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Por que esses três clubes da Série A podem ajudar Corinthians
Lucas Faraldo

Editor e apresentador no canal do Meu Timão no YouTube

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Por que esses três clubes da Série A podem ajudar Corinthians

Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Análise de Lucas Faraldo

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Hoje existem na Séria A do Campeonato Brasileiro três times cujas torcidas têm participação democrática no dia a dia do clube. Segue um resumo de como funciona a participação de torcedores tricolores e colorados nas eleições de Bahia, Grêmio e Internacional (e depois uma explicação sobre onde o Corinthians e o Fiel Torcedor podem entrar nessa história).

No Bahia, o torcedor:

  • vota para presidente, conselho deliberativo e em todas as assembleias gerais;
  • precisa ser sócio-torcedor há no mínimo um ano;
  • precisa estar em dia com as mensalidades.

No Grêmio e no Internacional, o torcedor:

  • vota para presidente e conselho deliberativo;
  • precisa ser sócio-torcedor há no mínimo um ano no Internacional e dois anos no Grêmio;
  • precisa estar em dia com as mensalidades.

Para se inspirar nesses clubes e tirar algum proveito de modelos já existentes, é claro que o Corinthians tem de considerar suas particularidades. Algumas dificultam a implementação desse sistema de eleição nos moldes do trio citado; outras, entretanto, exigem que a discussão séria entre dirigentes e conselheiros ocorra já nesta próxima gestão.

Por que é difícil imaginar o Corinthians nos mesmos moldes de Bahia, Internacional e Grêmio?

  • O Corinthians tem um clube social. Ou seja, um espaço para confraternização e prática de esportes amadores para associados (geralmente moradores da região), com restaurantes, piscinas, eventos particulares, etc.
  • O Corinthians disputa outras modalidade profissionais além do futebol. Ativos atualmente, os times de futsal, basquete e natação, por exemplo, lutam por títulos e medalhas não só hoje mas historicamente no cenário nacional, fazendo jus ao nome, do inglês, "Clube Esportivo" Corinthians Paulista.

Praticamente nada disso existe na dupla gaúcha ou no Tricolor Baiano. O Grêmio até tinha piscinas no antigo estádio Olímpico, mas simplesmente deu de ombros pra isso quando trocou pra Arena. O Internacional até tem o Parque Gigante, uma área de lazer com piscinas, quadras e quiosques, mas exige associação independente do clube de futebol. E o Bahia promove eventos para seus sócios-torcedores, antes dos jogos, em espaços públicos.

O tema no Corinthians, portanto, é mais espinhoso e a discussão pode passar até pela separação ou não do futebol do resto do clube - e assim vamos, enfim, para a particularidade corinthiana que aumenta a exigência por uma revolução estatutária no que tange às eleições.

Por que a exigência pela democratização das eleições não pode mais esperar?

O Corinthians se tornou uma marca bilionária com a Neo Química Arena. E mesmo sem ela já era uma marca de centenas de milhões de reais. Quem diz isso é a Forbes, que apontou o Timão como segundo time mais valioso das Américas. E tudo isso graças à torcida.

Até a década de 80, a principal forma de receita dos clubes era a bilheteria. Quando surgem os patrocínios e os direitos de transmissão de TV, clubes como Corinthians e Flamengo seguem levando óbvia vantagem em potencial de faturamento por terem mais público-alvo para as marcas e emissoras.

Se hoje o Corinthians é o que é nos cenários nacional e internacional, é por causa do Corinthians de Itaquera. E até outro dia do Pacaembu. Antes, do Morumbi; etc. São as casas do Timão. É onde a torcida se encontra. É onde está o clube de potencial bilionário.

O Corinthians do Parque São Jorge, infelizmente, é hoje o Corinthians que deu prejuízo de mais de R$ 100 milhões se somados os déficits de 2018 e 2019; e até setembro de 2020 fechava o atual exercício em mais R$ 42,6 milhões negativos. Onde vai parar?

