De fome à persistência para seguir o sonho: conheça a história de Raniele antes do Corinthians
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Por Meu Timão
Raniele é o novo reforço do Corinthians para a temporada e inclusive vem jogando na equipe titular de Mano Menezes nos treinos. Há uma expectativa grande de que o volante já estreia hoje, às 18h, na primeira rodada do Paulistão. Se agora ele joga em um dos maiores do Brasil e tem a oportunidade de mudar de patamar, antes as coisas não eram tão fáceis.
O jogador de 27 anos já havia afirmado em sua apresentação que tem o dilema de ‘dar a vida’ em campo. Essa história é mais profunda do que parece. Em entrevista ao ESPN, o pai do Raniele, Rubens, contou que o filho escondeu a fome da família para se tornar jogador de futebol.
Após passar batido e ser dispensado nas bases do Bahia e do Vitória quando era jovem, Raniele veio jogar em São Paulo, no Fernandópolis. Na equipe paulista, o volante não recebia salários em dia e dormia das arquibancadas do estádio, sem conforto e com fome em alguns dias.
"Ele disse que, durante os jogos do time profissional, o teto do alojamento tremia. Essa questão da alimentação não era boa mesmo, mas ele teve resiliência para passar por isso. Era um frio de seis graus e não tinha cobertores suficientes para todos", disse Rubens, o pai do jogador.
Depois de anos de destaque no clube, mesmo que em condições precárias, o jogador foi contratado para Sub-20 da Ferroviária. Apesar da conquista, pouco tempo depois a equipe do interior terminou o time de base.
Foi a ‘gota d’água’ para Raniele desanimar de sua carreira no esporte e então, prestou Enem em 2014 e foi aprovado para o curso de matemática em uma faculdade de Amargosa, na Bahia.
"Rani ficou uns oito meses e terminou o primeiro módulo. Ele chegou a estagiar montando e desmontando as redes de farmácias, quando foi chamado de novo pela Ferroviária. Ele quis voltar, mas a mãe dele não queria porque tinha medo. Nós tivemos uma conversa e eu parcelei no cartão a passagem para Araraquara", disse Rubens”, revelou o pai.
Mesmo a família tendo medo, o sonho do jovem estava em jogo. Raniele voltou à Ferroviária em um período de testes por três meses e aí, a carreira decolou. Para a surpresa de todos, se destacou primeiro como zagueiro. Em pouco tempo na Ferroviária, o jogador do Corinthians virou capitão do time sub-20 e foi promovido pelo técnico Antônio Picoli ao elenco profissional na Copa Paulista de 2016.
"Precisava de um zagueiro e vi que o Raniele tinha o perfil necessário para isso, apesar de ser um volante. Ele tem muita capacidade de construir o jogo com um bom passe e uma condução de bola vindo de trás. Ele chega muito fácil na área adversária e faz gols", disse Picoli ao ESPN.
"Tinha uma mentalidade muito estruturada e um entendimento que chamava demais a nossa atenção. Ele controlava bem as oscilações durante o jogo. Se acontecia algum erro, agia com naturalidade", contou.
Depois da Ferroviária, Raniele voltou à posição de origem. Contratado pela Jacuipense-BA, o volante jogou depois por Botafogo-SP, Bahia e Avaí até chegar ao Cuiabá. No clube matogrossense, foi onde a estrela brilhou. Raniele fez uma ótima temporada em 2023 e foi destaque no Brasileirão. O brilho lhe rendeu a oportunidade da vida: jogar no Corinthians.
"Vi de perto a evolução dele ao longo dos anos. Me impressionou porque ele trabalhou muito e teve um ascensão muito segura. Ele tem o perfil de jogador do Corinthians porque o torcedor gosta de entrega, e ele tem isso. O Raniele ainda tem qualidade de jogo e tem a alma corintiana, luta até o final do jogo. Caiu no ambiente perfeito", concluiu Picoli sobre o jogador.