Quem é quem na Notre-Dame do Corinthians
Opinião de Lucas Faraldo
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Corinthians não é só futebol. Nem futebol é só futebol. Que dirá essa coluna!
Me peguei essa semana lendo sobre a história de Quasimodo, mais conhecido como "o corcunda de Notre-Dame", cuja história é contada pela obra Nossa Senhora de Paris, de Victor Hugo, datada de 1831, na qual o escritor francês descreveu uma tragédia romântica protagonizada pelo homem que, deformado por uma corcunda nas costas, tinha como trabalho a tarefa simples e meticulosa de tocar o sino da Catedral.
Na estória, Quasimodo se apaixona pela cigana Esmeralda, que se aproxima do tocador de sino após vê-lo ser achincalhado por uma multidão. Ele se encanta, mas ela não se apega amorosamente e logo se apaixona por outro homem – num romance que resultaria na condenação de morte da moça. No fim das contas, o esqueleto do corcunda é encontrado junto ao da cigana no túmulo desta última: Quasimodo morreu abraçado com Esmeralda.
Entre as leituras sobre o corcunda de Notre-Dame, difícil também não me pegar pensando, lendo, vendo, ouvindo ou escrevendo algo sobre o Corinthians finalista do Campeonato Paulista. eis a receita para imaginar o Sport Club Corinthians Paulista como um Quasimodo.
O Corinthians é historicamente o patinho feio que joga o futebol feijão com arroz. É o corcunda que está sempre lá ditando as badaladas do sino de Notre-Dame.
Há mais de um século cornetado por torcedores rivais e outras pessoas que corinthianas não são, o Corinthians, vez ou outra, bem esporadicamente, se depara com uma Esmeralda. A cigana encanta com envolventes trocas de passes, rápidas triangulações, eficientes defesas, fulminantes ataques, golaços de falta, golaços de cabeça, golaços de dribles...
Mas Esmeralda nunca fica. A apaixonante Esmeralda, às vezes mais apressada às vezes mais paciente, sempre se apaixona por outro. E fica para trás o mal acostumado Corinthians.
O Corinthians de Fábio Carille, para muitos, é um dos mais deformados corcundas a passar pelo Parque São Jorge nos últimos tempos, longe de se engraçar com qualquer Esmeralda que queiram lhe empurrar. "Mas você precisa de uma cigana!", dizem muitos ultimamente.
O Corinthians de Carille dá de ombros porque prefere seguir bailando regado a meticulosíssimas badaladas numa simples (e até pobre) sinfonia. Suficientemente simples. Absolvidamente pobre (ainda que mais pobre que de costume nas última semanas). A lógica é: antes bater o sino do que morrer abraçado ao mero sonho de um bonito futebol.
Que possamos ouvir às 18h de domingo, de dentro da Arena Corinthians, a terceira sinfonia anual de campeão estadual consecutiva. Bata o sino na nossa Notre-Dame, corcunda!
Mais de oito séculos de história foram parcialmente consumidos pelas chamas do incêndio da Catedral de Notre-Dame no início da semana. Nunca estudei a fundo as lendas e relíquias por trás daquele que era e segue sendo um dos mais valiosos projetos arquitetônicos do mundo. Nunca fui a Paris. Não sabia bem como manifestar solidariedade à tragédia – até me pegar pensando no tema a ser abordado na coluna desta semana aqui no Meu Timão.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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