Incomum até para gestões passadas, contrato de Mano Menezes é mais um absurdo assinado por Duílio
Opinião de Jorge Freitas
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Mano Menezes não é mais o treinador do Corinthians.
Depois de quatro derrotas seguidas, a zona do rebaixamento do Paulistao e o fim de tabus da Neo Química Arena para Bahia, Internacional e São Paulo, o ex-treinador de futebol poderá curtir sua aposentadoria, se assim desejar, com uma bolada de quase uma dezena de milhões em sua conta.
Especula-se que Mano Menezes levará em torno de 9 milhões de reais do Corinthians, além, claro, do salário já recebido pelos seus meses de trabalho ruim.
Mano, aliás, estava perto de alcançar um feito raro pela quarta vez com o Timão, pois já havia ficado fora da fase de mata-mata do Campeonato Paulista outras três vezes, em 2008, 2010 e 2014, e caminhava fortemente para ser desclassificado nesta temporada.
O curioso, no entanto, é a peculiaridade do contrato do ex-treinador com o Corinthians. Isso porque, durante toda a gestão Duílio, nenhum comandante obteve um vínculo tão longínquo. O maior deles foi Sylvinho, que chegou em maio de 2021 com contrato, também interrompido, até dezembro de 2022.
Ressalta-se que o grupo que comandou o Corinthians até o ano passado tinha um modus operandi bastante regular de não assinar contrato com treinadores além do término do mandato, salvo se assim requerido pelo candidato a sucessor do grupo. Foi assim que o próprio Mano saiu ao fim de 2014 apesar do bom trabalho de reconstrução, pois não era o preferido de Roberto de Andrade, favorito para sucessão de Mário Gobbi.
Até mesmo Tite, ao final de 2011, só teve o contrato renovado para vencer a Libertadores e o Mundial com aval de Gobbi, favorito a presidir o clube no triênio seguinte (à época, a eleição era em fevereiro). Já quando voltou, em 2015, assinou contrato de três anos, com fim idêntico ao período de mandato do favorito à eleição - e posteriormente eleito presidente - Roberto de Andrade.
E aparentemente isso se seguia com a gestão Duílio, afinal, tanto o contrato de Cuca quanto o de Luxemburgo, assinados no primeiro semestre do ano passado iriam até dezembro de 2023, garantindo a autonomia do próximo presidente em escolher seu treinador sem necessidade de quebra de contrato e, por conseguinte, pagamento de multa contratual.
Entretanto, quando a eleição parecia se encaminhar para uma alternância de poder, o ex-presidente optou por alterar o estilo até então hegemônico e ofereceu 26 meses de contrato a Mano Menezes, justamente o treinador que ele mesmo afirmou que jamais trabalharia em conjunto no clube.
Vale destacar que Mano nunca foi colocado como prioridade pelo então candidato a presidente Augusto Melo e jamais foi unanimidade para a torcida corinthiana.
Então, qual foi o objetivo ao assinar um contrato com moldes inéditos a dois meses da troca de comando no clube, ainda mais para o treinador até então rejeitado pelo presidente e por um de seus dirigentes de confiança?
Na transição anterior, Andres Sanchez chegou a contratar Vagner Mancini nos últimos meses de sua gestão com contrato até dezembro da primeira temporada de Duílio, mas este era homem forte do futebol de Sanchez e favorito a ganhar a eleição. E mesmo assim, os 14 ou 15 meses oferecidos a Mancini ficam bem abaixo dos 26 presenteados a Mano Menezes.
Antes, Sanchez trouxe Tiago Nunes com acordo também até o fim de seu mandato.
Salta aos olhos a diferença deste contrato de Mano Menezes com os demais, exatamente quando se desenhava uma vitória da oposição nas eleições presidenciais depois de mais uma década.
É impossível não se revoltar com tamanha "desgestão" contra o clube.
Nem se questionar:
Qual o objetivo, afinal? Ajudar o Corinthians certamente não foi.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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