Glaucio Farina
Depois da recusa de Renato Gaúcho como técnico do Corinthians, a busca pelo novo treinador, cargo mais importante da nossa república, virou uma loteria. E loteria, como sabemos, é um jogo de azar, com grandes chances de se perder.
Não bastasse isso, a aleatoriedade da loteria também é vista pelos nomes especulados. Sei que muitos são apenas especulações, mas não é possível criar uma linha de raciocínio com nomes como Aguirre, Lisca, Sylvinho, Carille, Dorival e Abel, para ficar apenas nos mais comentados.
Se Mancini fosse uma modelo de telefone celular, Abel e Dorival seriam apenas versões “plus” do mesmo aparelho, com um pouco mais de memória, uma câmera melhor, mas ainda sim bem próximos do nosso ex-treinador. Seriam trabalhos com data de validade bem curta. É redigir o contrato e já deixar pronta a minuta da rescisão.
Lisca, que vem fazendo um bom trabalho no América, ainda não tem o tamanho necessário para assumir o Corinthians, por sua grandeza e, sobretudo, pela situação atual. Acredito que ele será, daqui alguns anos, um grande técnico, mas este não é o momento.
Sylvinho é uma aposta arriscada, não tem quase nenhuma experiência como técnico e recusou treinar o Corinthians em 2016. Na época, ele alegou a necessidade de ficar na Europa para concluir um curso, mas pouco tempo depois assumiu um cargo na seleção brasileira, deixando para mim a impressão de que não foram as aulas na Uefa os reais motivos da recusa.
A nossa memória engana, mas o Carille que saiu do Corinthians foi bem diferente daquele que conquistou o Brasil em 2017. O time já vinha mal, capengando, sem profundidade, sem força ofensiva e sua demissão, inclusive, foi comemorada à época.
Por fim, falemos de Aguirre, que para mim tem mais grife do que serviços prestados. Tem quatro títulos no Catar, uma Flórida Cup, um Campeonato Gaúcho e três títulos uruguaios. Isso em 18 anos de carreira.
Sei que a missão é dura, que depois da negativa do Rento todos os nomes sofrerão alguma resistência, uma pressão enorme e desnecessária em qualquer início de trabalho, mas o que mais me preocupa é a ausência de uma lógica que ultrapasse a questão do nome.
E já que é para apostar, gostaria muito de ver Sebastián Beccacece como nosso treinador. Pelo menos sairia desse “mais do mesmo” que é a lista de candidatos ao cargo.
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