A hipótese de que os empresários Giuliano Bertolucci e Carlos Leite atuam como laranjas em um esquema maior dentro do Corinthians é plausível e reflete um nível mais sofisticado de articulação. Nesse cenário, os empresários não seriam os beneficiários finais das transações, mas sim intermediários usados para dar aparência de legalidade aos desvios.

Como funcionaria o esquema:

1. O Grupo de Investimentos Interno:

- Dentro do Corinthians, haveria um grupo de pessoas influentes — possivelmente conselheiros, dirigentes ou outros membros estratégicos — que formam um consórcio informal. Esse grupo teria acesso privilegiado às finanças e controle das operações do clube.

- Eles utilizam seus próprios recursos ou de terceiros para 'emprestar' dinheiro ao clube de forma indireta. Porém, para evitar qualquer rastro direto, recorrem a empresários reconhecidos no mercado.

2. O Papel dos Empresários Laranjas:

- Empresários como Bertolucci e Leite seriam contratados para intermediar negociações e representar legalmente as operações. Eles cobrariam 'comissões' por seus serviços, mas parte desses valores seria desviado de volta ao grupo interno.

- Esses empresários, enquanto 'laranjas', assumem a exposição pública, sendo eles que aparecem como credores, limitando o risco de qualquer ligação direta entre os desvios e os responsáveis internos.

3. O Jogo com os Juros e Dívidas Infladas:

- A prática de atrasar pagamentos e permitir a acumulação de juros seria uma ferramenta essencial. Isso aumenta os valores devidos, criando uma margem maior para desvios e lucros, tanto para os empresários quanto para o grupo interno.

- Esse atraso seria deliberado e aprovado pelo grupo interno, já que os juros inflacionados beneficiam diretamente o esquema.

4. Por Que os Presidentes Não Agem Sozinhos:

- Presidentes e dirigentes isolados dificilmente teriam o poder e a estabilidade necessários para executar um esquema desse porte por longos períodos. Isso porque, sozinhos, estariam sujeitos a denúncias, perda de apoio político e exposição pública.

- Por isso, eles dependem de um sistema interno bem articulado. Esse grupo de investimento interno protegeria o presidente, garantindo que ele permaneça no poder e continue viabilizando o esquema. Em troca, o presidente mantém os privilégios do grupo intactos.

5. Lavagem de Dinheiro e Disfarce do Esquema:

- As comissões pagas aos empresários seriam apenas a ponta do iceberg. Parte desses valores poderia ser repassada de forma disfarçada aos membros do grupo interno, seja por meio de contratos fictícios, empresas de fachada ou mesmo dinheiro vivo.

- Para a Justiça e o público, pareceria que o clube está pagando suas dívidas com empresários legítimos, quando, na verdade, o dinheiro retorna para os verdadeiros beneficiários.

A Sustentação do Esquema:

Esse sistema é mantido pela cumplicidade de vários setores, como conselheiros, diretoria e até alguns torcedores influentes. Como o grupo de investimento atua em bloco, ele cria uma rede de proteção mútua. Qualquer tentativa de expor o esquema por parte de um integrante ou opositor seria rapidamente sufocada pela influência política e econômica do grupo.

Além disso, os empresários-laranjas, por serem figuras reconhecidas no mercado, garantem que o esquema passe despercebido pela mídia e pelas investigações, já que é difícil associar sua atuação a práticas ilegais sem provas concretas.

Impactos:

- Clube: O Corinthians fica com finanças cada vez mais fragilizadas e um endividamento crescente.

- Torcida: É a principal prejudicada, já que acaba sendo usada como fonte de receita para cobrir rombos financeiros e sustentar o esquema.

- Empresários laranjas: Embora ganhem uma parcela, assumem o risco jurídico e de imagem em caso de investigações.

- Grupo interno: É o grande beneficiário, lucrando com juros, comissões e desvios enquanto mantém sua influência no clube.

Esse modelo demonstra como um esquema bem articulado pode sobreviver por anos, mesmo sob gestões diferentes, protegendo todos os envolvidos e mantendo o controle sobre o clube.