O Corinthians mudou o seu discurso público sobre a situação do zagueiro Danilo Avelar nos três meses que intercalaram a primeira nota oficial acerca do caso e a entrevista da diretoria de futebol do clube, na última quinta-feira, no CT Joaquim Grava. De "medidas cabíveis para encerramento do vínculo" o Timão agora fala em futuro a ser definido.

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Roberto de Andrade afirma que Avelar segue treinando e situação do jogador será revista em janeiro

O início

A linha do tempo começa na madrugada do dia 23 de junho, quando Avelar assumiu cometer uma ofensa de cunho racial durante jogo online. "Fih de rapariga preta (sic)", escreveu ele a um jogador adversário. O vídeo do jogo foi disponibilizado na internet e, após algumas horas da divulgação, ele admitiu a injúria.

Na tarde daquele dia, o Corinthians emitiu uma nota oficial em que era taxativo: já haviam se iniciado conversas para que o contrato, válido até 31 de dezembro de 2022, fosse encerrado. A história do jogador no clube havia chegado a um fim.

"O Sport Club Corinthians Paulista informa que está em contato com o atleta Danilo Avelar e seus representantes a fim de discutir e formalizar as medidas cabíveis para o encerramento do vínculo. O Corinthians reafirma que repudia toda e qualquer manifestação de conotação racista, coerentemente com sua história de defesa da igualdade e da democracia", divulgou o Timão.

O que parecia ser um posicionamento definitivo, porém, não se concluiu nos dias seguintes, sem qualquer pronunciamento oficial dos responsáveis pelo futebol sobre o caso. O cenário mudou na última quinta-feira, com a entrevista concedida por Roberto de Andrade e Alessandro.

Em uma única abordagem ao tema antes disso, para a Rádio Capital, ainda em julho, o presidente Duilio Monteiro afirmou que a lesão do jogador era o motivo para que o contrato ainda estivesse vigente, sem abrir espaço para um reposicionamento.

O novo posicionamento

"Ele não foi reintegrado porque não estava pronto para ir a campo. Está saindo do departamento médico. Alguns dias treina, outros não. A situação é essa. Vamos acabar o ano e, a partir de janeiro, vamos ver o que vai acontecer", explicou Roberto de Andrade, deixando para o começo da próxima temporada uma definição que parecia acertada lá atrás.

Também presente na coletiva, o gerente de futebol, Alessandro Nunes, aproveitou a resposta de Roberto de Andrade para reafirmar que Danilo Avelar nunca deixou de estar integrado ao elenco do Corinthians. Ou seja, mesmo com uma nota falando em conversas por rescisão e o jogador nunca aparecendo nos veículos oficiais do clube, ele sempre foi tido como integrante do elenco na visão dos diretores.

"Só fazendo um complemento na resposta do Roberto, ele nunca não esteve integrado. Ele só não está inscrito, mas sempre esteve integrado. O caso dele foi de uma lesão, mas circula aqui (no CT) e tem a mesma programação que todo o elenco", completou Alessandro.

Os desenrolares

O posicionamento público da diretoria vai de encontro à nota oficial emitida meses antes, mas concorda com as movimentações recentes sobre o caso. Avelar deu entrevistas no final de setembro admitindo o erro e pedindo uma segunda chance no Corinthians, afirmando ter entendido mais sobre o tema racial no Brasil neste período.

Prestes a completar um ano da lesão no ligamento cruzado anterior do joelho direito, sofrida no empate por 1 a 1 com o Santos, pelo primeiro turno do Brasileiro de 2020, o jogador não pode ter o vínculo encerrado enquanto não estiver apto para a prática da sua profissão. Ainda que o prazo já tenha ultrapassado a média de tempo de recuperação em lesões desse tipo, Avelar segue como um atleta lesionado para o clube.

Com a promessa de definição apenas em janeiro, o Corinthians ganha tempo para que a recuperação seja plena e pode ter um espaço maior de negociação no ano que vem, com a temporada começando e times mais abertos a buscar reforços. Aos 32 anos, Avelar ainda tem contrato até dezembro de 2022 com o clube.

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