É segredo
Opinião de Lucas Faraldo
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Esse texto será dividido em duas partes. E tentarei ser o mais breve possível. Você leitor não quer mais saber dessa rixa Carille x imprensa x torcida. Mas me dê uma chance de escrever.
O segredo de Carille
Fábio Carille já provou (e segue provando) ser um profissional exímio. Citar seus números e títulos, contrapô-los ao brevíssimo tempo de carreira... Tudo isso seria chover no molhado.
Não é por ser grande treinador, porém, que precisa se envergonhar de querer fechar um treino. Santos, São Paulo e Palmeiras, atualmente, têm boa parte de suas atividades semanais sem presença de jornalistas. É necessário um técnico ter segredos sobre seu time e deixá-los resguardados da imprensa. É inclusive uma das maiores graças do futebol.
O que é desnecessário é expor uma classe inteira de trabalhadores como potenciais espiões para justificar a já por si só justificável atitude de fechar um treino. É isso que incomodou o bom jornalista André Ranieri e todos os demais que cobrem o dia a dia do Corinthians.
O segredo entre imprensa e torcida
Como ficou evidente na repercussão da entrevista coletiva ainda da última sexta-feira, antes mesmo da discussão mais acalorada dessa segunda-feira entre Carille e Ranieri, os torcedores saíram em defesa do treinador. E isso não significou ser contra o "X9" delatado sem identidade revelada. Mas sim esbravejar contra "a corja da imprensa".
Calma lá. O jornalista não tem como função revelar os segredos do treino de bola parada do time. E nisso Carille está certo. A torcida tem direito de se incomodar com este jornalista.
O jornalista tem como função revelar outros segredos. Segredos que nem o técnico, nem o dirigente, nem qualquer outro, por mais bonzinhos que aparentam ser, contam para a torcida por livre e espontânea vontade. Mas segredos que são de interesse público.
Não fosse o jornalismo, a torcida não saberia sobre os recentes escândalos das categorias de base; as negociações enroladas do Fundo da Arena; as cifras de compra e venda de jogadores que influenciam na saúde financeira do clube; os motivos reais por trás do desgaste do gramado do estádio; as promessas não cumpridas dos presidentes. E por aí vai.
O jornalismo também tem função social. Ajuda as pessoas – no caso, os torcedores. Dá voz a quem não tem. Conta histórias pessoais de superação e inspiração que têm o Timão como denominador comum. Expõe injustiças como a violência cometida por policiais militares nas arquibancadas do Maracanã e da Arena Corinthians nos últimos anos ou a discriminação histórica contra mulheres e homossexuais no futebol brasileiro como um todo.
Há segredos e segredos. Há jornalistas e jornalistas. Colocar tudo numa caixinha só é desinformação na certa. Quem perde com isso? O torcedor. Quem ganha? Segredo! Sei que não é o jornalista...
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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