele foi melhor que todos os titulares! Isso se chama desonestidade coletiva. E isso não pode existir no Corinthians.

Melhoramos bastante em comparação aos últimos jogos. Massacramos taticamente o São Paulo, mas não quer dizer que eles foram péssimos. A falha, como eu disse antes, foi não ter avançado Daniel Alves - tanto que o meio-campo do São Paulo congestionou justamente o meio-campo e não mais à frente do que isso! E além disso, a constante descida dos dois laterais tricolores desarrumavam constantemente a defesa deles. Mas bola pra frente: ainda acredito em uma vaga pra Libertadores, mas pra isso os jogadores precisam ser mais assertivos no meio-campo, evitar a previsibilidade como hoje e serem menos egoítas para não desmerecer o elenco.

VAI CORINTHIANS!