“Cheque em branco” do Corinthians à Roma é pior negócio da gestão Gobbi

M cheque em branco para a Roma. Assim pode ser definida a cessão por empréstimo do zagueiro Marquinhos, pelo Corinthians, à equipe italiana. Melhor defensor jovem do futebol brasileiro até o último ano, ele foi repassado em agosto com opção de compra de 3,5 milhões euros (R$ 9 milhões). Uma balela para os padrões internacionais que a direção romanista certamente não vai desperdiçar ao fim da atual temporada.

Mesmo com uma Roma em crise, longe das primeiras posições e de recente troca de treinador, Marquinhos se sobressai com 18 anos graças a seu talento e personalidade. No último sábado, seu time superou a líder e atual campeã Juventus por 1 a 0, gol de Francesco Totti. Nos jornais italianos Gazzetta Dello Sport e Corriere Dello Sport, Marquinhos só teve notas inferiores às de Totti (7 no primeiro e 7,5 no segundo).

A partida do último sábado não é exceção na impactante primeira temporada de Marquinhos. A partir de sua estreia na sétima rodada do Campeonato Italiano, ele foi titular em 16 de 18 rodadas com a Roma. Ganhou até matéria no site oficial da Fifa. “Meu futebol se encaixou bem com o daqui, por ser veloz, para a frente, com muitos passes e valorizando o posicionamento. Claro que tinha sonhos, queria ter oportunidades. Só não imaginava que seria tão rápido”, declarou na entrevista.

Entre os italianos, ainda que tenha um estilo mais agressivo, Marquinhos já é comparado a Aldair, ídolo da Roma na década de 90. Por conta dessa facilidade de atuar no um contra um, já que é rápido, tem boa antecipação e muita atitude em campo, teve o nome já ligado ao Barcelona. As virtudes do ex-corintiano são requisito básico para atuar na defesa azul-grená, normalmente desprotegida por sua natural vocação ofensiva. O zagueiro precisa sempre estar pronto para jogar no mano a mano e correr grandes distâncias. O Barça está de olho. Enquanto isso, o Corinthians…

A negociação com a Roma foi capitaneada por Giuliano Bertolucci, amigo pessoal e representante não oficial de Kia Joorabchian no Brasil. O mesmo que, recentemente, se tornou agente de Paulinho, cuja saída para o futebol europeu é iminente. O Corinthians não percebeu que tinha um diamante em mãos. Insistiu com Wallace, manteve Paulo André na equipe e aparentemente não se esforçou muito para dar perspectivas de futuro para que Marquinhos ficasse. É de longe o maior erro da gestão de Mário Gobbi em 2012, ano de grandes conquistas para o clube.

A Roma, por sua vez, monitora Marquinhos há muito tempo. É comum a presença do scout italiano (observador técnico) da equipe em partidas de futebol de base no Brasil. Um senhor de terceira idade, discreto, com agenda debaixo do braço, é figura recorrente. Faz anotações, pesquisa quais jogadores têm cidadania europeia e repassa à direção da Roma. O Corinthians também fez sua parte: por R$ 9 milhões, enviou um cheque em branco para a Itália.