Lucas Tocachelli
Meu irmão que relato top, história de luta, sofrimento, batalha e volta por cima sem desistir, esse é o espírito do corintiano que contagia multidoes através das gerações. Sucesso sempre e vai Corinthians!
em Bate-Papo da Torcida > Eu vivi um dia mágico na Arena
Em resposta ao tópico:
Eu escrevi um tópico falando que ia levar meu sobrinho que mora na França pra ver o jogo na Arena.
E hoje, escrevi um tópico dentro da Arena.
E passou um filme na minha cabeça.
Eu nasci na zona sul, perto de Pedreira, Vila Joaniza, Vila Missionária. Ou seja, eu morava na quebrada. Hoje moro em Sorocaba.
A gente nunca teve grana. Teve uma época que meu pai ganhou um pouquinho melhor, então ele comprou uma TV colorida. Isso lá por 1987, quando eu tinha 7 anos. Comecei a ver alguns jogos nessa TV.
Eu não ligava muito pra futebol. Só passei a ligar de verdade em 1990, por conta da Copa. Assisti o Paulistão vencido pelo Bragantino do Luxa. Ali fiquei apaixonado pelo Neto (meu pai teve que explicar pra mim o que era um gol olímpico, como o que o Neto fez contra o União São João) e bravo junto com o meu pai pelo Lazaroni não ter levado ele pra Copa.
Em seguida, ganhamos o primeiro brasileiro de maneira mágica, pois nosso time era bem mais ou menos. E vieram vários times e títulos. Eu comecei a ir no estádio com uns 15 anos. Ia sozinho, na caravana da Gaviões.
Tinha só o dinheiro do ingresso e do pão com pernil, sempre dinheiro contato. Ia de carona no ônibus e muitas vezes fui a pé da Av. Santo Amaro onde passava a linha Vila Guacuri - Itaim Bibi, até o estádio do Morumbi. O último jogo que eu vi no estádio foi Corinthians 5x2 Portuguesa em 2001.
Depois a minha vida ficou bem mais difícil. Minha mãe foi embora, fiquei só eu e meu pai que acabou ficando desempregado e se entregou para o alcoolismo. Então eu bancava a casa e não tinha mais tempo, nem dinheiro pra ir no estádio. Chegamos a passar fome, porque o meu trabalho começou a atrasar o salário. Um amigo feirante trazia o que sobrava da feira pra gente.
Meu pai parou de beber em 2005 e passou a se cuidar sozinho. Eu já tinha ido trabalhar com TI e fui crescendo cada vez mais. De suporte, virei desenvolvedor. Hoje sou arquiteto de software.
Nunca mais voltei no estádio, não sei explicar porque. Mas se eu perdi 20 jogos do Corinthians nesses 22 anos foi muito. Sempre amei e sempre amarei. Hoje assino todos os streaming que passam jogo.
Eu tenho 3 amigos de infância, nós nos tratamos como irmãos (dois deles são de fato irmãos de sangue um do outro). Cada um deles tem um casal de filhos. E um deles foi morar na Europa, por volta de 2006.
O filho dele adora o Brasil, nasceu aqui e foi embora com 3 anos. Ele veio passar o mês de julho aqui. Tatuou a bandeira do Brasil na costela. E pediu pra ir ver um jogo comigo na Arena. O filho do meu outro amigo de infância também é corintiano, primo de sangue desse que mora na França, e vai na Arena de vez em quando.
Nós então compramos os ingressos e fomos hoje.
Foi um dia mágico. Eu chorei umas 3x.
Eu era um fodido, sem grana, sem nada.
Esse ano eu consegui comprar meu primeiro carro 0km, uma Renegade (mas não jogo beach tênis e nem sou de beber gin, como o Jorginho kkk). Fomos nela até a Arena, estacionamos lá dentro.
Entrei na Todo Poderoso e comprei uma camisa do título de 90. Igualzinha a minha primeira camisa, a 10 do Neto que minha mãe me deu. E comprei uma camisa do Cássio para o meu sobrinho da França. Meu outro sobrinho comprou uma camisa da Democracia Corinthiana pra namorada são paulina que foi com a gente.
Na saída da Arena, ela falou que estava triste, porque não vai conseguir torcer para o SPFC na semi, depois de hoje. A fiel picou ela, já era.
Na volta pra Sorocaba, paramos no Madero pra comer.
Eu, um fodido, que passei fome, hoje tenho a possibilidade de fazer um rolê de boy pra ver o Corinthians jogar.
Foi um dia mágico para o meu sobrinho que disse que nunca viu uma torcida como a nossa. Ele direto vai assistir jogo do PSG no estádio. Além de torcer pelo Liverpool. A namorada do outro sobrinho pelo jeito virou corintiana. Saiu brava com o Roger Guedes, que segundo ela é muito fominha.
Aqui os três, o Arthur da França no fundo. O Allef e a Laiz na frente:
E mais fotos do dia mágico:
Vai Corinthians!