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Evidentemente, depois de sair do Corinthians, a imprensa parou de falar do acidente que ele provocou.
em Bate-Papo da Torcida > [SÉRIE] Corinthians e as Sujeiras da Imprensa – Parte 2
Em resposta ao tópico:
Em 1995, o Flamengo tentaria ser o primeiro galáctico da história – pelo menos da nossa, aqui no Brasil.
Falhou miseravelmente na construção do ataque dos sonhos, com a revelação Sávio, o monstro Romário e o regresso Edmundo, tirado das mãos do rival Vasco, vindo do Palmeiras.
Os lindos sonhos viraram música na boca de rivais, que tiravam sarro merecido da tentativa fraca de montar um timaço que só existia, realmente, no ataque. Mas o tal do jovem, inconsequente e amalucado Edmundo, de pouco mais de 20 anos, ainda teria um episódio triste e marcante pra contar, a mais, naquele ano.
Edmundo se envolveu num acidente no fim de 1995. Ele diz hoje que concorreu na culpa pela morte das pessoas naquele acidente, que não estava bêbado e nem infringiu lei alguma de trânsito. Fato é que passados mais de vinte anos, recentemente, o crime prescreveu – e, assim, ele foi isento de culpa, não porque de fato convenceu juri algum de que não matou aquelas pessoas por imprudência ou seja lá qual o motivo.
Como se não bastasse a surpreendente opção por ir para o rival Flamengo em sua volta ao RJ, uma nova proposta – grande e imperdível – viria, pra trocar pra outro rival: o Corinthians, em 1996, que finalmente voltava a disputar a Libertadores depois de cinco anos.
E aí a imprensa começou o seu ataque.
O acidente era lembrado e associado a Edmundo diversas vezes, e pode-se dizer que merecidamente pelo fato do episódio ser recente. Mas a partir do momento em que Edmundo começou a jogar – num amistoso, em que Luizinho, o Pequeno Polegar, jogou por uns quinze minutos, trocando a camisa 8 com ele (ambos, Luizinho e Edmundo, eram conhecidos por chamar e provocar o adversário para o drible), a associação do acidente com o seu jogo em campo começou a ser um tiroteio de lama, puro e simples.
Edmundo marcou gols em todos os rivais e até o inútil gol no jogo de volta da fatídica eliminação para o Grêmio, em Porto Alegre. As expulsões, algumas merecidas, outras não, como na derrota por 3x1 para o Palmeiras, em Prudente, eram, no entanto, a deixa, a âncora que faltava para que a imprensa relembrasse o acidente.
O que tinha a ver um acidente com a expulsão em um jogo de futebol?
Mas pior do que isso e também, muito frequentes, eram as associações ao clube, como se o Corinthians estivesse comprando a culpa dele no acidente ou até o protegendo da prisão, como se não compadecesse das mortes causadas no tal episódio, meses antes.
Uma coisa nada tinha a ver com a outra. Mas vários jornalistas ditos sérios, da escrita, falada e televisiva, insinuavam que o Corinthians estava acobertando um bandido.
“Normal, é um time de ladrões, de torcedores bandidos e de dirigentes marginais.”
Algum tempo depois, ainda dentro da Libertadores, nas oitavas de final, o voo de volta do Equador, após vitória sobre o Emelec, em que Edmundo marcou um belo gol, diga-se, quase terminou em tragédia. E o veneno da imprensa pode ser sentido, sim na maneira como alguns torcedores comuns reagiam.
“Se morressem seria bom. Não estavam com o Edmundo, que matou num acidente? Deviam morrer num acidente, também.”
Edmundo saiu no meio do ano para o Vasco. A imprensa, uma vez mais se aproveitou pra humilhar o jogador e o clube: divulgou-se que ele não queria mais o Corinthians, porque se achava melhor que os jogadores e que o clube não tinha dinheiro para bancá-lo.
Na verdade, recentemente, no podcast Inteligência Ltda, Edmundo disse que recebeu uma proposta do Vasco, que queria trazê-lo por ser ano eleitoral e deu toda a chance e prioridade pra que o Corinthians cobrisse e ficasse com ele.
Havia um clima de que, diante do turbilhão que Edmundo causava na imprensa, não valia a pena.