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'Burro, retranqueiro e dependente da individualidade'
Tomás Rosolino

Tomás Rosolino é jornalista faz um tempo. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, ex-Agora SP e Gazeta Esportiva. Hoje no Meu Timão. Vejo muito esporte, todo dia, o dia todo.

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'Burro, retranqueiro e dependente da individualidade'

Coluna do Tomás Rosolino

Opinião de Tomás Rosolino

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Burro, retranqueiro e dependente da individualidade

Tite e Sylvinho, lado a lado, em 2018 - treinador passou por processos semelhantes ao que vive Sylvinho

Foto: Reprodução/CBF TV

A frase que domina o título da coluna é ofensiva, mas talvez uma das mais leves que você vai encontrar ao checar comentários em redes sociais sobre o técnico Sylvinho, que abriu na terça-feira a sua segunda temporada no comando do Corinthians. Mas ela foi tirada de outro momento da história do clube.

O ano é 2005 e o Corinthians, depois de um 2004 sofrível, salvo pelo técnico Tite, contratou estrelas mundiais para o seu time. Carlos Tevez, o jogador Sub-23 mais cobiçado do planeta, foi contratado por 22 milhões de dólares em dezembro - mais caro que nomes como Deco, adquirido pelo Barcelona, e Robben, comprado pelo Chelsea.

Junto com ele chegaram o zagueiro Sebá Domínguez, campeão argentino pelo Newell's, o meia Roger, que estava no Benfica, e o meia-atacante Carlos Alberto, que marcara gol na final da Liga dos Campeões apenas seis meses antes. Os Galácticos corinthianos - referência ao Real Madrid da época - estavam formados.

O problema é que Tite não parecia estar à altura do desafio para a torcida. Lembrava isso perfeitamente de cabeça, mas uma pesquisa sobre o jogo de estreia de Tevez, que completa 17 anos neste sábado, me fez relembrar quão absurdas algumas coisas podem parecer com o passar dos anos.

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Reprodução/Folha de S. Paulo

A manchete da Folha de S. Paulo do dia seguinte à estreia exprime a insatisfação da torcida com Tite, que não colocou Dinelson em campo. Para piorar seu moral, ainda lançou Marinho para segurar o ataque adversário na reta final do jogo pois achava que o time estava cansado.

"Burro, burro, burro" ecoou pelo Morumbi, alugado especialmente para a ocasião. Tite era retranqueiro e ainda assumiu ter sido "conservador" na escolha. Sobre o pênalti da vitória, batido por Coelho, ele assegurou que o lateral da base seguiria como batedor mesmo com a chegada de Tevez.

Dali em diante, falou várias em "processo" de "construção" para dar um padrão ao time. Aos 44 anos, mesmo com uma Copa do Brasil no currículo e outros trabalhos no país, era pressionado pelas escolhas. Não durou mais duas semanas no cargo, sendo demitido por Kia Joorabchian, dono da MSI, após uma derrota para o São Paulo. O time era dependente das individualidades e a torcida queria mais.

Sei que já vai ter muita gente pegando a correlação, me xingando a essa altura e lembrando que, diferentemente de Sylvinho, não era o primeiro trabalho do Tite, que ele tinha ido melhor no próprio Corinthians e que, querendo ou não, o time acabou aquele ano campeão brasileiro. Tudo fato.

Mas é tão fato quanto Tite ter se mostrado, mesmo naquela época, o melhor treinador do clube em um longo período de tempo, capaz de identificar a necessidade de cada momento e de formar, cinco anos depois, uma base para o maior trabalho de um técnico brasileiro neste século. Poderia ter começado antes? Impossível saber.

Sylvinho erra, inegável, mas não que seja um completo desastre

Sylvinho erra, inegável, mas não que seja um completo desastre

Imago by Getty Images

Eu mesmo já tive momentos em que achei que a saída de Sylvinho era o melhor para o Corinthians, que a equipe não engrena e sou, hoje, voz raríssima nos grupos de amigos por achar que ele deve ser mantido no cargo. A insatisfação é geral e tem seus pontos justíssimos, ainda que eu discorde da necessidade de troca.

Reviver a primeira passagem de Tite, hoje tão celebrada por quem viveu aqueles dias - e os péssimos 2006 e 2007 que se seguiram - me fez pensar sobre como o futebol é claramente cíclico e, a menos que se ganhe tudo sempre, haverá desejo por mudança no cargo de treinador.

