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Ai que saudades do meu Corinthians
Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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Ai que saudades do meu Corinthians

Coluna do Rafael Castilho

Opinião de Rafael Castilho

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Ai que saudades do meu Corinthians

Prefiro ver aquele estádio lotado. Será lindo demais.

Foto: Daniel Augusto Jr/Ag. Corinthians

Aí que saudade do meu Corinthians. Que saudade da minha vida.

Um escritor que eu gosto muito disse em um de seus livros: "a gente só descobre que era feliz quando a felicidade já acabou".

Melancólico? Sim, é verdade. Exagerado? Talvez. Lutando com todas as forças tentamos manter a felicidade dentro do nosso peito, buscando alegria nas pequenas coisas, olhando nos olhos das pessoas que amamos. Passando mais tempo juntos. Vivendo e aprendendo enquanto a vida não volta ao seu velho ou novo normal.

Mas para quem passou toda uma vida te acompanhando, Corinthians, a saudade e a vontade de te ver chegam a ser avassaladoras.

O Corinthians é a dimensão mais encantada da nossa vida. Ir ao estádio é manter ainda viva a criança que habita em cada um de nós.

Ver o Corinthians entrando em campo nos conecta com outras gerações, com nossos antepassados.

O palavrão que gritamos é um alívio que nos cura de muitos males. Tira coisas ruins que podem crescer dentro da gente. Liberta alguns monstros que podem nos matar, ou nos tornar piores.

Mesmo a tristeza do jogo perdido nos ajuda. Resignifica o mal. Cataliza e absorve as tristezas dando a elas um sentido temporal, um tamanho, pois essa tristeza vai durar até o jogo seguinte, quando por esperança ou por dever teremos que nos mobilizar para uma nova vitória.

Sim, o jogo do Corinthians faz com que a gente se sinta um pouco mais importante. Dá algum sentido ao caos que é a existência humana. No estádio somos sabedores que, ao mesmo tempo, somos só mais um, mas que também somos necessários.

Somos só mais um, mas com um grito sentimos interferir na realidade.

Ilusão? Pode ser. Mas o que no mundo não é ilusão? Não seria a vida também uma ilusão?

O dinheiro não é também uma ilusão? Uma ação na bolsa de valores? Todos acreditam que aquilo tem algum valor, e por todos acreditarem - e só por isso - aquilo pode comprar coisas e até pessoas, permanecendo, enquanto mercadoria, como uma boa parcela de ilusão.

Então não me venham com essa.
Tudo na vida é um exagero. A gente se ilude com várias coisas.

Então saibam que a alegria que se sente ao ver o Coringão no estádio é ao mesmo tempo material e espiritual.

Como viver a vida sem o grito de Gol?

Esse grito é a catarse que aprendemos ser tão necessária.
É um congraçamento coletivo. É a troca de energias múltiplas. É conectar-se com o próximo, pois esse é um grito que não se grita sozinho. É um grito que vem da alma. É o momento que quando a gente percebe está abraçado com um estranho, experimentando um gesto sincero de amor. É a solidariedade viva. É ser feliz junto do próximo. É, tal qual o plano de Deus para nós, vivermos como irmãos.

Aí que saudades do meu Corinthians.

Como é difícil viver sem te seguir por aí.

Eu fecho os olhos e me vejo no caminho para o estádio.

Olho para as ruas e vejo corinthianos caminhando desde muito longe. Me ponho a pensar se eles estão economizando o dinheiro da condução, ou querem mesmo caminhar para espairecer, aliviar as tensões, pensar no jogo de logo mais, ouvir a transmissão esportiva do rádio.

Fecho novamente os olhos e sinto o cheiro do pernil assado. Ouço os camelôs gritando, abro uma latinha, sinto aquela corrente de vento gelada.

Elevo um pouco mais meus pensamentos e vejo o esquenta fora do estádio. As bandeiras tremulando. As luzes dos sinalizadores. Os rojões estourando. Um amigo que não vejo faz tempo me encontra. Posso enfim dar um abraço. Que saudade. Beijo sua face. Sinceramente choro.

Que saudade.

Fecho os olhos e me vejo entrando no estádio. Vejo as luzes dos refletores. Eu a cada passo me sentindo insignificante e ao mesmo tempo muito especial. Ouço o hino do Corinthians.

Esse dia será inesquecível.
Certamente irá entrar para a história dos jogos mais especiais de todos os tempos.
O dia em que eu puder me reencontrar com o Corinthians.
O dia em que pudermos viver a nossa velha vida.

Não consigo esperar mais esse dia.

Mas não quero também que liberem só metade do estádio.
Prefiro ver aquele estádio lotado.
Será lindo demais.

Como eu te amo, Corinthians.

Que saudade que eu sinto de você.

Veja mais em: Torcida do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Rafael Castilho

Rafael Castilho é sociólogo, especializado em Política e Relações Internacionais e coordenador do NECO - Núcleo de Estudos do Corinthians. Ele está no Twitter como @Rafael_Castilho.

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