Luxemburgo subverte significado de saber sofrer para esconder a própria incompetência
Opinião de Jorge Freitas
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O Corinthians vive o momento mais fora da realidade de seus últimos tempos. Depois de levar um vareio de bola e fazer um time mediano do Campeonato Argentino parecer o Manchester City, o time não treinado por Vanderlei Luxemburgo chegou aos pênaltis e alcançou pela segunda vez em sua história as semifinais da Conmebol Sulamericana.
Durante 90 minutos mais acréscimos, foram 30 chutes ao gol de Cássio, contra apenas sete à meta de Andújar (apenas uma efetivamente ao gol). Além disso, 64 a 36% de posse de bola, 622 a 368 passes e 7 escanteios a 2, sempre a favor dos argentinos. Tudo isso depois de ser eliminado sem encontrar a bola no jogo de volta da Copa do Brasil.
Péssima partida? Não para Luxemburgo, que acaba de subverter o discurso do "saber sofrer", ao utilizá-lo para esconder sua própria incompetência e falta de capacidade de armar um time minimamente competitivo para os padrões atuais de futebol.
O corinthiano ouviu muito falar de saber sofrer na época de Tite e Fábio Carille. No entanto, a diferença clara é que na grande maioria daqueles jogos, o time se defendia com qualidade, sempre com dobras de marcação, bem fechado, dando poucas opções de chute para o adversário e matando o jogo em um ou dois ataques. Nessa época, "saber sofrer" era ver o jogo com a impressão de que o time iria vencer ou alcançar a classificação ao término dos 90 minutos.
Ontem, o corinthiano teve que saber sofrer não pela chance de eliminação, mas por ver como o futebol do clube é mal tratado, bagunçado, cheio de buracos, um dos piores conjuntos táticos que já entraram em campo em toda a sua história. Com isso, vai se confirmando a cada jogo como o Corinthians é mal treinado, sem padrão de jogo definido e aposta suas fichas ou numa bela atuação de Renato Augusto ou em uma noite inspirada de seu goleiro para "saber sofrer".
Aliás, se tem alguém que tem sabido sofrer ultimamente é a Fiel Torcida, que é obrigada a ver um clube gerido por Duílio, com um futebol comandado por Alessandro Nunes e treinado por um senhor à margem da realidade atual, Vanderlei Luxemburgo.
Que lota o estádio para ver nomes eternos como Gil, Fabio Santos e Fagner.
Que vê seu time desmanchando no meio de uma temporada, mesmo com chance de títulos em mata-mata e de rebaixamento no Brasileirão.
Que escuta sobre a possibilidade da volta de Andres Sanchez à direção do clube.
Que se acostumou com rivais disputando títulos ao mesmo tempo em que seu time coadjuva.
E, mesmo assim, jamais deixa de apoiá-lo.
Mas segundo o pofexô, é tudo estratégia.
Ninguém há de duvidar que um dia o veremos falar sobre seu pionerismo em se utilizar estrategicamente das traves para avançar fora de casa em uma competição continental.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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