Peter Gauss
Há livro chamado “Fora-de-série”, que analisa o que leva essas pessoas fora de série (Os John Lennon e os Steve Jobs da vida) a serem especiais nos esportes, música, emprego, etc.
Ao contrário do que diz o senso comum, não é apenas o DNA, a luz divina ou sei lá o que que os faz especiais. É principalmente o treino, muito treino. Não que todos seriam o Messi se treinassem muito, mas sim que o Messi não seria o Messi se não tivesse treinado tanto. Em outras palavras, se o Cristiano Ronaldo nascesse no Canadá, um país sem tradição nenhuma em futebol, ele provavelmente nunca treinaria futebol e não seria “O” Cristiano Ronaldo.
Foi baseado justamente nesse livro que criou-se o conceito de Sub 23:
- Antigamente, aos 20 o jogador já estava pronto para competir com adultos, pois mesmo sem ter treinado tanto quanto eles na vida os mais velhos já estava na descendente física, assim, na correria a molecada compensava a falta de treinos
- Num dado momento a preparação física deu um salto, e os jogadores de 28,30 passaram a ter mais técnica (treino) e melhor condicionamento. Assim a molecada de 20,21 anos perde espaço, deixa de treinar e de se desenvolver. Ou seja os tempos mudaram. Precisavamos criar condições para que os jovens pudessem voltar a jogar, se desenvolver e encontrar o seu espaço em condições de igualdade..
- Foi assim que surgiram os times B, ou sub-23, para permitir aos jovens continuar jogando, se desenvolvendo. Muitos craques de hoje passaram pelas equipes B de seus times, e assim puderam se desenvolver e chegar ao time A. Não é frescura, não é falta de vontade. Isto é ciência. Os caras hoje precisam jogar MUITO mais para poder competir.
Aqui um parêntesis importante: A função da base é COMPOR ELENCO, não ganhar títulos, não criar craques. Quem não desperdiça dinheiro formando elenco pode pagar caro num craque formado em qualquer outro clube.
Agora, vamos à parte triste: comparar toda essa filosofia com a situação atual do nosso timão:
1. O jovem faz 21 anos e estoura a idade do sub-20,
2. Ele é emprestado para algum time sem expressão (preferencialmente o Oeste),
3. No Oeste o técnico e a diretoria não tem compromisso ou obrigação nenhuma de desenvolver o talento do cara, Eles precisam é fazer resultados para o Oeste
4. Como está competindo por posição com gente de 25,27 anos, mais rodada e mais treinada, o cara vai para o banco, pára de jogar e de se desenvolver
5. Volta para o Corinthians 1,2 anos depois tendo feito uns 10 jogos no máximo. Sem se desenvolver física, técnica ou taticamente.
6. Com 22 anos acaba o empréstimo
7. Ele é dispensado e o nós o chamamos de “novo Lulinha” aqui no fórum
Ou então o jogador vai para o elenco profissional do Corinthians, come banco um, dois anos e acaba emprestado ara o mesmo Oeste, aí mais velho, mas também sem jogar faz dois anos.
Neste momento os mais saudosistas estão pensando “isso tudo é frescura”. A comprovação desta tese pode ser provada por dois dos maiores jogadores de hoje: Messi e Cristiano Ronaldo. Os dois fazem mais gols despois dos 30 do que antes. Nos tempos de Pelé, algo como isto era inimaginável. Sei que com 20,1 muita gente já tem a obrigação de cuidar de uma casa, de um filho, e isso é louvável, mas provavelmente até quem teve esse fardo não tinha o nível de exigência profissional que ser jogador do time do Corinthians tem.
Por tudo isso o método para a montagem de elenco do nosso Sub-23 está totalmente errado. O Sub-23 é apenas mais uma categoria de base, como o Sub-15 ou o Sub-17. O mundo mudou, o mundo cresceu e evoluiu e o Sub-23 é apenas uma adequação a tudo isto. Falar dos negócios suspeitos envolvendo a formação do nosso time é chover no molhado, mas falar em extinção do Sub-23 por conta disso é como falar que não deveriam ser vendidos mais carros pois existem acidentes que matam e machucam muita gente. O problema não são os carros, mas quem os dirige.
