Tite no Corinthians: a estratégia de quem não sabe o que fazer
Opinião de Jorge Freitas
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Não precisei viajar no tempo para entender que tudo isso aconteceria, bastou apenas uma pitada de lucidez em meio ao mar de incompetência que paira na diretoria corinthiana e que, por vezes, é corroborada por parte da imprensa e de torcedores.
Ocorre que, infelizmente, quando se chega ao poder por politicagem e amizade e não por competência, torna-se comum o uso de estratégias absurdas, típico daquele que não sabe o que fazer e acaba por enfiar os pés pelas mãos.
Desde a contrtação de Luxemburgo até a sua demissão, nesta quarta-feira, Duílio teve pelo menos quatro grandes momentos em que poderia ter se dado conta do erro que cometeu ao trazer o treinador de ideias ultrapassadas. Poderia, principalmente, ter mudado o comando após o terrível jogo contra o Estudiantes na Argentina, que acabou tendo como herói a trave, mas preferiu desperdiçar mais um período de treinamentos (Data-Fifa) não por teimosia (agora está óbvio), mas por não saber o que fazer na reta final do seu lamentável mandato.
Ontem, com a velocidade de um caracol, acordou para a vida e resolveu trocar o comando, mas de uma forma estranha, como tudo o que acontece no Corinthians. Infelizmente, mais uma vez, corroborada por boa parte da torcida e da imprensa, que estava eufórica em razão da possibilidade de ter de volta o maior treinador da história do clube, Tite.
Acontece que no Corinthians a estratégia é sempre daquele que não sabe o que fazer e a demissão de Luxemburgo exatamente quando se fortaleciam as conversas de que Tite estaria fechando com o Flamengo servem apenas como cortina de fumaça para esconder a incompetência da diretoria não somente no planejamento da temporada, mas também nos bastidores do mundo do futebol.
Imagina se Tite fecha com o Flamengo enquanto o Corinthians tem Luxemburgo no cargo? O custo político para uma chapa que busca permanecer no poder seria incalculavelmente ruim. Com a demissão de Vanderlei e a busca por um novo treinador, jogou-se a bomba na mão do ex-treinador da seleção brasileira, que pode ser tratado como traidor caso prefira ir ao Flamengo a voltar ao Corinthians.
Em outras palavras, Luxemburgo merecia ter sido demitido há muito tempo, mas não o era porque a diretoria não possuia qualquer estratégia para encontrar um substituto. Com Tite próximo do Flamengo e Luxemburgo no cargo, as críticas às diretorias seriam certas. Sem Luxemburgo, divide-se a culpa com Adenor, e usa-se o discurso do "tentamos, mas ele não quis".
É claro que boa parte da torcida se iludirá com este conto, isentará o presidente e culpará o treinador.
O fato é que mais uma vez a diretoria se mostra sem saber o que fazer. Perdida, troca de comando às vesperas do jogo mais importante da temporada, sendo que deveria ter feito isso há muito tempo. Uma lambança atrás da outra no último ano de mandato de Duílio Monteiro Alves.
Este texto é de responsabilidade do autor e não reflete, necessariamente, a opinião do Meu Timão.
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