A cada coletiva, uma nova incoerência
Opinião de Andrew Sousa
3.4 mil visualizações 53 comentários Comunicar erro
Dos "benefícios" de trabalhar com o dia a dia do Corinthians, estar por dentro de tudo que é dito pelos personagens do clube é um dos que mais gosto. Em uma roda de torcedores, nunca estou desinformado sobre a repercussão da equipe após uma vitória, derrota, classificação ou eliminação.
Nos últimos dias, porém, eu preferia não ter de assistir às entrevistas de Fábio Carille. A cada coletiva, mais incoerências para a conta do comandante. Nesta quinta-feira, mais aspas questionáveis - sobretudo por tudo que ele já disse durante a temporada.
Faltam peças
Em novo jogo de poucas oportunidades criadas pelo setor ofensivo, Carille justificou a falta de chances criadas pela ausência de um reforço de peso para atuar ao lado do centroavante - Boselli, mais precisamente. Segundo a fala do comandante, o atual plantel não tem opções que "pisam na área e decidem jogos".
No futebol, porém, o básico é: trabalhar da melhor forma possível com o que se tem. Como creditar o deserto de ideias que é o Corinthians a falta de um único nome? Não é dever do treinador achar alternativas para tirar mais de quem já está no elenco?
A declaração, cabe ressaltar, veio após a equipe ser amplamente dominada pelo Athletico Paranaense com nove reservas e nomes questionados como Marcelo Cirino entre os titulares. Como Tiago Nunes consegue sem um Rodriguinho, um Roger Guedes ou um Gabigol? Isso sem citar a aula do modesto Del Valle na Arena...
Cadê o equilíbrio?
Se hoje Carille aponta as deficiências do seu elenco coletiva atrás de coletiva, meses atrás o discurso era diferente. Pouco depois de chegar ao Timão, o comandante agradeceu a diretoria pelo excelente mercado e disse ter o plantel mais equilibrado de todo seu tempo como técnico do clube.
Aqui, podemos ressaltar que, assim como Duílio Monteiro Alves reafirmou nesta quinta-feira, todos os atletas trazidos foram pedidos do próprio comandante. Ou seja, foi ele quem pediu Boselli, que, na sua versão, é preterido pela característica que não casa com a equipe; foi ele que pediu Régis, seu nome de confiança que ficou três meses sem jogar mesmo após uma boa intertemporada.
Carille também encheu Matheus Jesus de elogios e, atualmente, parece ter o colocado no fim da fila - Renê Júnior, que estava fora há mais de um ano, entrou no embate contra o Athletico Paranaense.
Falta, então, capacidade de extrair mais do elenco que ele mesmo montou. Se hoje falta gente em posição x ou y do esquema ideal, é porque a janela foi mal planejada - entendo que falta dinheiro, mas estamos falando de característica e não qualidade. Se o foco sempre foi um nome "estilo Rodriguinho", que trouxesse alguém com essa capacidade tática.
O Corinthians pode mais com o material humano que tem. Usar a falta de um ou dois jogadores como justificativa para a falta de títulos é aceitável, mas para a completa falta de ideias não. Um técnico de futebol precisa trabalhar da melhor forma possível com o que tem à disposição e não se apoiar no que não tem para render tão pouco.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
Avalie esta coluna
Veja mais posts do Andrew Sousa