Patricia Falcão
A base de todo processo de organização social é o desenvolvimento das forças produtivas:
Os portugueses chegaram ao Brasil e encontraram um grupo de índios sedentários e semi-nômades, ou seja, quando esgotavam os recursos do lugar, saiam para outro lado.
Os índios brasileiros viviam majoritariamente no litoral, dessa forma, eram ótimos nadadores e pescadores, bem diferente dos índios peruanos e mexicanos que tinham habilidade com metais.
Devido as tribos e aldeias serem pequenas e diversas não permitiam uma expansão demográfica, estima-se que havia pouco mais de 1 milhão de índios no território nacional. O índio brasileiro tinha característica de comunismo primitivo, uma sociedade igualitária baseada na produção social e não individual, não se produzia pra criar diferenciação social e tudo o que produziam dividiam sem acumulação de riqueza ou excedente. A estrutura econômica são as relações estabelecidas para a produção dos meios de subexistência dessa sociedade.
Lembrando que a base de toda organização social é o desenvolvimento das forças produtivas, a conservação de alimentos é parte importante das forças produtivas dos europeus naquele tempo, por exemplo, e já a sociedade indígena brasileira consumia quase tudo imediatamente.
Essa estrutura econômica de armazenar e conservar, vai determinar a organização política da sociedade, sistema de regras que existem na sociedade mais desenvolvida. Quando o excedente se torna constante a sociedade se fixa num lugar, cresce, aumenta sua estrutura social e politica, se torna mais complexa e surgem as classes sociais. A classe dominante é aquela que se apropria do excedente, promove uma mudança em toda sociedade.
Os índios tinham uma religião anímica baseada em determinado tipo de consideração pela natureza, na medida em que não têm nenhum controle sobre a natureza e se tornam vulneráveis, isso acarreta numa superstição ou tipo de religião. No código moral dos índios a coragem é um valor supremo porque é uma sociedade guerreira, travavam entre si inúmeras guerras. Havia muitas guerras e matança entre as tribos porque era sinal de coragem lutar. A luta pela sobrevivência tornava a agressividade uma regra entre os índios.
Consideraram os portugueses inferiores quando viram que eles tinham inimigos presos e que os lusos não os matavam. Os índios quando capturavam um inimigo, matavam, portanto, viam fraqueza e falta de virilidade dos portugueses que também tinham medo de morrer. Os índios não tinham esse medo.
O que mais espantava os portugueses era a organização social para manter o funcionamento da sociedade indígena na época. Os índios matavam mulheres caso houvesse excesso em relação aos homens já que esses eram guerreiros e caçadores/pescadores. Também costumavam matar crianças doentes devido a precariedade de vida, não podiam se dar ao luxo de cuidar de enfermos.
Quando os portugueses chegaram, os índios valorizaram as peças de ferro, machado de ferro, faca, tesouras, anzóis, etc. Os astecas já tinham entrado nessa seara de descobrir o valor dos minerais porque seu território tinha em abundância. Peru e Bolívia foram as grandes unidades mineiras do império espanhol.
No Brasil havia muito ouro mas estava localizado mais no interior do país, não no litoral. A metalurgia era achada em lugares com fácil acesso ao minério, as tribos brasileiras não desenvolveram essas habilidades. Mas eram peritos em fabricar embarcações, em pescar, nadar, coisa que os indios de Peru, Bolivia e México não sabiam. O índio brasileiro também se isolou e por isso demorou tanto para evoluir, perto dos índios peruanos, bolivianos e mexicanos, o índio brasileiro estava fadado a desaparecer.
Os índios faziam qualquer coisa para ter acesso aos instrumentos de ferro que os portugueses trouxeram porque facilitaria seus trabalhos de caça, pesca, reformas, etc. O livro de contabilidade da feitoria portuguesa, menciona que os índios trocavam X kg de mandioca por 3 machados de ferro e os portugueses trocavam tudo por comida.
Esse interesse pelos instrumentos de trabalho representavam o progresso, a economia de tempo ao ter um machado de ferro que lhe proporcionasse obter madeira mais rápido. Todo ser humano que pode fazer uma tarefa em duas horas ou em dois dias, vai escolher fazer em duas horas.
Os portugueses trouxeram o progresso naquele momento (antes da matança desnecessária dos indigenas)
Fim da parte 1
em Off topic > OFF: Do descobrimento à 1910 - A nossa história