Sylvinho, na opinião deste que vos fala, erra bastante, mas tem muitos méritos na utilização e estabelecimento da base, é elogiado internamente e nas entrevistas dos jogadores, além de ser uma opção barata para o clube em uma função cada vez mais estimada e cara. Se for para trazer o Klopp, beleza, mas todos sabemos que não virá alguém de nível A (ou até B) da Europa. Por isso mantenho minha aposta neste início de 2022.

Por último, ainda cito uma entrevista que Renato Augusto deu para a Folha de S. Paulo, publicada neste sábado. Para o camisa 8, que viveu ambas as épocas, há o que se comparar até com a segunda passagem de Tite, na qual o treinador não conseguiu manter o nível de campeão mundial em 2013.

"O Tite, antes de ser um grande treinador vitorioso no clube, pediram que fosse embora. Não queriam mais ele aqui, e depois se tornou o que é hoje. Nada como o tempo para resolver pendências, para consolidar um trabalho", avaliou.

Afora o discurso razoavelmente padronizado sobre o caso, vejo verdade na fala do Renato e creio que todos no elenco estão confiantes em resultados em 2022. Não sou só eu que fico mais velho a cada temporada e os experientes sabem que a janela para ganhar está se fechando. Ninguém correria o risco de não competir em alto nível se não acreditasse realmente na capacidade do comandante. Por enquanto, fecho com essa visão.

Veja mais em: Técnicos do Corinthians, Tite e Sylvinho.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Coluna do Tomás Rosolino

Por Tomás Rosolino

Tomás Rosolino é jornalista faz um tempo. Formado em jornalismo pela Cásper Líbero, ex-Agora SP e Gazeta Esportiva. Hoje no Meu Timão. Vejo muito esporte, todo dia, o dia todo.

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    @rogeriocanada Apoiador em

    DDepois que o blog passoua a ter acordo com o CORINTHIANS é impressionante o número de matérias tentando justificar erros da administração.

    Os jogadores gostãm dele pois além de várias folgas na semana, treinam meio periode e no período da tarde chegam as 13 horas e as 15 estão indo embora. Todos protegidos pelo contrato. Quem não vai gostar?

    Quanto a base, se ele realmente ajuda a base, por que deixou o Giovani no sub-20 para ter o Jonibus que não quer mais jogar futebol?
    #FORASILVINHO @FORADANOVA #FORADACARNE #FORAJACA #FORANEGAO #FORAGARCIAS

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    Gabriel 398 comentários

    @awkward em

    Vai se tratar bicho... O que você tem deve ser grave

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    Ronald 3348 comentários

    168º. @ronald.graff em

    Dessa época lembro da pré estreia do Marinho, que estava na arquibancada e a torcida pedindo pra ele descer e jogar, pois o time estava perdendo, como se o Marinho fosse bom jogador. Kkkk

    Torcedor tem cada uma também...

    Esse Dinelson encerrou a carreira dele aqui em Cascavel. Era o 'craque' do time.

    Mas o Tite de 2005 não era nem sombra do Tite de 2011-2015, e convenhamos que futebol não é educado, e ser chamado de burro pode ser um crtica construtiva, dependendo do ouvinte.

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    167º. @caio.vinicius.da.si1 em

    Concordo está muito fora de ponto as críticas nele, deixa ele por lá os jogadores gostam dele e muitos inclusive os que chegaram tem que assumir mais responsabilidade sobre os resultados do time? Roger Guedes e um deles só reclama jogo todo com todos? Fica tudo direcionado pra treinador as críticas e não acho correto.

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    Luis 246 comentários

    166º. @luis.carlos.vitorino em

    2 pontos bem errados na análise, primeiro, Tite não formou base campeã no Corinthians, as contratações foram todas da empresa e sem conversa com ele, ele mesmo disse isso depois e foi um dos motivos que fez ele bater de frente com Kia, segundo que msm que essas críticas que ele recebeu na época, soem parecidas, o Tite nunca foi unanimidade nas críticas como o Sylvinho está conseguindo, 99% da torcida quer esse asno longe daqui

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    165º. @lipao88 em

    Meu Deus...

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    Daniel 1071 comentários

    164º. @daniel.mendes11 em

    Respeito a opinião, mas nos últimos tempos ficou escancarada a diferença de treinadores de verdade para aprendizes...

    Corinthians de Coelho e Corinthians de Fábio Carille.
    Palmeiras de Luxemburgo e Palmeiras de Abel Braga.
    Flamengo de Abel Braga e Flamengo de JJ, com os mesmos jogadores.

    O que o Liverpool cresceu com um técnico Premium, o que o Arsenal perdeu com um técnico pré-histórico