'Vai, Corinthians'. Impressionante como uma expressão tão simples simboliza o sentimento de 33 milhões de pessoas mundo afora.

Mas o que é 'Vai, Corinthians'?

É o clamor do povo, é a junção das raças, é uma miscigenação genuína e espontânea que empurra, e por muito tempo implorava, para que aquilo que mais amam prosperasse.

Foram anos e anos de súplica. 'Vai, Corinthians, pelo amor de Deus, eu não aguento mais sofrer.' Mentira, aguentava sim e aguentaria por mais centenas e centenas de anos.

23 anos na fila? Eu ficaria 123,223,323...

Hoje ostentamos a grandeza que sempre foi inerente ao maior clube do mundo através de títulos, mas sabemos que nunca foram necessários.

'Vai, Corinthians.' Apenas Vai, não lhe peço troféus, não lhe peço espetáculos. Apenas Vai à campo e coloca o pobre e o rico, o preto e o branco lado a lado, na ponta da chuteira. Vai e ameniza a dor do doente, alimenta o que passa fome, cura o ansioso, bota um sorriso no rosto de quem só lhe pede que Vá.

'Vai, Corinthians', que nós vamos juntos. Vai e democratizaremos esse país, Vai e invadiremos o Rio de Janeiro, o Japão.

'Vai, Corinthians', ouve o brado do seu povo brasileiro tão sofrido. Vai do jeito que der, mas Vai, Corinthians.

'Quando a gente ama não mede esforço pra te ver jogar', diz a fiel. E não duvide, Corinthians, apenas Vai.

'Vai, Corinthians' grita o empresário para o mendigo, grita a patroa pra empregada, grita o evangélico para o ateu, grita o favelado para o milionário, grita o garoto para o idoso.

'Vai, Corinthians' grita a fiel na hora do gol, grita a fiel quando perde um jogo e grita a fiel apenas por gritar.

Mas o que é 'Vai, Corinthians' afinal?

Não sei, tente você daí dizê-lo. Grite aí agora 'Vai, Corinthians'. Ou então olha para o céu e suplica baixinho de olhos fechados 'Vai, Corinthians.'

Se sua alma não se arrepia, você realmente não merecia ser Corinthiano.

Vai, Corinthians.

Sim, usei DNA porque é o termo da moda pra estilo de jogo.

Discordo, mas aceito. A questão é que dá pra jogar bem, mesmo sendo defensivo.

Não, ultrapassado. Eu entendo quem discorda, mas como eu escrevi, dá pra jogar defensivamente e jogar bem

A década mais gloriosa da história do Corinthians foi marcada, salvo raras exceções, pela: solidez defensiva, grande aproveitamento das oportunidades de gol e poder de crescimento em jogos grandes. Foi assim no Brasileirão de 2011, Libertadores e Mundial de 2012, Brasileirão de 2017 e diversos Campeonatos Paulistas no período. A citada exceção fica com o Brasileirão de 2015, quando Tite deitou e rolou nos adversários, um time que, esse sim, jogava bonito, com posse de bola e ofensividade.

Em 2019, trouxemos Carille, sonhando que ele fizesse o mesmo milagre de 2017. O treinador, não sei exatamente o porquê, se mostrou completamente perdido e até tardou a ser demitido, por pouco não ficamos fora da Libertadores.

Eis que a diretoria, e até grande parte da torcida, decide que 2020 é o ano da mudança. O jogo pautado na defesa já não é o bastante, é necessário uma revolução no Corinthians, uma mudança no DNA para que possamos disputar títulos grandes novamente.

Contratamos Tiago Nunes, com a expectativa de que implementasse no Corinthians o modelo adotado no Patético Paranaense. Os 3 ou 4 primeiros jogos passaram a impressão de uma mudança positiva, a expectativa de que haveria ali um time envolvente que dominasse completamente o adversário. Não mais que 3 ou 4 jogos depois, uma queda gritante no desempenho da equipe e resultados cada vez piores. Para sorte de Tiago, o campeonato foi paralisado.

Pois bem, era necessário um milagre para a classificação às quartas de final, passando, principalmente, por 2 vitórias contra os 2 Guaranis do estado...

É, o Coringão é foda. O time do pacto com o capeta, mais uma vez, bota a camisa na balança e vai para o jogo. Chega, inclusive, à final. O atípico resultado contra o time da Crefisa todos sabem.

Mas o que importa é: chegamos à final no nosso famoso 1x0 e fecha a casinha. Evidentemente, as atuações foram horrorosas, mas suficientes para o que almejávamos. Ora, tentamos mudar bruscamente nosso estilo e deu merda, voltamos para o estilo anterior e deu certo.

A pergunta que fica é: afinal, precisa mudar?

Que fique claro, não peço aqui que joguemos feio como os último jogos, longe disso. É absoluta e comprovadamente possível se apoiar no sistema defensivo, jogar muito bem e conquistar tudo. Ou alguém se atreve a dizer que os Corinthians de 11,12 e do primeiro turno de 17 jogavam mal? Pelo contrário, contra o Noroeste ou contra o Real Madrid, jogaríamos da mesma forma, equilibrados, muito sólidos na defesa e, sem correr riscos, mataríamos o jogo aproveitando 1 ou 2 oportunidades das 4 ou 5 que surgiriam.

Não me esqueço do Corinthians 3x1 Sport, em 2017. Eu estava lá e fizemos MAIS GOLS DO QUE FALTAS.

Resumindo: QUERO MEU DNA DE VOLTA, o meu DNA que ganhou tudo JOGANDO BEM, SIM! Para provar, maaaais uma vez, que nós conseguimos nos impor sobre o adversário, mesmo que jogando defensivamente e, além de tudo, deixando o peso da camisa fazer o resto.

Vai daí, Tiago Nunes.

Pontos positivos depois de tomar uma virada em 15 minutos? Sim, nem tudo são lágrimas. Eu, particularmente, sou fã do futebol do Mateus Vital. Ele, com certeza, não é a cara do Corinthians, não dá carrinhos, não vibra, mas joga muita bola, não à toa era figura carimbada nas seleções brasileiras de base. Vital foi fundamental no nosso segundo gol; limpou 2 ou 3 adversários e achou Jô, que fez aquilo que todos viram... O jovem, infelizmente, nunca teve a chance de joga ruma sequência de jogos, porém, nesse ano de 2020, nessas poucas oportunidades que teve já mostrou que agrega muuuito ao time. Além disso, como é bom, ENFIM, ver Ruan e Gabriel Pereira tendo uma chance. Obviamente, Tiago os colocou numa fogueira do #$!@% e nenhum dos dois conseguiu demonstrar o potencial que têm, mas a simples estreia de ambos já é um alento, principalmente Gabriel, que atua numa posição muuuito carente no clube.

Enfim, poderia me estender aqui, dizendo como gosto do Gabriel, nosso volante mordedor, ou então elogiando a melhora ofensiva que Sidcley dá ao time, ou então o equilíbrio que Ramiro dá ao time. Mas vou parar por aqui, hoje não é dia de exaltar tantas virtudes, depois de uma derrota amarga como a de ontem.

Vai, Corinthians.