Oswaldo Ohashi
Moro no Japão há vários anos, sou do tipo de corinthiano que não torce para outro time, nem que seja de outro país ou muito menos estado.
Baseado nisso, fui com um amigo japonês para assistir a um jogo de baseball do Hanshin Tigers (time do povo daqui) versus o Yomiuri Giants (time mais rico daqui, da burguesia). Virei fã do Hanshin de cara, esse jogo terminou de uma muito dramática. 1999, junho, dia 12, pensei que o estádio iria cair e olha que já fui no Morumbi, estádio que nos anos 90 tremia mais que os jogadores da Vila Leonor.
Enfim, para encurtar a conversa, após presenciar tanta felicidade de todos ali, perguntei para o meu amigo Futoshi: fomos campeões? Futoshi respondeu simplesmente: estamos em quarto lugar no campeonato. Pensei tipo G4, da para ir para Liberta, não tá tuim. Perguntei novamente: tem quantos times na liga? Respondeu que eram 12 times. Pensei de 12 estão em quarto, não tá ruim nem bom, mas dei meus parabéns pela classificação para o mata-mata. Futoshi, respondeu perguntando: mata-mata? O campeonato acaba amanha e o Giamts já é campeão da liga! Ai perguntei: por que a festa então? Futoshi respondeu: carimbamos a faixa deles, aqui quem manda são os Tigers e nada melhor que isso, simplesmente amamos esse time, queremos títulos, mas é difícil lutar contra o poder e o dinheiro, só queremos que honrem a camisa.
O último título nacional do Tigers foi em 1984, mas eles fazem cerca de 70 jogos por ano em casa, e a média de publico é de cerca de 40.000 por jogo ainda.
Pergunto: não seria isso uma torcida que pode ser considerada como MALOQUEIRA e SOFREDORA?
Nessa experiência, imaginei os torcedores dos 23 anos de fila, esses podem dizer que são sofredores graças a Deus. Eu e a maioria não podemos bater no peito e cantar isso em alto e bom tom.
Quero ter mais paciência e apoiar como o Futoshi, sem pensar somente em títulos, basta honrar a camisa e respeitar a torcida.
Vai, Corinthians! Para o que der e vier!
