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Lições que ficam da passagem do Guardiola dos Trópicos
Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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Lições que ficam da passagem do Guardiola dos Trópicos

Sylvinho: discurso de coach e desempenho aquém do esperado

Foto: Arte, WFJr.

A primeira lição é que grandeza merece grandeza. O maior clube de futebol do Brasil, aquele do Estado mais rico, com maior potencial de arrecadação, não pode ter no comando do futebol um estagiário com currículo mínimo. Não somente mínimo, mas também ruim, considerada sua experiência francesa.

A aposta teve a cara dos mesmos cartolas que, antes, haviam arruinado o futebol profissional masculino do Corinthians. Aliás, essa é uma atenuante para o fracassado Guardiola dos Trópicos. O departamento parece quarto de adolescente rebelde e desmazelado. E faz tempo.

O supremo mandatário cartoleiro, que somente empolga a torcida com patadas em jornalistas, bancou arrogantemente a permanência do neófito. Afinal, o pequeno Sylvio é "truta" dos hómi, é "das amizadi". E é das menos danosas, para uma nata dirigente que trata Mané da Carne como o Marajá de Bagdad, com direito a suíte master nas viagens da delegação.

O rapazola lyonnais chegou com pinta de modernoso "xanti", vestindo ternos bem cortados, alguns até meio luminescentes. O discurso era aquele que mistura pregação de pastor com auto-ajuda de farialimers. Os jogadores olhavam constrangidos e estupefatos para o efusivo sujeito. A torcida ria, mas fingia que não.

O resultado desse palavrório meio Jimmy Swaggart, meio Leandro Karnal, pareceu folclórico a princípio. Depois, encheu os pacovás. A linha de quatro era: empulhação, dedinho pensativo no queixo, olhar vago de estátua de Rodin e criação de narrativas ficcionais nas coletivas.

O resultado de tanto discurso não atingiu nem mesmo o medíocre, porque 48,06% de aproveitamento significa que nem metade dos pontos foram obtidos. Performance pior do que a de Cristóvão Borges.

Por obra do bem vestido técnico, que logo dispensou a Copa do Brasil, chegamos a acreditar que o Atlético Goianiense era um "puta time". Não era. E lutou até o final para não cair no Brasileirão.

Quem viu a Chape em Itaquera foi levado a acreditar que não era equipe para ser rebaixada. Graças a Sylvio, Juventude, Sport e Cuiabá ganharam reputação imerecida.

Por fim, parte da torcida foi hipnotizada para o conformismo do apequenamento, comemorando entusiasmada o quinto lugar no Brasileiro, atrás do modesto Fortaleza.

Afinal, tomamos ferro do Flamengo (que teve pena e não nos aplicou goleada maior) e levamos um baile do Galo no Mineirão. Até o esfalfado São Paulo nos fustigou em partida de triste memória no Morumbi.

Também passamos a acreditar que a Série D tivesse timaços, vide o sofrimento que a Ferroviária nos impôs no estádio com nome de remédio.

Sylvio saiu com vitória em apenas 37% de seus jogos, o que levou ingênuos e passa-panistas a acreditarem que o elenco era fraco demais.

Ora, um miolo de retaguarda com Cassio, Gil e João Victor é realmente uma baba? Era para ter tomado 40 gols? Os atravancados laterais, Fagner, Fábio Santos e Piton não davam conta do recado?

Que estupendo uso se fez de Giuliano, Willian, Renato Augusto e do mal-humorado Roger Guedes? Que Timão é esse que precisou cerrar muralha defensiva contra o "poderoso" Santo André, depois de marcar em pênalti malandroso?

O que valeu de Sylvinho foi a capacidade da escuta para a moda. Depois do pito de Marcelinho Carioca e dos veteranos da DC, resolveu trocar seus Armanis de 4 mil dólares por agasalhos esportivos comuns. Tipo, para parecer mais pop. A mudança no guarda-roupa, entretanto, não surtiu efeito no rendimento da equipe.

Vai-se o pequenino guardiolinha, deixando como legado dois meses de pré-temporada desperdiçados. Como os infalíveis cartolas não dão o braço a torcer, dirão que o início cambaleante no Paulistão se deve à falta de ritmo, como se o argumento não servisse para as outras equipes.

Enfim, Sylvinho sai bem mais rico do que quando entrou, descontadas as comissões. E, talvez, para amainar os ânimos, Mané da Carne, André e Jaça proponham um busto para homenagear o distinto ex-coach. Idário terá de aguardar mais um tantinho.

Veja mais em: Sylvinho.

Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.

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Por Walter Falceta

Walter Falceta Jr. é paulistano, jornalista, neto de Michelle Antonio Falcetta, pintor e músico do Bom Retiro que aderiu ao Time do Povo em 1910. É membro do Núcleo de Estudos do Corinthians (NECO).

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