Jose Roberto
Que lindo e bem colocado texto e fico fulo da vida quando alguns pseudos entendidos do futebol afirmam que Pelé foi superado por alguns digamos craques atuais. Pelé foi um ET e não merece em hipótese alguma ser comparado com nenhum outro jogador da história do futebol mundial desde o seu primórdio simples assim. Morreu Edson Arantes do Nascimento mas Pelé sempre será eterno simples assim.
em Bate-Papo da Torcida > Na verdade, Pelé morreu faz 13 anos
Em resposta ao tópico:
Em 2009 consolidavam-se, ainda mais, Messi e Cristiano Ronaldo e nascia para o futebol do Brasil e do mundo, Neymar.
Nosso mundo já é cruel o suficiente com lápides, pedaços de pedra que envelhecem, se desgastam e se apagam em quintais transformados em mausoléus ou cemitérios velhos, abandonados. Que dirá então aos registros da história. Se não tem foto, não é fato. Se não é colorida, não merece atenção. Se não é HD, nem quero ver.
Alguns chegaram a afirmar que Maradona, com seus trezentos e poucos gols, foi melhor que Pelé. Maradona nem exemplo de profissional foi, menos ainda de homem e de companheiro de profissão, como comprova o caso de Branco e a água envenenada. Tudo isso porque os feitos de Maradona estavam registrados em imagens coloridas e resgatáveis, ao passo que os de Pelé viviam na boca, na lenda do povo.
Lenda esta que foi suficiente para inspirar, Abdis, Ronaldos, Edilsons, Zicos e tantos outros que se inspiraram só pela prosa, pela lei oral dos decretos divinos do Rei do Nascimento.
Anos 80 e 90, era fácil ver uma criança dizer que queria ser o novo Pelé. Ronaldo Fenômeno, após o histórico gol contra o Compostela, foi 'morfado', na matéria de um jornal, com seu rosto indo de Nazário a Arantes do Nascimento, em artigo histórico que exaltava a materialização da luz de Edson agora no corpo do garoto carioca, fã de Zico.
Pelé inspirou pela lenda, acendeu a imaginação do impossível, como se fosse um Hércules que, só pelos seus doze trabalhos não testemunhados, fez nascer uma geração de Marvels e DCs, em quadrinhos e cinemas.
Mas, desde a era do HD, dos super comentatistas verborrágicos, cheios de razão, propriedade e números, desde o adventos das redes sociais que promovem, revalidam e reafirmam a imagem dos novos deuses do futebol, os altares e estátutas que lembram o rei foram ruindo, empalidecendo, se craquelando ao sabor do tempo cada vez mais frenético. Crianças não querem mais ser Pelé faz tempo. Querem ser Neymares, Cristianos e Messis. Querem ser meninos mimados, festeiros, Gkays do futebol, imperadores dos números ou sim, mestres do drible, mas limitados a uma perna só, a repertório curto, embora eficiente.
Eficiência e objetividade foram trocadas pela magia do erro perfeito, da ameaça do inesquecível, como o relâmpago que estoura ao teu lado e te poupa a vida, assim foram os quase-gols de Pelé, ainda mais fantásticos do que os golaços somados dessas três celebridades futebolísticas soerguidas ao lugar do Rei.
As folhas valem mais do que as raízes hoje em dia. Talvez o próprio Pelé foi um dos sintomas dessa crueldade humana, talvez ele mesmo tenha feito que se esquecesse Charles Muller, Leônidas, Baltazar e outros.
Mas quando o fez, trouxe três Copas e foi a referência do maior esporte de todos os tempos.
É triste que uma geração ilusiva e ilusória tenha praticamente escolhido abdicar, abrir mão, apagar a velha chama que alimentou os milagres do futebol durante tanto tempo.