O dia em que Di Stefano não foi páreo para o Corinthians
2.2 mil visualizações 23 comentários Reportar erro
Por Tomás Rosolino
Alfredo Di Stéfano é um dos maiores jogadores de todos os tempos, maior ídolo da história do Real Madrid e referência no futebol dos anos 40, 50 e 60. Na segunda vez em que teve o Timão pela frente, porém, viu a "Máquina" do River Plate ser parada pelos alvinegros na noite de um 15 de janeiro, em 1948, no Pacaembu.
O River, então campeão argentino, tinha no ataque nomes como Di Stéfano e Labruna, lendas do futebol argentino. O segundo é até hoje o vice-artilheiro histórico da liga nacional do país vizinho, enquanto o primeiro iniciava uma célebre carreira.
Os dois times haviam se encontrado praticamente um ano antes, em dezembro de 1946, quando o River conseguiu uma vitória por 2 a 1. Di Stéfano jogou aquele duelo, ainda jovem, aos 19 anos, mas pouco fez. Retornou ao Brasil como gente grande e disposto a mostrar toda a sua capacidade.
Em campo, movimentou-se bastante e encantou a crônica esportiva que acompanhava a partida. Parou, porém, majoritariamente na capacidade defensiva de Domingos da Guia, experiente zagueiro que fazia sua última temporada no Timão.
Tida como melhor ataque da história do River, a Máquina abriu o placar em um "lance de sorte" de Di Stéfano, que tentou jogar uma bola para dentro da área após a zaga afastar e, na confusão, viu ela encobrir o goleiro Bino.
O Timão, porém, não diminuiu seu ritmo e empatou quando Servílio chutou forte, o goleiro espalmou e Bode conferiu no rebote. A torcida, presente em massa e sedenta por alegrias em meio ao jejum de sete anos sem títulos, vibrou e transformou o Pacaembu em uma "loucura" segundo o Estado de S. Paulo.
O tento da vitória veio já perto do fim, com participação de um dos maiores da história corinthiana. Claudio arrancou pela direita, passou por dois marcadores e serviu Ruy, que só teve o trabalho de empurrar para a rede na conclusão.
Corinthians e Di Stéfano voltariam a se encontrar quase duas décadas depois, em 1966, quando o argentino encerrava a carreira pelo Espanyol. Na decisão da Copa Cidade de Turim, empate por 1 a 1, com gol de Rivellino, e vitória corinthiana nos pênaltis por 4 a 3.
Ficha técnica de Corinthians 2 x 1 River Plate
Competição: Amistosos
Local: Municipal Paulo Machado de Carvalho, São Paulo, SP
Data: 15 de janeiro de 1948 (quinta-feira)
Horário: 21h00 (de Brasília)
Árbitro: Francisco Kohn Filho
Gols: Bode, Ruy (Corinthians); Di Stefano (River Plate)
Renda: Cr$ 237.024,60 (Cruzeiros)
CORINTHIANS: Bino; Domingos da Guia, Belacosa, Palmer e Hélio; Dino, Cláudio Christóvam, Servílio e Baltazar; Bode e Ruy.
Técnico: Gentil Cardoso
RIVER PLATE: Carrizzo; Vaghi, Ferreira, Iácono e Rossi; Ramos, Reys, Moreno e Di Stefano; Labruna e Losteau.
Técnico: José Maria Minella
Fonte: Almanaque do Timão