Meu Timão

José Ferreira Neto (ou 'Craque Neto', como batizado pelo anti-corintiano Milton Neves) enquanto jogador (quando era simplesmente o nosso 'Xodó da Fiel'), é sem dúvidas um dos maiores ídolos da história do Corinthians. É inegável que ele está para o nosso primeiro título nacional, em 90, assim como Romário está para o tetra da seleção brasileira em 94.

Ao trocar as chuteiras pelos microfones (pulando a fase de dirigente no Guarani, pois não tem relevância aqui), Neto fez o caminho que muitos ex-jogadores fizeram e fazem até hoje, ainda que sem vocação jornalística. E digo que tal vocação é necessária porque aprendi na faculdade de Comunicação Social que se você é um comentarista em um veículo de imprensa - ainda que seus comentários tenham caráter empírico e/ou técnico sobre determinada área específica em que você é ou foi profissional - você está praticando jornalismo. E o faz pelo simples fato de estar numa posição de FORMADOR DE OPINIÃO.

Não estou aqui afirmando que ex-jogadores deveriam necessariamente ser formados em Jornalismo antes de se aventurarem na carreira de comentarista. Apenas defendo que sejam orientados por seus empregadores de que a partir do momento em que passam a emitir suas opiniões para um público consumidor (a audiência das emissoras), devem levar em conta a responsabilidade de que tudo o que é dito 'no ar' acarreta em consequências, com efeitos positivos ou negativos.

No caso específico do protagonista deste tópico, o papel desempenhado evoluiu de simples comentarista para apresentador de programas diários. E como tal, deveria ser responsabilizado mais ainda por tudo aquilo que sai da sua boca. Claro que existe a liberdade de imprensa, a livre expressão e até mesmo (no caso do programa do Neto) a inexistência de uma linha editorial, dando carta branca ao apresentador ligar a metralhadora verbal e atirar pra todo lado sem a mínima responsabilidade, coerência e sensatez. E assim seguirá, pois se tem audiência vale tudo. Seja na TV, no rádio, na Internet ou nas Redes Sociais.

Não apenas por ter estudado na área de Comunicação, mas por ser ávido consumidor de mídia esportiva (principalmente ligada ao futebol), aprendi a não levar o Neto a sério. A não encará-lo como formador de opinião. A assistir seus programas apenas para sorrir. A dá-lo audiência pela comédia que proporciona, não para buscar informação. E aconselho a todos os amigos corintianos a fazerem o mesmo. Não pensem que pelo fato do Neto ser ídolo do nosso time, que ele nos representa na mídia esportiva. Que ele é uma bandeira do nosso querido SCCP fincada na imprensa. Ele não tem compromisso com a informação. Tem com a audiência! Considerem o quanto Neto contribui para um mal que assola a nossa torcida e prejudica a imagem do Timão: O IMEDIATISMO! Jogador que mal teve oportunidades de entrar em campo já é chamado de ''Pé de Rato''; se não faz um número X de gols por ano, não serve pra jogar no Corinthians: dane-se a posição que o cara joga, dane-se o desempenho; se o cara faz um jogo ruim, já ''Numm dá maaais'': dane-se que jogou bem em outros jogos; técnico que ainda nem estreou: ''Numm vai dá ceRRRto''... E por aí vai...

Neto como apresentador, é um ''Baita'' humorista. Como formador de opinião, vira um ''Baita'' mal desnecessário.