Por que não tenho otimismo no Corinthians de Mancini
Análise de Lucas Faraldo
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Seja como jornalista ou como torcedor que vive o dia a dia do Corinthians, estou animadíssimo com o começo de trabalho de Vagner Mancini. E isso não é otimismo, como brinco no título dessa coluna. É analisar o que está acontecendo no time.
Os primeiros três jogos foram de constante evolução (e ainda muita coisa a melhorar, claro). E para a próxima quarta já começou ótima a preparação. Pelo menos no que cabe ao treinador, o Timão foi assumido por Mancini numa tempestade e vem sendo dirigido de vento em popa até aqui com mares mais calmos e terra à vista.
Como jornalista, falando brevemente, tem sido muito transparente a relação do técnico com torcida e imprensa. Há leveza nas palavras, acredito eu que muito em função dessa transparência construída e até aqui mantida por todos. O aniversariante do dia sempre explica com clareza e sem animosidades tudo o que está sendo feito e passa confiança a todos - inclusive os jogadores, como ficou evidente quando Xavier elogiou o atual treinador e disse não ter recebido explicação de Coelho sobre o porque de ter sido sacado do time titular.
Para o torcedor, é animador ver as coisas evoluindo em campo no começo de Mancini.
O time apresentou um padrão tático competitivo em dois dias de trabalho. Contra-ataca de forma ordenada - só ver no vídeo abaixo como uns mesmos lances (também de defesa) se repetiram em Curitiba, Itaquera e São Januário. E isso óbvio faz com que o time crie mais chances de gol já desde o início do jogo - porque, repetindo, há hoje um padrão, uma organização a ser respeitada dentro do possível do começo ao fim do jogo.
Manteve isso contra o Flamengo, apesar da diferença abissal de planejamento, elenco e trabalho técnico entre os clubes - refletida no placar de 5 a 1.
Ainda assim, a equipe de Mancini não sentiu psicologicamente o vexame e seguiu agressiva contra o Vasco, agora com ótimas novidades: Cazares e Mantuan deram ao ataque mais qualidade técnica e um ar de coletividade que não havia no setor nos outros jogos.
Só finalizando sobre as últimas mudanças na escalação: Ramiro desde o começo (e não Otero, Boselli e nem Everaldo) também ajuda na intensidade. Seja Éderson ou Camacho, qualquer um deles vai se mostrando curiosamente opção mais interessante que Cantillo.
E aí entra a questão física que chamou atenção contra o Flamengo e nos segundos tempos de todos os jogos do Corinthians nesse Brasileirão: quem é fisicamente melhor pra ser agressivo (na defesa e no ataque) o máximo de tempo, terá prioridade (e acho que o fato de o elenco não ter um ponta titular também tira bastante brilho especificamente de Cantillo).
Mas mesmo entre os que estão melhores fisicamente há uma discrepância muito grande para o que é considerado ideal. É urgente no Corinthians evoluir a parte física do time.
E Mancini já "abriu o placar" pros próximos jogos: aproveitou a primeira semana livre só com treinos pra colocar o elenco pra treinar em dois períodos com foco em academia e campo.
Tática, mental, técnica e agora até fisicamente, Mancini "dá estímulos" muito mais eficientes no Corinthians do que os últimos treinadores. Num futebol nacional nivelado por baixo, vejo um trabalho capaz de seguir evoluindo pra beliscar um G8 no Brasileirão e sonhar com alguma coisa na Copa do Brasil. Os jogadores avançando pras quartas, quem sabe pra semi, certamente vão passar a "acreditar que dá". Isso também tende a melhorar a performance nos treinos. Uma coisa leva a outra e um Corinthians competitivo tem tudo pra enfim engatar.
E tudo isso num oitavo trabalho diferente de um técnico no Corinthians em três anos, com salários ininterruptamente atrasados desde o começo da pandemia (atualmente deve os meses de agosto e setembro) e foco da diretoria na eleição do mês que vem. Mas aí começaríamos a falar de um adversário que não compete a Mancini derrotar.
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