Márcio S
Elenco do Corinthians em 1976: Tobias; Zé Maria, Moisés, Zé Eduardo e Wladimir; Givanildo, Ruço e Neca; Vaguinho, Geraldão e Romeu.
Nenhuma estrela. Os dois grandes jogadores do Timão eram os laterais Zé Maria e Wladimir. No ataque, Vaguinho que nunca foi estrela, era o melhor. Os demais eram medianos. Enfrentaram a chamada 'Máquina Tricolor', uma quase seleção brasileira da época. Rivellino, nosso maior jogador da história, jogava pelo adversário.
Antes do jogo, a imprensa e os torcedores adversários falavam que mais uma vez, o Corinthians ficaria na fila. Seriam 22 anos na fila. Seria desclassificado nesta semifinal. A razão estava com eles, mas para a FIEL, o que valia a pena era apoiar o time. E lá foram 70 mil corinthianos para o Maracanã.
O fim dessa história foi a classificação para as finais, portanto, ela continua. E na final, perdemos para outro time superior ao nosso, a seleção do Internacional. Eu era ainda um garoto, mas nunca vou esquecer carros e bandeiras na rua, buzinando, pessoas celebrando o Corinthians mesmo com mais um ano na fila e DERROTADO na final. Sabe por quê? Porque para o corinthiano daquela época, torcer não dependia de títulos. Éramos apaixonados pelo time e isto bastava. Ninguém pediu a cabeça do treinador, ninguém pediu a saída de jogadores, apenas reconhecemos que nos representaram bem.
Hoje, em 2022, quanta diferença! Vejo alguns corinthianos nas redes sociais chamado outros de burros porque eles vão apoiar o time nesta terça -feira. Pela razão, todos sabem que o adversário é muito mais forte. Todos sabem que as chances de classificação são muito pequenas, nenhum jornalista acredita em nosso time, mas o que entristece é que vemos aqui pessoas que se dizem corinthianos apenas querendo expulsar jogador, treinador e ainda, tira onda com quem quer apoiar o clube, independentemente do resultado.
Cadê o DNA corinthiano de apoiar até o último minuto? Está se perdendo aqui nas redes sociais. Não somos mais aquela torcida de 76 que apoiava o time, mesmo se perdesse. É algo que não se explica, não existe razão. Então, se formos desclassificados, está tudo bem. Está tudo bem mesmo! Porque sempre haverá Corinthians. Se não der este ano, vamos com tudo no ano que vem. Apoiar e torcer, mesmo com chances quase nulas não é a opção, é algo que quem tem o DNA de Corinthiano (com letra maiúscula mesmo) faz.
A maior luta do Corinthians não é contra o time carioca, é entre ele mesmo. A torcida da razão, das críticas, do tudo errado, do 'sai VP', do 'sai, Willian', do 'já perdemos' contra a torcida do verdadeiro DNA corinthiano, do 'é maluquice, mas vou apoiar', do 'eu acredito', do 'valeu time, chegaram até aqui'. Além do jogo contra o mengo, está o jogo sobre nossa própria identidade. Espero que o DNA Corinthiano vença o racional corinthiano, aquele com letra minúscula mesmo.