Qual é a precisão do VAR para lances de impedimento?
Opinião de Danilo Augusto
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Para entender o VAR precisamos voltar atrás e refletirmos que o "V" de VAR vem de vídeo. E como se faz um vídeo? Com uma sequência de imagens. Precisamente, o que vemos nos canais de TV são 30 imagens por segundo. Cada uma dessas imagens são chamadas de "frames".
No lance abaixo veremos três frames. Um desses será escolhido para definir se a jogada foi ou não impedimento. Quem define isso não é um computador. É um humano. E repare que na diferença de dois frames Fábio Santos dará ou não posição de impedimento ao jogador do Flamengo.
O simples fato da necessidade de escolha de frame já questiona a precisão do VAR, mas o problema é pior que isso. Como 30 imagens formam um segundo, cada frame representa um congelamento de 33 milésimos de segundo. Isso parece ótimo, mas não é nada na escala do esporte.
Em 33 milésimos de segundo (o tempo de um frame) um jogador de futebol consegue se mover cerca de 20 a 30 centímetros. Isso é o bastante para anular ou não um lance de impedimento.
Um fotógrafo, que precisa congelar um movimento com precisão nítida, chega a configurar seu equipamento para capturar a imagem em 1 segundo dividido por 1250, ou 0.8 milésimos de segundo (40 vezes mais rápido que a imagem da TV). Com muita luz e uma lente clara rola dividir um segundo por 2500, até mais.
No atletismo, Usain Bolt chegava a correr 12.1 metros por segundo, ou 41 centímetros a cada frame de TV. Então, para decidir o vencedor de uma prova com precisão, é usado o "Photo finish", um sistema que capta imagens da linha de chegada a cada 0.5 milésimos de segundo. O Photo Finish tira 2.000 fotos por segundo. São 66 vezes mais imagens do que o VAR.
Agora, no segundo lance do mesmo gol validado, que frame deveriam utilizar?
O VAR, pelo que parece, escolheu a segunda imagem.
E aí? Cancela o VAR? Não!
Antes do VAR havia erros absurdos como o gol contra o Corinthians feito pelo Santos, com três lances de impedimentos seguidos.
Ou o gol mal anulado do Jô, contra o próprio Flamengo, em 2017. Um erro de 3.3 metros que jamais seria cometido com o uso de VAR.
A conclusão que temos que tirar com isso é que o VAR é, sim, passível de falhas, mas provoca menos erros do que havia no passado.
E qual é a solução?
Na minha opinião, é necessário mais tecnologia. Câmeras de 480 frames por segundo. Laser na linha de fundo, câmeras em mais pontos do campo sincronizadas a nível de relógio atômico, e por aí vai.
Enquanto houver margem de erro, vai haver discussão.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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