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O Corinthians precisa se posicionar publicamente (e claramente) sobre a Taunsa
Mayara Munhoz

Jornalista, 33 anos, mãe do Joaquim. Faço parte do Meu Timão desde fevereiro de 2015. Hoje, sou a editora-chefe dessa loucura toda com muito prazer e amor.

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O Corinthians precisa se posicionar publicamente (e claramente) sobre a Taunsa

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O Corinthians precisa se posicionar publicamente (e claramente) sobre a Taunsa

Taunsa já marcou presença na camisa do Corinthians no começo da temporada; ação foi parte do acordo por salários de Paulinho

Foto: Rodrigo Coca / Agência Corinthians

O Corinthians precisa urgentemente se posicionar publicamente e de maneira clara sobre tudo que tem sido divulgado da Taunsa nos últimos dias. Já começo meu texto sendo bem direta mesmo. É assim que o clube tem que fazer também.

Sem enrolação, sem declarações tentando abafar as notícias, sem "tá tudo certo". O Timão precisa explicar claramente como se iniciou a parceria e quais são as garantias que o clube tem em relação ao parceiro.

Se você passou os últimos dias em uma bolha e não sabe o que está rolando para que eu cobre isso do clube, vamos a um resumo de toda a situação Corinthians x Taunsa.

No último dia 21 de março, se tornou pública a informação de que a Taunsa não fez um repasse referente ao valor acordado com o Corinthians para o pagamento do salário de Paulinho. O volante, como já é de conhecimento geral, foi contrato pelo Timão com auxílio da empresa de agronegócio, que, por sua vez, ficou responsável pelo valor dos salários do atleta.

Apesar do atraso, o Corinthians não deixou de pagar Paulinho, que está com os seus vencimentos em dia. A empresa, segundo apuração do Meu Timão, teria tido um "problema de fluxo de caixa". O Timão se mostrou tranquilo diante de tudo e disse acreditar ser um problema pontual.

No dia 22 de março, um fato isolado, mas que despertou ainda mais a atenção dos torcedores do Corinthians em relação à Taunsa. O site da empresa ficou fora do ar por diversas horas. A plataforma F5 Network, responsável pela hospedagem, suspendeu a conta da parceira do Timão. O motivo real não foi informado, mas a prática de suspensão geralmente é causada por falta de pagamento.

No dia 23 de março, o presidente Duilio Monteiro Alves falou publicamente sobre o caso pela primeira vez. Em entrevista ao canal ESPN, o mandatário do Corinthians confirmou o atraso por parte da Taunsa, mas minimizou a situação garantindo que o salário de Paulinho está dentro da folha salarial do clube.

"E a gente entende um problema financeiro de uma empresa, é normal, eu já tive, o Corinthians já teve, a sua empresa também já deve ter tido, acontece (...) A gente tem um parceiro e a gente aguarda que ele tenha a solução. Se não tiver, o Corinthians tem todas as condições de tomar as suas medidas necessárias para receber. Já deixei claro, o Paulinho está dentro do orçamento do Corinthians do que foi orçado antes mesmo do Paulinho chegar, temos um valor a ser gasto dentro do futebol e ele está dentro. O Corinthians existe há mais de 110 anos e não é de um patrocinador que o Corinthians vai depender para sobreviver", disse Duilio.

No dia 24, o Meu Timão publicou uma matéria mostrando que a força financeira da Taunsa estava sendo questionada pelo conselheiros do Corinthians. A reportagem também apurou que a diretoria alvinegra tomou medidas preventivas antes de fechar o acordo com a empresa de agronegócio, como visitar a sede no interior de São Paulo e fazer uma análise de toda a documentação envolvendo a Taunsa.

Cinco dias depois é justamente essa "sede do interior de São Paulo" que voltou a encher a cabeça do torcedor do Corinthians de dúvidas. Em excelente matéria publicada pela ESPN, os repórteres Rafael Valente e Thiago Cara mostraram como está essa sede e como a empresa é vista em Araçatuba, cidade apontada como o berço da Taunsa.

No local, a reportagem não encontrou qualquer identidade visual ligada à Taunsa, além dos sinais de abandono. Eles não conseguiram encontrar funcionários na portaria e nem itens que mostrem a presença de algum funcionário na guarita, como cadeiras ou monitores. Não encontraram maquinários, nem funcionários na fazenda também.

Além disso, os repórteres questionaram as pessoas ligadas ao trabalho na região e vizinhos do local e poucos sabiam da existência da empresa. Os que já tinham ouvido o nome da Taunsa citaram justamente as matérias sobre o atraso do pagamento do salário de Paulinho. O conteúdo completo pode (e deve!) ser lido aqui.

Em um período de dez dias, então, a parceira do Corinthians, que chegou para ser a solução de diversos problemas no clube, viu sua reputação ser colocada totalmente em dúvida. A desconfiança por parte da torcida pode ser descabida? Pode. Mas, também pode ser verdade.

O que o Corinthians, então, tem que fazer? Como dito acima, se pronunciar de maneira clara e não com respostas evasivas do presidente. Explicar tudo que está rolando, deixar o torcedor mais calmo e, principalmente, por dentro de tudo que foi feito. É o nome do clube, é a reputação do Corinthians.

A Taunsa também deveria se pronunciar, aliás. Desde o dia 21, nenhum representante da empresa falou na imprensa. Cleidson Cruz, CEO da Taunsa, não apareceu mais. E olha que antes disso tudo, ele estava dando entrevistas para tudo quanto é lugar e falando sobre todos os assuntos possíveis. Em duas das mais recentes, Cleidson falou sobre trazer um centroavante de peso, sobre ajudar a pagar Vítor Pereira e sua comissão e até sobre novas possibilidades de parceira entre o clube e a empresa. Depois de tudo isso, silêncio total.

O torcedor do Corinthians merece mais respeito.

Atualização aqui: por volta das 18h30 desta terça-feira, duas horas e meia após a publicação da coluna, a Taunsa se manifestou pela primeira vez sobre as polêmicas. Por meio de nota oficial, a empresa disse que ainda deve ao Corinthians e pediu desculpa aos torcedores.

Veja mais em: Patrocinador do Corinthians.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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