Balanço do Parque São Jorge aponta déficits de R$ 42,6 mi, R$ 32 mi e R$ 61,5 em 2020 (até setembro), 2019 e 2018; na linha de baixo, o resultado geral (PSJ + futebol)

Balanço do clube social e esportes amadores mostra a bola de neve. De junho/2020 a setembro/2020: déficit saltou de R$ 32 mi a 42,6 mi; em 2019, déficit foi de R$ 61,5 mi

Reprodução/Corinthians

Pergunta retórica. Até porque não sei onde vai parar. Mas é esse Corinthians do Parque São Jorge, hoje claramente desgovernado, que decide o presidente "dos Corinthians". Inclusive o de Itaquera. Já era absurdo antes da Neo Química Arena. Agora é inimaginável.

Juntos, os menos de 3 mil sócios que decidiram o futuro do Corinthians no último sábado não ocupariam sequer um terço do setor Norte da Arena. É muito pequeno.

O estatuto precisa se atualizar. Porque o Corinthians é muito grande.

Por fim: o ponto de partida pra essa mudança jamais partirá de quem já está no poder, seja como presidente ou conselheiro. Cabe ao torcedor (comum ou organizado) levar incansavelmente essa pauta à frente com bandeiras, gritos, protestos, campanhas, hashtags... Vale tudo pra colocar o Corinthians em rumos mais democráticos.

Veja mais em: Eleições no Corinthians, Parque São Jorge, Neo Química Arena, Presidentes, Duílio Monteiro Alves, Torcida do Corinthians e Fiel Torcedor.

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Coluna do Lucas Faraldo Knopf

Por Lucas Faraldo Knopf

Jornalista pela ECA-USP e ex-Esporte Interativo, Jovem Pan e Lance!. Hoje trabalha no Meu Timão. Autor do livro 'Impedimento - Machismo, racismo, homofobia e elitização como opressões no futebol'.

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    @bernardo.sa em

    Que inveja boa desses clubes!

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    @enzoauditore em

    Já é tempo, torcedor do Corinthians deixa de comprar pra casa pra colocar dinheiro no clube (sócio torcedor) é o mínimo que administração do Corinthians deveria fazer mudar o estatuto e dar ao povo o voto de escolher nas próximas eleições do clube.

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    120º. @ronald.graff em

    Era só juntar a torcido e fazer protesto na sede do clube contra 'os que mandam' igual eles cobra jogador, ou cobravam...

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    119º. @wladmir.gf em

    Perfeito. E ainda tem quem seja contra. Acho que vai precisar desenhar.

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    Paulo 339 comentários

    118º. @paulo.curtin em

    Essa era a proposta do candidato Melo, além disso ele tinha como proposta a responsabilidade fistal dos governantes. Infelizmente hoje o clube tem praticamente um dono: Andrés e sua quadrilha, e a torcida já não é atuante como no passado. Literalmente alguém salve o Corinthians dessa quadrilha e de torcidas organizanas oportunistas. Isso não é mas Corinthians.

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    Giovani 15 comentários

    117º. @giovani.batista.de.2 em

    Sempre achei isso que o Corintihans precisa mudar o seu estatuto porque a panela e corrompida a muitas décadas, deveríamos implantar o modelo mais democrático para que as porta do clube podecem se abrir mais para o seu torcedor que mora em lugares mais vulneráveis, e assim conseqüentemente, gerar altos lucros para seu caixa, trazer o torcedor mais para acompanhar o time de perto acho que falta interesse dos marqueteiros para elaborar um plano mais vantajoso imagina nosso Corinthians com 600 mil de sócios torcedores pagando uma mensalidade de 50 reais, qual grande séria esse lucro, aproximadamente de 10 milhões mensais, 120 milhões anuais somos um clube de alto potencial econômico, mas nninguém parece se interessar nessas diretorias(no plural) por esse engajamento são realmente muito incompetente sem nenhum nível de administração.

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    Jose 209 comentários

    116º. @jose.luis.rodrigues2 em

    E tem mais: quem contrata Jonathan Cafu, Leo Nstel, Gustavo Mosquito?