João Adauto
Com 70 minutos do penúltimo jogo da fase de grupos da Conmebol Libertadores, o Corinthians jogou a toalha. O placar marcava 3 a 0 para o Independiente del Valle quando Vanderlei Luxemburgo tirou Renato Augusto e Róger Guedes, os dois principais jogadores da equipe.O recado era claro: a eliminação estava sacramentada e a prioridade a partir dali passava a ser fugir da zona de rebaixamento do Brasileiro. Organizado dentro e fora de campo, o Independiente del Valle atropelou o Corinthians. Fez três, criou chances para mais e tirou o pé do acelerador na etapa final. A diferença de organização tática entre os equatorianos e os brasileiros já tinha sido notada no jogo na NEOQUIMICA ARENA, em que o Timão perdeu por 2 a 1, mas ficou ainda mais gritante na partida em Quito. Foi constrangedor, mas longe de ser o maior vexame do Corinthians na temporada. O clube acumula fracassos e decepções em 2023. Caiu nas quartas de final do Paulistão para o Ituano, penou para passar pelo Remo na Copa do Brasil e está um ponto acima da zona de rebaixamento do Brasileirão. Porém, as grandes vergonhas no ano vem de fora, não de dentro do campo.
Vexame é ter quatro treinadores no intervalo de duas semanas. É dar duas pré-temporadas para um técnico e, por falta de convicção, demiti-lo em um momento em que o substituto não tem tempo algum para treinar. É possuir um dos maiores faturamentos do futebol brasileiro e atrasar direitos de imagem e FGTS dos jogadores. O Corinthians contratou apenas três jogadores na primeira janela de transferências. Dois deles, Romero e Chrystian Barletta, nem sequer ficaram no banco de reservas contra o Del Valle por opção de Luxemburgo.
Por muito tempo, a diretoria do clube disse que não havia urgência para reforçar o elenco e que aguardaria a segunda janela de transferências para isso. Quando o mercado reabrir, em julho, o Timão já estará fora da Libertadores, talvez até da Sul-Americana, e mais de um terço do Brasileirão terá sido disputado.
Após 11 jogos e 37 dias de trabalho, Vanderlei Luxemburgo não consegue dar regularidade à equipe. É possível questionar alguns métodos do bombeiro para lidar com o fogo, mas todo mundo sabe que não foi ele o responsável pelo incêndio. Diante do Del Valle, a estratégia foi marcar 'baixo', no campo de defesa, mas mesmo assim o Corinthians foi envolvido com facilidade e cedeu muitos espaços. O principal problema se deu no setor esquerdo da defesa, onde os equatorianos conseguiam criar vantagem numérica de jogadores e infiltravam na área entre Murillo e Matheus Bidu. Foi por ali que Hoyos marcou os dois primeiros gols.
Luxemburgo tentou corrigir o problema com a entrada de Roni no intervalo, acabando com a linha de cinco defensores e montando um 4-4-2. Nessa formação, porém, os dois meio-campistas abertos do Timão passaram a ser Renato Augusto e Maycon, jogadores que oferecem pouca velocidade. Enquanto o Del Valle impressionava pela mobilidade de seus atletas e a capacidade de variação tática - Ortíz, por exemplo, foi meia no primeiro tempo e líbero na etapa final - o Corinthians era um time estático, pouco combativo e sem criatividade alguma.
Sem ideias ofensivas, a equipe se limitava a entregar a bola para Róger Guedes e esperar que ele arrumasse algo. Responsável por metade dos gols do Timão em 2023, o camisa 10 não conseguiu resolver sozinho dessa vez.
Bruno Cassucci
em Bate-Papo da Torcida > Maior Vergonha de 2023 Não foi a Eliminação da Libertadores…